Pesquisa brasileira avança na compreensão do bronzeamento letal em palmeiras nos EUA
Pesquisa brasileira avança na compreensão do bronzeamento letal em palmeiras nos EUA
O bronzeamento letal é uma doença bacteriana que mata mais de 20 espécies de palmeiras no sul dos Estados Unidos e no Caribe e tem devastado as indústrias verdes da Flórida por quase duas décadas. Esta doença vem provocando uma diminuição significativa nas palmeiras. Em uma recente descoberta realizada pela bolsista de pós-doutorado da Embrapa Meio Ambiente Jordana Ferreira, financiada pela Fapesp, durante seu pós-doutorado na Universidade da Flórida, sob a supervisão da pesquisadora Sônia Queiroz, avaliou-se que as palmeiras infectadas com o bronzeamento liberam altas concentrações de voláteis, que alertam as palmeiras saudáveis próximas sobre uma possível ameaça.
Conforme Ferreira, os resultados da pesquisa mostraram que as palmeiras infectadas, feridas ou estressadas liberaram compostos químicos voláteis como o E-2-hexenal e hexanal, fazendo com que as plantas saudáveis próximas ativem a produção de outros compostos como o 3-hexenal e Z-3-hexen-1-ol para potencialmente afastar a praga responsável pela doença.
“Plantas que não estavam próximas a plantas infectadas e sem nenhuma ameaça não liberavam esses voláteis. Esses resultados foram publicados na revista Plants, no trabalho intitulado Identificação de voláteis de folhas verdes liberados de palmeiras Sabal palmetto infectadas com o fitoplasma de bronzeamento letal.
Ainda de acordo com a bolsista, esses resultados são importantes porque trata-se do primeiro registro documentado desses voláteis de folhas verdes em palmeiras infectadas pela bactéria que causa o bronzeamento letal. “Foi observado que os voláteis produzidos pelas palmeiras possuem propriedades antimicrobianas", explica Ferreira. "Isso contribui para entender a epidemiologia do bronzeamento letal no campo. Além disso, esses voláteis naturais podem ser usados em novas formulações de bioinsumos para tratar as palmeiras ou para produzir estímulos às suas defesas”, acredita ela.
Para a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Sônia Queiroz, uma das maiores vantagens em avaliar os voláteis das palmeiras, a partir de amostras retiradas do campo é que os voláteis são produzidos nos estágios iniciais de infecção. E, quando observa que sintomas são perceptíveis, a remedição pode ser tarde. Por não ter um tratamento efetivo ainda, a solução encontrada tem sido a eliminação das plantas infectadas para evitar que as bactérias se espalhem. Atualmente, o tratamento nos EUA é realizado com um antibiótico sintético, a oxitetraciclina como prevenção, que, além de ser caro para o produtor, não tem o resultado satisfatório. Devido ao fato dos voláteis terem propriedades antimicrobianas, bioinsumos mais amigáveis ambientalmente poderão ser produzidos a fim de substituir os sintéticos utilizados.
Importância nos EUA
As palmeiras desempenham um importante papel no cenário do sul da Flórida nos Estados Unidos devido às suas várias contribuições ambientais, culturais e econômicas. Além da estética e paisagismo, que são muito fortes nessa região, as palmeiras contribuem como proteção contra inundações, adsorvendo a água de chuvas, reduzindo o impacto das enchentes, pois as folhas funcionam como bombas de sucção através da evapotranspiração dessas chuvas.
Isso é importante porque o sul da Flórida está inserido numa área pantanosa, no qual, a adsorção de água torna-se mais difícil devido à saturação do solo, acúmulo de água, baixa permeabilidade e alto nível freático.
Ainda, ressalta-se as condições climáticas ideais, como temperatura, umidade, ventos que favorecerem o cultivo de palmeiras nesta esta região. Entretanto, a espécie de palmeira nativa como Sabal palmetto vem encontrando sérios problemas com o espalhamento da doença bronzeamento letal transmitida pela cigarrinha Haplaxius crudus, que ao se alimentar nas folhas, caso esteja infectada pelo fitoplasma (uma espécie de bactéria), pode transmitir para planta. Em seguida, o fitoplasma se multiplica, causando o sufocamento no floema, e sucessiva morte da planta. Logo após os primeiros sintomas da doença, em poucos meses, a copa inteira morre, restando apenas o estipe, como mostra a foto abaixo.
Foto: Jordana Ferreira.
O trabalho completo de Jordana Ferreira (Embrapa Meio Ambiente); José Ramos (Nova Southeastern University); Débora Dutra (Embrapa Meio Ambiente); Brandon Di Lella, Ericka Helmick (Nova Southeastern University); Sônia Queiroz (Embrapa Meio Ambiente) e Brian Bahder (Universidade da Flórida), publicado em Plants 2023, tem acesso aqui.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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