Novas cultivares podem reinserir o Mato Grosso do Sul como polo de produção de trigo tropical
Novas cultivares podem reinserir o Mato Grosso do Sul como polo de produção de trigo tropical
Foto: Silvia Zoche Borges
Estado que já teve 400 mil hectares com plantações de trigo, hoje tem apenas 30 mil ha.
Iniciativa faz parte do programa de expansão da cultura na região central, apoiado pela Embrapa e parceiros
A Embrapa Agropecuária Oeste (MS), em parceria com a Cooperalfa, está testando, já em fase final de validação, 17 cultivares de trigo, para aumentar a produção do cereal no Mato Grosso do Sul. Além disso, outras nove cultivares da Embrapa também estão sendo avaliadas para plantio no estado. O objetivo é tornar o estado novamente forte nesse setor, como nas décadas de 1970 e 1980, quando as lavouras de trigo ocupavam cerca de 400 mil hectares.
Hoje, essa área é de apenas 30 mil hectares. “É um bom momento para reinserir o trigo nos sistemas de produção agrícola, em Mato Grosso do Sul. O programa de expansão da área de trigo na região central do Brasil, lançado pela Embrapa Trigo (RS) mostra que há lugar para esse cereal. O objetivo não é substituir o milho na safrinha, mas sim melhorar o sistema de produção inserindo o trigo no plantio, que não se sustenta mais somente com a dobradinha soja-milho”, afirma o pesquisador Claudio Lazzarotto, da Embrapa Agropecuária Oeste.
Segundo ele, é possível ter menor custo e mais rentabilidade com o trigo. “Voltaremos a ser polo importante do cereal. Estamos verificando a adaptação de cultivares dentro do novo cenário para o trigo”, defende. Com manejo, local e época de plantio adequados, fala-se em produção acima de 60 sacas por hectare, como se chegou em experimentos na Embrapa Agropecuária Oeste no ano de 2022.
Lazzarotto dá alguns exemplos de municípios propícios para a produção de trigo tropical em MS, como Aral Moreira, Laguna Carapã, Rio Brilhante, Sidrolândia, Maracaju, São Gabriel do Oeste, Dourados e outros. A recomendação para o período de plantio do trigo é que não seja realizado antes de 20 de abril, para diminuir a possibilidade de aparecer a brusone, doença que se instala na planta quando há a soma de calor e alta umidade.
Em visita técnica realizada no dia 3 de agosto na Embrapa Agropecuária Oeste para cooperados da Cooperalfa, o pesquisador deixou bem claro: “Trabalhem com diversificação de culturas. Não pensem em janela de plantio. O sistema de produção é que tem que funcionar”, disse, exemplificando a inserção de culturas na safrinha, como milho, aveia, braquiária e trigo.
O engenheiro agrônomo Luan Pivatto, da Cooperalfa, fala que o Projeto com a Embrapa Agropecuária Oeste é o de segregação de cultivares em que há quatro tipos de farinha. “Nesse projeto, 100% dos materiais são voltados ao mercado de farinhas especiais”, afirma. Ele conta que o projeto foi criado para atender alguns segmentos do estado de Mato Grosso do Sul. “Surgiu a necessidade de pesquisas para saber quais cultivares se enquadram nas necessidades da indústria”, acrescenta.
Claudinei Turmina, engenheiro agrônomo da Cooperalfa há 18 anos, afirma que a parceria entre a cooperativa e a Embrapa em MS vai “garantir liquidez e preço mínimo”, para os produtores integrados no programa. O produtor rural Juarez Bolsani, que planta trigo há 15 anos, desde que morava em Fraiburgo, SC, está há cinco anos em Dourados. Nos últimos três anos, ele trabalha com lavoura de nove hectares dentro do projeto Embrapa Agropecuária Oeste e Cooperalfa. Bolsani conta que obteve resultado positivo na soja com os benefícios do trigo, inclusive da palhada que o cereal deixa no solo. “Conseguimos chegar a 96,4 sacas de soja por hectare em 2022”, comemora.
Sílvia Zoche Borges (DRT-MG 08.223)
Embrapa Agropecuária Oeste
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