Transferência de tecnologia e popularização da ciência motivam alunos e agricultores
Transferência de tecnologia e popularização da ciência motivam alunos e agricultores
Duas experiências de atuação da pesquisa científica junto ao público leigo – com alunos de ensino fundamental e médio e com agricultores familiares, com um ponto em comum – ajudar futuros trabalhos de popularização da ciência, se mostraram eficientes não somente pela quantidade de pessoas atingidas, mas também pelo envolvimento observado pelos relatos sobre a mudança de percepção de mundo.
Trabalhar com diferentes públicos, com origens, histórico de vida, formações profissionais e educacionais diversas, frequentemente é um grande desafio, assim como integrar as visões de mundo, explica a pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente Kathia Sonoda. “Em cada uma das experiências, observou-se que a transferência de tecnologia e popularização da ciência são tópicos transversais e multidisciplinares”, disse a pesquisadora.
O programa Embrapa & Escola é uma das maneiras de estimular ações de transferência de tecnologia e popularização da ciência junto ao público leigo, onde pesquisadores e analistas realizam palestras a estudantes dos ensinos fundamental e médio. O projeto “A ciência dos insetos aquáticos”, pelo CNPq, criou a oportunidade de unir este programa à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC) em 2018.
A pesquisadora ministrou palestras sobre esse tema para mais de sete mil alunos, contemplando 42 municípios de sete estados brasileiros, graças à parceria estabelecida com outras Unidades de Pesquisa da Embrapa – Cerrados, Milho e Sorgo, Tabuleiros Costeiros e Soja, por meio do programa Embrapa & Escola. Dois livros infanto-juvenis – Quem mexeu no meu córrego? e Mistério no mundo aquático submerso, além de um baralho didático sobre insetos aquáticos foram produzidos por meio deste projeto e entregues para as escolas.
Além disso, esse conhecimento levou um grupo de alunos do ensino médio da Escola Estadual "Prof. Celso Henrique Tozzi", de Jaguariúna, SP, a elaborar um projeto sobre insetos aquáticos que foi apresentado na 9ª Semana de Produção Científica do Instituto Federal de Brasília e, também em evento realizado pela Fapesp/Fundação Roberto Marinho/TV Futura em Campinas, em 2019.
Agricultores
A outra experiência capacitou 21 agricultores da comunidade Água Boa do Alto Rio Pardo, Norte de Minas Gerais, em biomonitoramento das águas. Entre os insetos aquáticos há organismos com diferentes graus de resistência a alterações ambientais, a composição da comunidade e o balanço entre as participações numéricas de cada grupo, que indicam o grau de equilíbrio ou desequilíbrio da comunidade frente a alterações ambientais.
Participaram homens e mulheres de diversas faixas etárias, onde os agricultores expuseram seus costumes, cuidados com a água e o solo. Foram abordados aspectos teóricos sobre o ecossistema aquático, a importância da vegetação ripária para a qualidade do ambiente, a contribuição dos organismos para a manutenção do equilíbrio ambiental, além de aspectos técnicos sobre a coleta, equipamento utilizado para a amostragem, procedimentos após a coleta (triagem) e identificação dos insetos.
De acordo com a pesquisadora, as matas ripárias possuem diversas funções ecológicas nos ambientes terrestres e aquáticos, e por ser região de transição entre dois ecossistemas, recebem influência de ambos. Tanto a fauna como a flora que ali habitam são beneficiados com insumos fornecidos pelo ecossistema aquático, ocorrendo a ciclagem de nutrientes devido ao consumo de matéria orgânica proveniente da mata assim como do ambiente aquático.
Em contrapartida, a cobertura vegetal controla a temperatura da água devido ao sombreamento, as raízes auxiliam na retenção do solo, diminuindo o assoreamento dos cursos d’água, como exemplos de benefícios. A equipe desenvolveu um manual explicativo, com informações básicas sobre a bacia hidrográfica, insetos aquáticos, biomonitoramento, coletas e resultados do estudo de caso local, assim como um guia prático com fotos de insetos categorizados de acordo com seu grau de sensibilidade às perturbações ambientais.
Ao final do treinamento, foi constatado que as condições ambientais dos córregos impactaram a comunidade de insetos aquáticos devido às perturbações no córrego feitas pelos agricultores.
Para agendar palestras pelo programa Embrapa & Escola, inclusive virtuais, acesse aqui.
O estudo completo de Kathia Sonoda; Renato Berlim Fonseca, analista da Embrapa; Rafaele Fernandes Zanesco, analista da Pleno da Eurofins Agroscience Services; Herbert Cavalcante Lima e João Roberto Correia, pesquisadores da Embrapa Cerrados, foi publicado na Revista Boletim Observatório da Diversidade Cultural, v. 99. nr. 01/2023.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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