31/07/23 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Projeto reestrutura núcleos de animais ameaçados de extinção

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Foto: Danielle Ribeiro Azevêdo

Danielle Ribeiro Azevêdo - O caprino Marota é dos grupamentos genéticos ameaçados de extinção.

O caprino Marota é dos grupamentos genéticos ameaçados de extinção.

Os núcleos de conservação dos grupamentos genéticos caprinos (Capra aegagrus hircus) Marota e Azul e dos ovinos (Ovis aries) da raça Santa Inês, da Embrapa Meio-Norte, instalados em Teresina e no município de Campo Maior, a 83 quilômetros da capital piauiense, estão sendo reestruturados para que alcancem níveis de excelência. A ideia é deixá-los em condições de “tirar os animais do risco de extinção”, com ações de pesquisa e de transferência de tecnologia. Hoje, somados, esses núcleos têm 148 animais. Não há informações oficiais sobre o número dos caprinos Marota e Azul e dos ovinos Santa Inês no Nordeste.

Um plano de requisitos de qualidade aplicáveis a recursos genéticos animais, dentro do projeto (em rede nacional) Implementação e Monitoramento de Requisitos de Qualidade em Recursos Genéticos Animais, Microbianos e Vegetais da Embrapa, (QUALIREGEN) já está em execução. Durante o desenvolvimento do plano há auditorias de verificação, onde são distribuídos aos núcleos os selos Cinza (Planejamento), Laranja (Preparatório), Vermelho (Básico), Verde (Avançado) e Azul (Excelência).

Nativo do Nordeste brasileiro

A pesquisadora Danielle Ribeiro Azevêdo, curadora dos núcleos de caprinos, ressalta que, “com o número de animais disponíveis hoje, é impossível difundi-los a produtores, ou mesmo fazer pesquisa”. Ela destaca que o objetivo maior da ação “é aumentar o número de animais para tirá-los do risco de extinção”. O passo seguinte, segundo a cientista, é devolvê-los ao ambiente deles, no semiárido. “E devolver com respostas quanto às suas características produtivas, pois hoje não sabemos quanto à produção de leite, de carne e de couro deles. Esse é o papel da pesquisa e da transferência de tecnologia”.

As informações precisas sobre o grupamento genético Marota é que ele é um animal rústico, nativo do Nordeste brasileiro, e que surgiu de uma seleção natural entre os caprinos introduzidos pelos portugueses no período da colonização. É um animal de pequeno porte, com peso médio de 36 quilos. Como têm origem no semiárido nordestino, se adapta bem a muito calor e a digestão de vegetais com baixo valor nutritivo, como folhas e ramos secos. Já a cabra Azul é descendente direta da cabra Serrana de origem portuguesa, de acordo com alguns pesquisadores.

Azul de pelos curtos

No entanto, a raça portuguesa tem pelos longos e o grupamento genético  brasileiro tem pelos curtos, adaptado ao forte calor do Nordeste brasileiro. Há controvérsia sobre a origem do Azul. Alguns pesquisadores garantem que este caprino é descendente de raças de origem africana. Ele é também muito rústico (o que reduz os custos de criação) e de tripla aptidão: carne, leite e couro. Assim como o Marota, o Azul se adapta ao calor nordestino e digere bem a vegetação nativa.

A Santa Inês é uma raça de ovelha sem lã desenvolvida no Brasil a partir do cruzamento das raças Morada Nova e a Bergamácia, esta italiana. Os animais têm alto poder de adaptação e valor reprodutivo. Segundo a pesquisadora Tânia Maria Leal, vice-curadora do núcleo de conservação da Santa Inês, essas características se destacam como uma “excelente alternativa na produção de carne para quase todas as regiões tropicais do Brasil, principalmente nas zonas semiáridas do Nordeste”. Ela destaca que esses ovinos têm um diferencial, pois “apresentam boa resistência a parasitas gastrointestinais, excelente qualidade de pele, além de um bom desenvolvimento ponderal”.

Liderado pela pesquisadora Clarissa Pires de Castro, da Secretaria de Desenvolvimento Institucional da Embrapa, o QUALIREGEN começou em março de 2021 e deve ser concluído em fevereiro de 2025. Hoje, o Sistema de Curadoria de Recursos Genéticos da Embrapa tem uma grande estrutura, com pelo menos 240 coleções, bancos e núcleos de conservação em 34 centros de pesquisa.

 

 

 

 

 

Fernando Sinimbu (654 MTb/PI)
Embrapa Meio-Norte

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