Riquezas da terra e soberania alimentar são temas de simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste
Riquezas da terra e soberania alimentar são temas de simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste
Foto: Divulgação
Tema tem vínculo direto com a prospecção, a identificação, o conhecimento e reconhecimento do uso da biodiversidade na alimentação
Comunidade acadêmica e científica pode submeter resumos de trabalhos inéditos e originais até 10 de outubro
As riquezas da terra para a soberania alimentar são o tema do VI Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste (RGVNE). O evento, organizado pelo Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), em parceria com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a Embrapa Tabuleiros Costeiros (SE) e a Embrapa Alimentos e Territórios (AL), ocorre de 7 a 10 de novembro, em Recife (PE). A promoção é da RGVNE e da Sociedade Brasileira de Recursos Genéticos (SBRG).
O tema tem vínculo direto com a prospecção, a identificação, o conhecimento e reconhecimento do uso da biodiversidade na alimentação e o respeito à territorialidade e aos hábitos alimentares de agricultores, povos indígenas e comunidades tradicionais, de acordo com a comissão organizadora. O objetivo é promover a troca de experiência e informações por meio da discussão técnica e científica entre pesquisadores, professores, especialistas, sociedade civil, estudantes e grupos com interesse no tema.
Além disso, busca-se o fortalecimento e a integração das instituições públicas federais, estaduais e privadas, organizações não governamentais, agricultores, comunidades tradicionais, povos primitivos e movimentos sociais. Ainda haverá capacitação de estudantes de graduação e pós-graduação, por meio da realização de minicursos.
Na conferência de abertura terá destaque a preservação de saberes e sabores brasileiros, com a conferencista Maria da Conceição Oliveira, da Associação Slow Food. Seis mesas-redondas, várias palestras temáticas, uma mostra gastronômica – com degustação de produtos e alimentos da biodiversidade – e feiras de gastronomia e de agrobiodiversidade integram a programação.
Os temas das mesas e palestras são os mais variados, incluindo patrimônio alimentar e identidade cultural, novas possibilidades de uso dos recursos genéticos, ações de conservação in situ de recursos genéticos por comunidades da Região Nordeste, agricultura sustentável e a conservação da biodiversidade, políticas públicas, e conservação ex situ e uso de recursos genéticos de importância para a Região Nordeste.
Ricardo Elesbão, chefe de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação da Embrapa Alimentos e Territórios, é um dos palestrantes. Ele vai falar sobre a importância da biodiversidade e do patrimônio alimentar. As políticas públicas voltadas à conservação de recursos genéticos vegetais serão tema de uma mesa coordenada pela pesquisadora Semíramis Ramos, da Unidade, que conta com a participação de representantes dos ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), e do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
Ainda haverá outras quatro palestras proferidas por pesquisadores da Embrapa. "Pulses como nova alternativa de produção, renda e segurança alimentar para população nordestina" será proferida por Maurisrael de Moura Rocha, da Embrapa Meio-Norte (PI). "A importância do controle de qualidade da conservação dos acessos nos bancos ativos de germoplasma", usando como modelo o banco de germoplasma de abacaxi da Embrapa, será apresentada por Fernanda Vidigal Duarte Souza, da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA). Já o "Banco ativo de germoplasma de sisal" será tema da palestra de Tarcísio Marcos Souza Gondim, da Embrapa Algodão (PB). "O arroz no Nordeste: resgate, conservação e tradição alimentar" será abordado por José Almeida Pereira, também da Embrapa Meio-Norte.
Durante os três dias do evento ocorrem seis minicursos. Os temas são ferramentas para caracterização molecular de recursos genéticos, análise de sementes para conservação de germoplasma, aproveitamento de espécies do Semiárido na alimentação, seleção de plantas nativas e paisagismo sustentável, uso de ferramentas de análise estatística para avaliação de germoplasma, e plantas na cultura alimentar brasileira.
As atividades contam com instrutores do Centro Universitário Brasileiro (Unibra), Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Universidade Federal do Pará (UFPA) e universidades federais rurais de Pernambuco (UFRPE) e do Semiárido (Ufersa). São apoiadores os ministérios da Agricultura e Pecuária (Mapa), do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE) e a Academia Pernambucana de Ciência Agronômica (APCA).
A programação está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), em especial fome zero e agricultura sustentável, igualdade de gênero, redução das desigualdades, cidades e comunidades sustentáveis, consumo e produção responsáveis, e vida terrestre.
Os pesquisadores Josué Francisco da Silva Júnior, da Embrapa Tabuleiros Costeiros e presidente da RGVNE, e Semíramis Rabelo Ramalho Ramos, da Embrapa Alimentos e Territórios, integram as comissões técnico-científica e de captação de recursos.
Para se inscrever é preciso preencher o formulário de cadastro disponível no site do evento e efetuar o pagamento das taxas de inscrição, conforme consta na página do simpósio. A comunidade acadêmica e científica pode submeter resumos de trabalhos inéditos e originais, até 10 de outubro, conforme as regras divulgadas pela comissão organizadora. Os temas dos resumos são coleta e intercâmbio, etnobotânica, caracterização e avaliação, conservação, documentação, e pré-melhoramento e melhoramento.
Ciência e arte
A arte escolhida para a identidade visual do VI Simpósio da Rede de Recursos Genéticos Vegetais do Nordeste foi criada pela designer Eduarda Corina Lobo Brito. A inspiração foi a obra do pintor e desenhista holandês Albert Eckhout (1610-1666), que integrou a comitiva do conde Maurício de Nassau, em Pernambuco, em 1637. Eckhout foi responsável, com o pintor neerlandês Frans Post, por retratar as primeiras imagens do Brasil do século XVII para os europeus. Sua produção artística incluía desenhos e telas, essencialmente sobre frutas, hortaliças, flores, animais e populações indígenas, retratando a biodiversidade brasileira.
Nadir Rodrigues (MTb 26.948/SP)
Embrapa Alimentos e Territórios
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