A cafeicultura é uma das cadeias agrícolas mais importantes do país. No Ceará, a atividade se concentra no Maciço de Baturité, região serrana do Sertão Central. Para desenvolver e revitalizar a rota verde do café no estado, pesquisadores da Embrapa Agroindústria Tropical realizaram uma visita técnica à Embrapa Rondônia (Porto Velho, Rondônia) na semana passada. Na ocasião, a equipe da Unidade esteve em campos experimentais focados na produção de café canephora, no município de Candeias do Jamari (RO). De acordo com José Roberto Vieira, chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Agroindústria Tropical, a visita teve como foco levar conhecimentos para produtores e técnicos do Ceará sobre as tecnologias de produção do café canephora, variedade com características diferenciadas de alta produtividade e maior qualidade da bebida. “Como estratégia do Governo do Estado, que quer revitalizar a cafeicultura, estamos aqui com a proposta de levar esse café para as regiões serranas do Ceará e implementar uma nova maneira de produzir com um café diferente e com características diferentes para que, com isso, consigamos aumentar produtividade e rentabilidade, além de colocar o Ceará novamente no mapa de produção de café do Brasil”, complementa o chefe-adjunto. Atualmente, Rondônia é um dos maiores produtores de café do país. Em 2022, foram produzidas 201.504 toneladas de café canephora naquele estado. José Roberto apresenta os aspectos da cafeicultura rondoniense responsáveis por esse destaque: “A experiência acumulada de cafeicultura acumulada aqui [Rondônia] é maior que a dos últimos 50 anos. As cultivares que vêm sendo desenvolvidas aqui há muito tempo pela Embrapa e por produtores trazem uma experiência muito rica de tecnologia no desenvolvimento e na transferência dessa tecnologia”. Uma nova possibilidade para a cafeicultura no Ceará O café arábica é a variedade mais cultivada no Ceará. Em 2022, foram produzidas 1.274 toneladas da variedade no estado. Com o desenvolvimento da variedade canephora para as regiões de serra cearense, surge uma nova possibilidade para o fortalecimento da cadeia. De acordo com José Roberto, o café canephora apresenta características que tornam sua cultura vantajosa para o estado: “O manejo é diferente e a produção de mudas também. Com o arábica se produz mudas a partir de sementes, enquanto o canephora tem suas mudas produzidas a partir de galhos”, destaca. Além disso, a variedade amazônica tem bons atributos relacionados à qualidade de rendimento dos grãos, rendimento de massa dos frutos e tem sido trabalhada a resistência à pragas e doenças. A visita à Embrapa Rondônia e aos campos de experimentos da variedade canephora consiste apenas na primeira etapa das pesquisas. Os próximos passos visam gerar parcerias para o co-desenvolvimento de novas tecnologias para a cadeia produtiva do café no Ceará. Deverão ser instaladas unidades demonstrativas e de observação do café canephora no Ceará. As expectativas estimam um prazo de cinco anos para a realização da pesquisa.