As recomendações de pesquisadores para o apoio às bioeconomias na Amazônia foram apresentadas no seminário “Uma agenda científica para o desenvolvimento sustentável da Amazônia”, nesse sábado (5), em Belém. Organizado pela Secretaria de Políticas Programas Estratégicos, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, o encontro compôs os Diálogos Amazônicos, evento que antecede a Cúpula da Amazônia. A apresentação ocorreu junto ao lançamento da publicação intitulada “Apoiando sociobioeconomias de florestas em pé e rios fluindo saudáveis na Amazônia”, de autoria de diversos especialistas que integram o Painel de Ciência para a Amazônia. Uma das co-autoras líderes do documento, a pesquisadora Joice Ferreira, da Embrapa Amazônia Oriental, lembrou que o conceito de bioeconomia envolve visões antagônicas. “Quando, em 2021, houve um fórum mundial sobre bioeconomia em Belém, os movimentos sociais fizeram um evento em paralelo para discutir esse tema a partir das perspectivas das populações locais”, lembrou. Para delimitar essa diferença, os autores propõem o conceito de sociobioeconomias amazônica como aquelas “baseadas na restauração e no uso sustentável de florestas em pé e rios fluindo saudáveis de modo a apoiar o bem-estar, o conhecimento, os direitos e os territórios dos Povos Indígenas e Comunidades Locais, assim como de todos os residentes da Amazônia e da comunidade global”. Nesse contexto, as populações que vivem e protegem esses ecossistemas são as que menos se beneficiam das economias amazônicas existentes. E a mudança nesse quadro passaria tanto por interromper as atividades responsáveis pela degradação de florestas e rios quanto estabelecer medidas para aumentar a demanda por produtos de alto valor e baixo impacto. “O Programa de Aquisição de Alimentos é um bom exemplo nesse sentido”, disse a pesquisadora. Ainda no mesmo dia, Joice participou do encontro que a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) promoveu para avaliar o andamento do relatório do estado da biodiversidade e dos serviços ecossistêmicos na Amazônia. O documento está em fase final de elaboração e recebeu as considerações do comitê científico, do qual a pesquisadora faz parte.