Protocolo de certificação desenvolvido pela Embrapa segue parâmetros internacionais
Dando sequência ao projeto piloto estabelecido entre Embrapa Uva e Vinho e Associação de Produtores de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (APASSUL), começou em agosto a vistoria aos 11 viveiros associados e análises das plantas, que será realizada pela engenheira agrônoma Elisangela Sordi, contratada especificamente para esta atividade.
Depois de realizar um treinamento intensivo sobre o protocolo a ser adotado na vistoria, com Daniel Grohs, engenheiro agrônomo da Embrapa Uva e Vinho e coordenador do Programa Mudas de Qualidade, ela realizou a visita e a coleta de materiais nos viveiros e agora está na fase de análise das amostras. “A vistoria será uma etapa fundamental para garantir que as mudas produzidas por viveiristas selecionados tenham a possibilidade de ter sua qualidade rastreável pelos viticultores”, explica Grohs.
Ele comenta que há anos estavam tentando estabelecer uma estratégia para que mudas de variedades protegidas, como as da Embrapa, ou as de domínio público tivessem sua qualidade caracterizada, tanto em termos de morfologia como em sanidade e identidade dos matrizeiros que as originaram. “Este modelo já é implementado na cadeia de sementes, porém no setor de mudas esta é a primeira vez que está sendo testado e aplicado no Brasil”, explica. Além disso, ele complementa que é um modelo que se aproxima das certificações internacionais aplicadas por diversos países com tradição na vitivinicultura.
O protocolo de qualidade foi estabelecido pela Embrapa, que também ficará responsável pelas suas atualizações, apoio técnico e auditagem dos resultados. A APASSUL ficará responsável pela realização das visitas regulares ao viveiros, análises visuais e morfológicas de plantas matrizes e mudas, coleta para realização de análises laboratoriais de checagem de vírus e relacionamento com os viveiristas.
Para Jean Carlos Cirino, diretor executivo da APASSUL, essa iniciativa marca um importante passo rumo à excelência na produção de mudas. "Estamos entusiasmados com o lançamento deste projeto. A parceria com a Embrapa Uva e Vinho representa um compromisso conjunto em elevar os padrões de qualidade das mudas disponibilizadas para o setor produtivo. Acreditamos que essa abordagem trará benefícios tangíveis para os viticultores e fortalecerá ainda mais nossa indústria, proporcionando mudas de alta qualidade e confiabilidade, fundamentais para o sucesso de nossos agricultores", pontua.
A iniciativa dos viveiristas em qualificar a produção de mudas, buscando a união de esforços com a Apassul, instituição com mais de 50 anos, vai beneficiar todo o setor vitivinícola, na visão de Márcio Pacheco da Silva, supervisor do Setor de Implementação da Programação de Transferência de Tecnologia (SIPT) e responsável pela articulação da parceria. “Esta iniciativa trará reflexos imediatos também para pesquisa, pois para a Embrapa quanto mais estruturado for o setor mudas, mais rápido as novas cultivares estarão a disposição do setor produtivo”, avalia.
Viveiros que participam do Projeto Embrapa/APPASUL:
- AG3 Mudas (Flores da Cunha/RS)
- Ismael Andretta Produção de Mudas (Tangará/SC)
- RAR - Rasip (Muitos Capões/RS)
- Viveiro EB (Urussanga/SC)
- Viveiro Molon (Flores da Cunha/RS)
- Viveiro MP (Vacaria /RS)
- Viveiro Piantare (Nova Bassano e Viamão/RS)
- Viveiro Postay (Alto Feliz/RS)
- Viveiro Sinigaglia (Bento Gonçalves/RS)
- Viveiro Viecelli (Videira/SC)
- Viveiro Weber (Crissiumal/RS)
O Programa Mudas de Qualidade:
O Programa Mudas de Qualidade, coordenado pela Embrapa, foi criado em 2012 e forneceu material básico (mudas) com qualidade fitossanitária, genética e agronômica para formação das plantas matrizes (plantas doadoras dos propágulos utilizados na produção da muda) para os viveiristas. Também estabeleceu um protocolo de produção de mudas que resultou no padrão da muda de qualidade superior, além de manter um grupo de viveiristas em processo de acompanhamento técnico para melhoria da qualidade das mudas produzidas. Desde o início de 2023, estabeleceu uma parceria com a Associação de Produtores de Sementes e Mudas do Rio Grande do Sul (APASSUL) auxiliando na associação dos viveiristas que integravam Projeto Mudas de Qualidade a constituir um grupo organizado e independente, seguindo modelo de autocontrole da qualidade da sua produção. A APASSUL foi fundada em 1968 com o objetivo de consolidar a produção de sementes certificadas no Estado. Hoje conta com mais de 120 associados, entre produtores de sementes, obtentores vegetais, detentores de biotecnologia e entidades de pesquisa e desenvolvimento, trabalhando com 27 espécies além de uma grande gama de sementes de hortaliças.