"Menos é mais" - Este foi o título da intervenção realizada pelo pesquisador Marcos Botton, no Estande da Embrapa Uva e Vinho, durante a Tecnovitis 2015, realizada de 2 a 4 de dezembro na Comunidade Oito da Graciema, no Vale dos Vinhedos, em Bento Gonçalves. A abordagem chamou a atenção dos produtores para as consequências do uso excessivo de agroquímicos na cultura da videira. "As condições climáticas deste ano, com excesso de chuvas e um clima úmido e quente, têm deixado os produtores apreensivos. Muitos, com medo de perder a safra, têm intensificado o emprego de fungicidas e inseticidas, e isso não é bom, principalmente no caso dos inseticidas", pondera Botton. Segundo o pesquisador, essa atitude pode resultar em muitos prejuízos. A começar pelo aumento das despesas com a aquisição e os custos de aplicação. Botton ainda enumera como uma preocupação adicional o risco de desequilíbrios no parreiral. "O uso de agroquímicos além das recomendações técnicas para a cultura (veja orientação abaixo), ocasiona a eliminação de inimigos naturais de pragas importantes que estão presentes no vinhedo, aumentando a incidência de pragas secundárias como ácaros e cochonilhas, resultando na necessidade de se aumentar o número de tratamentos durante a safra e após a colheita", alerta o pesquisador. Mudas de videira foi outro tema abordado na feira. Numa ação conjunta com a Embrapa, os extensionistas da Emater orientaram os visitantes sobre a importância do uso de mudas de qualidade como ponto de partida para garantir a rentabilidade da produção vitícola. De maneira prática, com a apresentação de diferentes materiais, os agricultores puderam reconhecer as principais variedades de porta-enxertos e suas diferenças, além de mudas bem e mal formadas e os sintomas das doenças de madeira. A ação visou auxiliar os produtores na identificação de mudas de qualidade no processo de aquisição. Como parte da programação paralela à Feira, durante a manhã na sede da Embrapa Uva e Vinho, cerca de 500 produtores e técnicos de diversas regiões do estado conheceram a estrutura da empresa e as pesquisas desenvolvidas em Fitossanidade, Melhoramento Genético, Cultivo Protegido e Produção de Mudas. Destaque para as recomendações sobre o manejo de doenças da videira e as causas e controle da morte de plantas repassadas pelo pesquisador Lucas Garrido. Segundo o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Uva e Vinho e integrante da Comissão Organizadora, Alexandre Hoffmann, o evento superou as expectativas. A receptividade do público, o apoio dos expositores e patrocinadores e a integração dos parceiros fizeram toda a diferença, o que permite traçar uma grande perspectiva para a segunda edição do Tecnovitis, prevista para dezembro de 2017. "O formato dinâmico e a diversidade de atrações técnicas certamente trouxeram grandes benefícios aos produtores que participaram", constatou Hoffmann. A Tecnovitis 2015 se caracterizou pela inovação e tecnologia no setor, com destaque para o lançamento oficial de máquinas para colheita, desfolha e pulverização de sulfato de cobre, todas para o sistema latada. A feira, com a demonstração de produtos e equipamentos em estandes localizados junto ao vinhedo comercial da área, recebeu cerca de 7 mil visitantes, segundo dados da organização. A Tecnovitis é uma realização do Sindicato Rural da Serra Gaúcha, com o apoio da Prefeitura de Bento Gonçalves, Emater-RS/Ascar, Embrapa Uva e Vinho, Instituto Federal Rio Grande do Sul (IFRS) Campus Bento Gonçalves, Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro) e Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), entre outras entidades públicas e privadas ligadas à viticultura. Confira algumas orientações da equipe técnica da Embrapa: - Ao começar ou renovar seu parreiral, adquira mudas de qualidade em viveiristas licenciados pela Embrapa Uva e Vinho. - Ao adquirir as mudas, verifique visualmente o padrão sanitário e morfológico (ausência de necroses; calo da enxertia bem cicatrizado; raízes em um único nível, bem distribuídas e formadas). - Fazer a drenagem do solo caso seja necessário, pois a videira não tolera excesso de umidade nas raízes. - Fazer o tratamento de mudas antes do plantio com fungicidas e/ou Trichoderma para proteção de ferimentos na base e raízes da planta. - Utilizar composto orgânico na cova. - Após a poda de plantas, os ferimentos devem ser protegidos com fungicidas para evitar a infecção por fungos causadores do declínio e morte de plantas. Alerta: Nenhum produtor está isento da doença! - Neste ano de El Niño, com chuvas acima da média, reforçar o controle das doenças com fungicidas sistêmicos, de contato e fosfitos de potássio, mas sem excesso! Grande parte do não controle das doenças é resultante de uma má tecnologia de aplicação, pela falta de manutenção e regulagem do pulverizador. - Evitar o uso de produtos à base de cloro ou ácido peracético. Estes produtos eliminam todos os agentes de controle biológico, leveduras, bactérias e fungos benéficos, presentes sobre a superfície da planta, que contribuem para que as doenças não se tornem uma epidemia. O seu uso prolongado pode deixar a planta suscetível a esses e outros patógenos. - Reduzir ao máximo o emprego de inseticidas, principalmente os piretróides pelo risco de desequilíbrio para pragas secundárias. - Programar para a próxima safra o tratamento de inverno com calda sulfocálcica. - Atentar para a importância de se manter as folhas da parreira sadias após a colheita com o objetivo de melhorar o acúmulo de reservas para a próxima safra. Informações adicionais: Manejo de pragas e doenças Avaliação visual da qualidade de mudas Fotos: Visitação de produtores no estande da Embrapa Prefeito Guilherme Pasin visita o estande da Embrapa Equipe técnica da Emater repassa informações sobre mudas de qualidade, projeto coordenado pela Embrapa Uva e Vinho