Agricultores contam experiência com agroflorestas em Dia de Campo no município de Engenheiro Paulo de Frontin
Agricultores contam experiência com agroflorestas em Dia de Campo no município de Engenheiro Paulo de Frontin
“Sempre tive o ideal de cuidar um pouquinho mais do meio ambiente, e estava trabalhando numa área totalmente oposta a isso.” A frase é do agricultor Sakae Kagohara, produtor orgânico e proprietário do Sítio Cachoeira das Pedras Lisas, no município Engenheiro Paulo de Frontin, no estado do Rio de Janeiro, onde a Embrapa realizou, em abril, Dia de Campo sobre sistemas agroflorestais (SAFs). Sakae é um dos agricultores que participaram das ações do Programa Produtor de Águas e Florestas, uma parceria da Embrapa Agrobiologia com a Associação Pró-Gestão das Águas a Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (Agevap), a ONG Crescente Fértil e a Emater-Rio.
Engenheiro químico por formação, Sakae diz que em determinado momento de sua vida resolveu mudar completamente de área, em busca de uma melhor qualidade de vida e de saúde. Há oito anos ele adquiriu o sítio, onde inicialmente focou na produção de cogumelos shitake, expandindo depois também para café e milho, entre outras culturas. Em 2021, ele deu início ao SAF. “Quando iniciei, isso aqui era tudo pasto, a braquiária estava alta”, lembra. Três anos depois, o cenário é outro: árvores altas, sombra, frutíferas.
O segredo, conforme contam também outros agricultores, é cuidar do manejo e fazê-lo adequadamente, no momento certo. “Quando o manejo é correto, a gente vê uma sincronia do sistema. E essa parceria foi muito importante porque era uma troca de experiências que a gente precisava ter, para aprender”, diz o agricultor Danilo Galvão.
“A ideia era observar o potencial do SAF também como estratégia de restauração florestal, mas com um caráter produtivo, que fosse mais inclusivo para a pessoa que vive no campo”, acrescenta Renato Fernandes, biólogo e técnico ambiental da Crescente Fértil, destacando que o resultado é também um produto dos produtores rurais que fizeram parte dessa construção conjunta.
Interação de todos os atores
O analista da Embrapa Agrobiologia Vinícius Freitas reforça o aspecto positivo da troca de experiências entre os participantes do programa, e a ponta: “Em horta, o que a gente faz é entrar com o manejo superintensivo, irrigação pesada, muita adubação e muita cobertura. A estratégia é começar em pequenos pedacinhos e ir avançando. O que ficou aqui é realmente a experiência acumulada, que deu certo.”
Para o pesquisador Guilherme Chaer, essa interatividade entre as instituições e os agricultores foi aspecto-chave para que o projeto alcançasse um saldo positivo. “Funcionou muito interativamente, visitamos as propriedades, os agricultores, analisamos o perfil de cada um, as ideias do que queriam fazer, fizemos propostas que depois foram ajustadas e participamos um pouco da implantação. Este aqui é um caso de sucesso, tá muito legal e a gente fica muito feliz ao ver como está bonito e começando a dar frutos”, ressalta.
“O importante é a gente orientar o que vai ser feito da terra a partir do que é possível no momento”, adiciona o pesquisador Luiz Fernando Duarte, ao falar das determinações do Novo Código Florestal para o plantio de espécies nativas e exóticas, uma das preocupações na montagem do SAF. Ele ressalta ainda a importância de o poder público abraçar a ideia e incentivar os agricultores, apontando as dificuldades que enfrentam. “Fazer agricultura já é um desafio. Quebrar paradigmas e mudar o que se faz tradicionalmente é um desafio ainda maior”, opina.
Representante da Emater-Rio no Dia de Campo, a técnica Maria Cristina Arantes sentencia: “Quando a gente fala de sistema agroflorestal em algumas propriedades de pequenos agricultores, a gente sempre brinca que o produtor de Paulo de Frontin sempre produz em área de APP (área de proteção permanente): ou está na beira do rio ou em uma área inclinada, ou ainda na beira da nascente. As áreas produtivas são muito pequenas, então se a gente não traz essa visão de produção de alimentos para consumo próprio dentro dessas propriedades, a gente deixa uma lacuna.”
Estudante de Engenharia Florestal e representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil do município, Ingrid Mattos mostra satisfação por ter participado da iniciativa e ver os bons resultados alcançados. “Foi extremamente enriquecedor participar de um projeto de agroflorestal com êxito na região, aprender sobre suas falhas e ajustes essenciais, além de desfrutar da gratificante oportunidade de trocar conhecimentos e experiências com outros participantes”, argumenta.
Liliane Bello (MTb 01766/GO)
Embrapa Agrobiologia
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Colaboração: Yasmin Alves (Estagiária de Jornalismo)
Embrapa Agrobiologia
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