Oficinas estimulam alimentação escolar sustentável
Oficinas estimulam alimentação escolar sustentável
Foto: Divulgação Embrapa
Cerca de 100 estudantes, professores, gestores e colaboradores da Escola Municipal Nossa Senhora da Saúde participam das atividades
Mais de 300 estudantes entre 9 e 12 anos, além de professores e coordenadores de três escolas municipais de Piranhas e Delmiro Gouveia, no sertão alagoano, participaram de oficinas de Alimentação Escolar Sustentável, promovidas pela Embrapa Alimentos e Territórios (Maceió, AL). As atividades ocorreram em 11 e 12 de setembro, com o objetivo de estimular, principalmente, as crianças e os educadores a adotarem uma alimentação mais saudável no ambiente escolar.
As oficinas foram precedidas de atividades de pesquisa sobre o consumo sustentável de alimentos, com visitas a produtores rurais e a uma casa de mel, e cultivo de horta suspensa. Coordenadas pelos professores, merendeiras e nutricionistas das escolas, as ações tiveram orientação da equipe técnica da Embrapa, composta pela pesquisadora Priscila Bassinello, pelo analista Gustavo Porpino e pelas bolsistas Lydayanne Lilás e Julianna Catonio. Os alunos, do terceiro, quarto e quinto ano, expuseram alimentos, como frutas e verduras, e participaram de gincanas para as quais prepararam apresentações temáticas, cantaram e declamaram poemas e jograis com base nos conteúdos aprendidos.
O impacto da alimentação sustentável na saúde e no aprendizado das crianças foi um dos temas abordados. De onde vêm os alimentos, como colorir o prato, saber valorizar os alimentos na íntegra e usá-los nas mais diferentes formas de preparo, aproveitando folhas, talos e flores comestíveis, fizeram parte das discussões. “Também procuramos mostrar para as crianças como é importante valorizar o alimento da região, despertando neles esse interesse pelo consumo daquilo que é produzido localmente, inclusive por seus familiares”, explica Priscila Bassinello, responsável pela iniciativa.
O gibi da Turma da Mônica "Comer sem desperdiçar" e o manual do educador #SemDesperdício, elaborados por meio de projeto financiado pelos Diálogos Setoriais União Europeia - Brasil, o Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde e a publicação "Hortaliça não é só salada", produzida pela Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), serviram de inspiração para os trabalhos. Os materiais ajudaram a despertar a atenção das crianças para como planejar as compras e refeições, incentivando o diálogo sobre quais os impactos do desperdício no meio ambiente.
Cardápio diferenciado
Durante a dinâmica com os estudantes coordenada pela equipe da Embrapa, as turmas apresentaram suas percepções sobre alimentação saudável e sustentável e houve bastante interesse em saber mais sobre como aproveitar melhor os alimentos. “As crianças também puderam expressar quais alimentos mais gostam de consumir na escola e em casa. Mungunzá e cuscuz, frequentemente presentes na alimentação escolar, estão entre os alimentos com melhor aceitação”, conta o analista Gustavo Porpino.
Outro diferencial foi o lanche servido aos estudantes, preparado pela Cooperativa dos Produtores de Mel, Insumos e Produtos da Agricultura Familiar (Coopeapis), especialmente com produtos da agricultura familiar. No cardápio, sanduíche de batata-doce com alface e tomate, torta de frango com palma, bolo de banana com aveia e tortelete de umbu, além de sucos de capim-limão e de palma com gengibre e limão adoçado com mel, despertaram a curiosidade das crianças.
A Escola Municipal de Educação Básica São José, no município de Delmiro Gouveia, participou com 36 alunos e uma equipe de 22 professores, coordenadores e colaboradores, além de cozinheiras. Na Escola Municipal de Educação Básica Professor Ivan Fernandes Lima, em Piranhas, 137 pessoas integraram as oficinas. Já na Escola Municipal Nossa Senhora da Saúde, do mesmo município, 70 estudantes, 30 gestores, professores e colaboradores escolares, além de uma nutricionista, estiveram presentes.
A diretora da Escola Municipal Nossa Senhora da Saúde, Andrea de Azevedo, avalia que o projeto foi muito bom para a escola e considera importante estendê-lo para todo o município. “Muitos alunos que não gostavam de fruta, depois do trabalho feito com as professoras, passaram a amar frutas. Eles disseram que gostavam de frutas e legumes”, conta a diretora.
Já as professoras Uelmas Cleide da Cruz Santos e Claudiane Rodrigues de Oliveira organizaram atividades com foco na pirâmide alimentar e no aproveitamento integral dos alimentos. “Nosso projeto teve uma visita a uma casa de mel e recebemos orientações de um agricultor que nos ensinou como fazer uma horta de forma sustentável”, explicou a professora Uelmas Santos. “Trabalhamos a questão de eles conhecerem não só o alimento, mas também reaproveitar a casca do abacaxi, por exemplo”, disse Claudiane Oliveira, lembrando que, na visita, os alunos conheceram várias receitas à base do reaproveitamento das cascas de alimentos.
Engajamento de professores e gestores
“O engajamento dos professores e gestores públicos foi fundamental para envolver os estudantes”, destaca Bassinello. “Os alunos tiveram a oportunidade de apresentar seus trabalhos e compreender melhor, com essas atividades, o caminho que os alimentos percorrem, do plantio à colheita, até chegarem à merenda escolar”, enfatiza a pesquisadora.
Ela acredita que as escolas municipais podem incluir a realização de oficinas culinárias com os estudantes, para despertar o interesse e a consciência alimentar, ajudando-os a identificar quais os produtos locais que mais gostam a partir de diferentes receitas e formas de preparo. Outro aspecto destacado pela pesquisadora é a importância de se conectar todos os atores envolvidos nesse processo, contribuindo para a valorização da sociobiodiversidade, geração de renda aos agricultores familiares e melhoria da nutrição e saúde dos estudantes, com impacto no desenvolvimento e no aprendizado.
Para a nutricionista Déborah Regina Rocha dos Santos, da Escola Municipal de Ensino Fundamental São José, a dinâmica adotada pela equipe da Embrapa, com ações prévias que envolveram os professores e os estudantes, foi muito interessante “porque fez com que a escola estivesse completamente imersa e consciente sobre o que iria acontecer no dia da ação”. Ela aponta que a interação com os alunos foi uma oportunidade diferenciada e proveitosa, porque a escola estava bem amparada e houve também um retorno efetivo por parte das crianças.
“Os estudantes prepararam todo um ambiente para receber a gente no dia da ação, tanto com a elaboração de peças teatrais, de gincanas entre eles, também fizeram algumas paródias que tinham como tema os alimentos da biodiversidade local e falaram um pouco sobre a importância de uma alimentação saudável”, contou a nutricionista. Ela destacou, ainda, a atividade baseada na pirâmide alimentar. “Aquele material realmente ficou muito interessante, muito didático, e inclusive a gente acabou deixando na escola para ser utilizado em outros momentos”, afirmou.
Além das revistinhas, a equipe distribuiu um kit com caneta e bloco de anotações para os alunos e sorteou copos durante as gincanas, cujo intuito foi reforçar os conhecimentos. Os alunos foram motivados a escrever receitas e listas de compras, registrar conceitos novos e a desenhar temas relacionados à alimentação sustentável, de acordo com Lydayanne Lilás e Julianna Catonio, que orientaram essas ações.
“A alegria das crianças ao receberem uma simples revistinha e bloquinho de anotações foi contagiante. Muitas delas vivenciam a agricultura familiar no dia a dia e mostram grande interesse pelos alimentos do sertão, como receitas à base de milho, batata-doce e umbu. Quando incentivadas a desenvolver atividades lúdicas sobre produção e consumo sustentáveis de alimentos, ampliam a visão do problema e passam a compartilhar o conhecimento com familiares”, aponta Porpino.
Outras oficinas já haviam sido realizadas para capacitação de merendeiras e nutricionistas de Delmiro Gouveia e Piranhas. Todas essas atividades integram o projeto “Segurança alimentar e nutricional, e geração de renda para agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais do Semiárido brasileiro”, liderado pela Embrapa Alimentos e Territórios. Os recursos são do Projeto Dom Hélder Câmara (PDHC), coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e cofinanciado pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
Atualizada em 22/09/2023
Nadir Rodrigues (MTb 26.948/SP)
Embrapa Alimentos e Territórios
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