A Embrapa Tabuleiros Costeiros (Aracaju, SE) promoveu na terça (3), em Graccho Cardoso, no Médio Sertão Sergipano, um dia de campo para partilhar conhecimentos sobre práticas de manejo mais adequadas para ovinos prolíficos (com incidência de partos múltiplos). O encontro reuniu 90 participantes, entre estudantes, técnicos e produtores de ovinos Santa Inês da região, e aconteceu na Fazenda Baixinha, propriedade do ovinocultor José Eduardo Matos, parceiro, bolsista da Embrapa e doutorando em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial, pela UFRPE. O principal foco foi partilhar com os visitantes conhecimentos e resultados de pesquisas e experimentação com a genética FecGE, uma mutação natural em ovelhas Santa Inês, descoberta e em fase de validação pela Embrapa, que aumenta a prolificidade dessas fêmeas, gerando uma maior incidência de partos com múltiplas crias – aumento na taxa de ovulação de até 82% e até 50% a mais de cordeiros. Navegue abaixo pela galeria completa de imagens do evento na página da Embrapa na rede social Flickr – use as setas laterais para avançar e retornar. O grupo assistiu a apresentações dos pesquisadores Evandro Muniz, da Embrapa Tabuleiros Costeiros, sobre a prolificidade e a genética prolífica FecGE em ovinos, e Rafael Dantas, da Embrapa Semiárido (Petrolina, PE), sobre manejo nutricional visando o aumento da sobrevivência e engorda de cordeiros com ênfase em rebanhos prolíficos. José Eduardo, além da fala de boas-vindas, apresentou os resultados em seu rebanho do manejo cada vez mais bem planejado e qualificado, com emprego de boas práticas de manejo reprodutivo, nutricional e sanitário para favorecer um bom desempenho dos ovinos na produção de carne. “Trabalhar com ovinos prolíficos FecGE tem sido desafiador e gratificante. Temos de estar atentos às melhores práticas, especialmente nos momentos mais críticos, como pré e pós-parto, para viabilizar um bom desenvolvimento dos cordeiros e das fêmeas. Temos tido resultados excelentes, com alta incidência de partos múltiplos e bom desempenho zootécnico dos animais, e pretendemos seguir nessa linha, associando a isso uma lavora com sistemas integrados para garantir pasto e silagem com proteína, fibras e carboidratos de qualidade para o rebanho, além de outras culturas como grãos e frutas para nossa própria alimentação e comercialização”, defendeu Eduardo. Após as apresentações, o grupo seguiu pela propriedade numa visita guiada por Eduardo e Rafael para ver de perto o Sistema Agroflorestal (SAF) com foco na Integração com a produção dos ovinos e bovinos. No SAF é possível encontrar plantas forrageiras como gliricídia, leucena, palma forrageira, mandacaru sem espinho e capins da variedade Panicum adaptadas à condição local, além de árvores como o eucalipto, mogno, cedro e pau d’arco, e fruteiras como bananeira, cajueiro, pinha e umbuzeiro. “A troca de conhecimento hoje aqui foi excelente. Pudemos ver de perto os plantios consorciados e como isso beneficias os animais, o solo e o ambiente. As boas práticas nutricionais também chamaram muito a atenção. Espero chegar na minha cidade e já compartilhar com os companheiros produtores associados”, declarou o ovinocultor e presidente da Associação dos Agricultores de Gararu (SE) Josias dos Santos. “Para mim foi bastante enriquecedor, principalmente na parte nutricional. Nós estudantes somos muito carentes de experiências práticas, e um dia de campo como esse fortalece muito nosso aprendizado, além de contribuir muito para a evolução da ovinocultura na região, trocando conhecimento e agregando novas técnicas ao conhecimento tradicional do produtor”, afirmou João Vitor Jesus, estudante de medicina veterinária da UFS – Campus do Sertão (N. S. da Glória). “Foi muito enriquecedor trocar conhecimento sobre muitos assuntos da ovinocultura neste dia de campo, para que possamos ter base técnica e partilhar com os produtores, tanto pequenos quanto médios e grandes. Aqui vimos que é viável e economicamente interessante adotar a ovinocultura e ir além da bovinocultura de leite, com rápido retorno. Espero não só partilhar o conhecimento com produtores, mas também me tornar um deles”, disse Tino Marco dos Santos, estudante do segundo módulo do primeiro ano do curso técnico em agropecuária do Centro Estadual de Educação Profissional Dom José Brandão de Castro – Poço Redondo (SE).