Cerca de duzentas produtores de pêssego estiveram reunidos para debater os principais fatores que afetam a cultura, principalmente neste início de safra. As reuniões técnicas foram realizadas nos municípios de Pelotas (RS), nos dias 9 e 10 de agosto, e em Canguçu (RS) e Morro Redondo (RS), nos dias 8 e 11, respectivamente, marcando o início do controle da mosca-das-frutas - uma das principais pragas da cultura na região. Durante os encontros, um tema importante abordado nas palestras diz respeito ao clima. Por demanda dos próprios produtores, o professor Julio Marques, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), explicou como as condições climáticas são formadas, em especial o El Niño. O fenômeno, que deve afetar a região na primavera, é caracterizado pela ocorrência de chuvas acima da média, mas, nessas condições, há menor probabilidade de ocorrência de outro problema: as geadas tardias. No entanto, segundo palestra do pesquisador Carlos Reisser Junior, da Embrapa Clima Temperado (RS), nos anos com a presença do fenômeno - que é cíclico - os registros mostram produção favorável ou desfavorável do pêssego, dependendo do tipo de chuva. “Ainda não é para se preocupar com relação a isso”, afirma Reisser. No dia 11 de setembro, a UFPel deve publicar estimativa mais detalhada da ocorrência de chuvas de outubro a janeiro. Márcio Guedes, extensionista rural da Emater/RS-Ascar, por sua vez, abordou a importância da correção da adubação e da acidez dos solos a partir de análises químicas e físicas para garantia da longevidade e qualidade do pomar, principalmente durante a implantação. Já o pesquisador Bernardo Ueno destacou a necessidade do controle preventivo da podridão parda - doença fúngica que afeta os frutos e que tende a se manifestar em períodos de maior umidade, como o que está sendo previsto para a primavera. Sistema de alerta para a mosca-das-frutas Segundo o pesquisador Dori Edson Nava, responsável pelas reuniões, além de reforçar orientações importantes para a condução dos pomares, o objetivo é preparar os produtores para o monitoramento da mosca-das-frutas, que deve começar no início de setembro. O trabalho, realizado desde 2011, consiste no monitoramento semanal e na confecção de boletins com a recomendação de práticas de controle adequadas à população de insetos em cada período. Geralmente, o pico da mosca-das-frutas ocorre no período da colheita. Para evitar que isso aconteça, a orientação dos técnicos é realizar o monitoramento e o controle químico, quando necessário, desde o início da safra, quando as populações de moscas ainda estão baixas. Durante a palestra, Dori explicou o ciclo de reprodução do inseto e indicou alguns produtos atrativos mais recomendados para o monitoramento, bem como as principais iscas tóxicas utilizadas. Sobre as reuniões técnicas A Reuniões Técnicas do Pessegueiro foram promovidas pela Embrapa Clima Temperado, em parceria com Emater/RS-Ascar, UFPel, prefeituras municipais de Pelotas e de Canguçu, Sindicato das Indústrias de Doces e Conservas Alimentícias de Pelotas (Sindocopel), Associação dos Produtores de Pêssego da Região de Pelotas (APPRP) e Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Pelotas (STR). Durante ato de abertura de reunião em Pelotas, estiveram presentes o prefeito de Pelotas em exercício, Idemar Barz; a engenheira agrícola da Secretaria de Desenvolvimento Rural de Pelotas (SDR), Rejane Jorge; o analista da Embrapa Clima Temperado Janni Haerter; o professor da UFPel Julio Marques; o chefe do escritório municipal de Pelotas da Emater/RS-Ascar, Francisco Arruda; o presidente do Sindocopel, Paulo Crochemore; o tesoureiro do STR, Celmar Raffi; e o representante da APPRP, Luís Carlos Portantiolo.