Workshop para discutir plano de manejo do solo no Planalto Serrano de SC
Workshop para discutir plano de manejo do solo no Planalto Serrano de SC
O grupo de trabalho formado pela Embrapa e a Copercampos esteve reunido em Campos Novos, SC, no dia 05/09, para discutir os resultados do diagnóstico físico e químico de solos das áreas piloto que fazem parte do projeto para aperfeiçoamento do Sistema Plantio Direto no Planalto Serrano Catarinense.
As ações do projeto “Inovações tecnológicas para mitigar e prevenir a degradação físico-química de solos submetidos ao Plantio Direto no cultivo de espécies anuais na região fisiográfica do Planalto Serrano do Estado de Santa Catarina” iniciaram em março, com a coleta de amostras de solo nos 12 talhões selecionados entre os cooperados da Copercampos.
As áreas somam 382 hectares, com talhões distribuídos em oito municípios: Barracão e São José do Ouro no RS; Brunópolis, Campo Belo, Campos Novos, Cerro Largo, Curitibanos e Zortéa em SC. São propriedades voltadas à produção de grãos e à pecuária de corte. “Foram selecionados produtores com diferentes realidades, variando em estrutura fundiária, tipo de solo, altitude, sistema de produção, entre outros critérios”, explicou Fabrício Hennigen, coordenador técnico da Copercampos. Segundo ele, a assistência técnica da cooperativa acompanha de perto os talhões para adequar o manejo do solo na correção das limitações físicas e químicas para a conversão do Plantio Direto em Sistema Plantio Direto.
Um dos produtores que fazem parte do projeto é o Adriano Zanella, de São José do Ouro, RS. Ele destinou um talhão de 87 hectares na propriedade para o projeto visando o incremento na produtividade de grãos e maior conversão na pecuária de corte através da melhoria do solo. Veja o depoimento abaixo:
Resultados preliminares
A realização do diagnóstico da fertilidade do solo nos talhões, que depois serão convertidos em Unidades de Referência, foi o ponto de partida para definir as intervenções de natureza mecânica, química e vegetativa, como inovações tecnológicas em manejo conservacionista do solo.
Os diagnósticos enquadram os 12 talhões em três cenários relativos aos problemas a serem solucionados: um talhão com solo sem limitações; quatro talhões com solos apresentando apenas limitações de natureza química; e sete talhões com solos apresentando limitações tanto de natureza física quanto de química.
Na avaliação dos indicadores químicos do solo nos talhões foram verificados teores de fósforo (P), potássio (K), alumínio (Al), acidez (pH) e teor de matéria orgânica. “De maneira geral, observamos que havia limitação química, associada a baixos teores de P e K no solo na grande maioria das propriedades avaliadas. Outro fator que chamou a atenção foi a presença de Al (aluminio) no solo, em grande parte na camada abaixo de 10 cm, o que implicou em pH abaixo do ideal, necessitando de correção com calcário”, considerou o pesquisador Anderson Santi, da Embrapa Trigo, ressaltando que esses entraves podem ser solucionados facilmente pelo produtor, bastando adequar a dose de adubação de P e K, de acordo com as diretrizes a serem apontadas pelo projeto. Por fim, a surpresa positiva, segundo Santi, ficou por conta do teor de matéria orgânica do solo, geralmente em teores adequados em grande parte das propriedades.
Segundo o pesquisador José Eloir Denardin, da Embrapa Trigo, apenas um talhão teve taxa de infiltração de água no solo inferior a 50 mm/h. Entre os demais, três talhões apresentaram taxas de infiltração entre 50 e 100 mm/h e os restantes acima de 100 mm/h. "Ao associar os problemas de natureza física aos problemas de natureza química, constata-se que a suficiência de nutrientes apenas na camada de solo de 0 a 10 cm de profundidade se sobressai à compactação do solo", explica Denardin, destacando que as elevadas taxas de infiltração de água no solo resultam dos elevados teores de matéria orgânica presentes nos solos dos talhões diagnosticados, o que impede a compactação do solo.
Porém, ele adverte que "a má distribuição de nutrientes na camada de 0 a 20 cm de profundidade, com elevada concentração na camada de 0 a 10 cm, é totalmente resultante do manejo inadequado da fertilização do solo, seja pelo calcário, seja pelos adubos aplicados e mantidos na superfície do solo". Assim, esclarece Denardin, a intervenção mecânica requerida para corrigir o problema de natureza química, homogeneizando a acidez e os nutrientes na camada de solo de 0 a 20 cm de profundidade, também estará promovendo melhorias físicas daqueles solos que se apresentam com taxas de infiltração de água no solo inferiores a 100 mm/h.
“Para cada cenário, a pesquisa, a assistência técnica e o produtor vão definir juntos o plano de manejo do solo, considerando particularidades ambientais e o modelo de produção”, esclarece o pesquisador André do Amaral, da Embrapa Trigo. O próximo passo, segundo Amaral, consiste na caracterização socioeconômica das propriedades rurais participantes do projeto, o que vai qualificar ainda mais o plano de manejo: “Este projeto é pioneiro na região, com potencial de gerar resultados que poderão ser utilizados por outras propriedades que contam com condições ambientais e modelos de produção semelhantes”, conclui o pesquisador.
Colaboração Felipe Gotz, jornalista da Copercampos
Joseani Antunes (MTb 9693/RS)
Embrapa Trigo
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