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Unidade avalia impacto das Boas Práticas de produção da castanha-da-amazônia

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Imagem: Vitor Alberto de Matos

Vitor Alberto de Matos -

Moradores da Reserva Extrativista Chico Mendes (Resex) participaram de painel para avaliação dos impactos da adoção das Boas Práticas no manejo da castanha-da-amazônia, também conhecida como castanha-do-brasil ou castanha-do-pará. Realizado pela Embrapa Acre, na sede do Núcleo de Base Wilson Pinheiro, no seringal Porvir, em Epitaciolândia (AC), no dia 29 de setembro, o evento contemplou temas como monitoramento da sustentabilidade de castanhais nativos, geração de renda e questões mercadológicas da atividade, além de oficina sobre produção de mudas de castanheira. 

 

As Boas Práticas de Produção de castanha envolvem um conjunto de procedimentos e orientações técnicas para as diferentes etapas de manejo (pré-coleta, coleta e pós-coleta), relacionados à sustentabilidade do manejo de castanhais nativos e à redução de contaminantes microbiológicos e químicos, especialmente a aflatoxina, substâncias cancerígenas que podem prejudicar a qualidade do produto e a saúde do consumidor.

 

Os principais beneficiários das Boas Práticas são os extrativistas, que possuem castanhais, e as agroindústrias, que  podem contar com matéria-prima de qualidade e oferecer para o consumidor um produto que atenda às exigências da legislação sanitária e do mercado. 

 

 

Fernanda explica que a avaliação dos impactos da adoção de ativos tecnológicos, além de compor o Balanço Social da Embrapa, funciona também como uma reflexão sobre a tecnologia. É um momento de discussão coletiva sobre os principais indicadores socioeconômicos e ambientais e esse exercício permite obter uma visão mais ampla da comunidade sobre os pontos fortes e críticos do ativo. Quanto à adoção da tecnologia, os desafios ainda são muitos, mas o principal fator crítico é a falta de valorização comercial da castanha manejada com as boas práticas.

 

“Contar com preços diferenciados para a castanha manejada, no processo de comercialização, seria um incentivo para os extrativistas adotarem todos os procedimentos recomendados. Os produtores reconhecem a importância das Boas Práticas, mas esperam ser bonificados por esse esforço na venda da produção. Prova disso é que um grande número de extrativistas realiza o corte de cipós das castanheiras, prática de manejo que proporciona melhoria no desempenho produtivo dos castanhais, com aumento de cerca de uma lata na produção por castanheira na safra seguinte após o tratamento”, complementa a analista.

 

Para Severino da Silva Brito, morador do seringal Porvir, a ausência de reconhecimento no mercado faz com que muitos extrativistas não adotem as Boas Práticas. "Precisamos de uma política de comercialização que agregue valor à castanha manejada com as Boas Práticas. Hoje, quem colhe de qualquer jeito obtém o mesmo preço. Isso é desestimulante", afirma o extrativista. Ele  acrescenta que as Boas Práticas também beneficiam os consumidores, que podem adquirir produtos de procedência reconhecida, produzidos legalmente e de forma sustentável. 

 

A avaliação também constatou que a secagem é a etapa da produção mais crítica, uma vez que requer o revolvimento diário da castanha, no armazém, procedimento que aumenta a necessidade de mão de obra. Entretanto, muitos extrativistas vendem o produto mesmo antes da secagem, em função da necessidade de gerar renda para a família e isso reduz o tempo de armazenamento na propriedade. Por outro lado, a secagem da castanha no tempo adequado possibilita a venda na entressafra, período em que é possível obter  preços mais atrativos e justos para o produto.

 

Indicadores de sustentabilidade

 

As avaliações de impacto de ativos tecnológicos da Embrapa Acre são realizadas por meio do sistema Ambitec, desenvolvido pela Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna/SP). Nesse trabalho são utilizados indicadores que refletem as dimensões econômicas, sociais e ambientais na adoção das tecnologias. 

 

Em sua pesquisa de Mestrado, defendida em 2020, a analista Fernanda Fonseca identificou que a falta de organização para comercialização e a oscilação na produção anual de frutos são ameaças para a sustentabilidade da atividade de coleta de castanha. Por outro lado, a adoção das boas práticas, a elevada taxa de regeneração da espécie nos castanhais e a importância da renda da castanha no lucro líquido anual das famílias extrativistas representam pontos fortes para a sustentabilidade destes sistemas de manejo. O estudo de caso teve como objetivo analisar a implementação de uma metodologia de definição participativa de indicadores para o monitoramento da sustentabilidade em sistemas de manejo de castanhais nativos. Os resultados foram apresentados aos extrativistas durante a oficina. 

 

 

“Embora o manejo de castanhais nativos da Reserva Extrativista Chico Mendes seja uma atividade produtiva sustentável, que concilia conservação ambiental e uso dos recursos naturais, envolve riscos e ameaças para sua viabilidade no longo prazo. No caso das Boas Práticas no manejo ainda temos muitos desafios para a adoção dos procedimentos em sua totalidade, pelos extrativistas. É importante discutir os principais pontos críticos que precisam ser melhorados e pensar alternativas para aumentar a eficiência do sistema produtivo. O ideal é que haja uma continuidade do trabalho, em novos ciclos de monitoramento junto aos extrativistas”, enfatiza a analista. 

 

Produção de mudas 

  

Os moradores da Resex Chico Mendes também participaram de curso sobre produção de mudas de castanheira em mini-estufas ministrado pelo técnico da Embrapa Rondônia (Porto Velho) Paulo Marcante. A atividade de produção de mudas tem como objetivo final incentivar o plantio da castanheira em consórcio com outras espécies ou em castanhais nativos para aumento da produção. 

 

Além de simples e de baixo custo, a produção de mudas em mini-estufas é ideal para áreas extrativistas, onde não há estruturas para viveiros florestais. As mini-estufas podem ser confeccionadas com materiais disponíveis nas propriedades. Outra vantagem do método é uma maior padronização das mudas. "Orientamos os produtores a produzir mudas de matrizes selecionadas, para que no futuro tenham árvores com boa produtividade, ou seja, castanheiras que darão um bom retorno econômico para quem quer investir na atividade", explica Marcante.

 

 

 

Mauricilia Silva (MTb 429/AC)
Embrapa Acre

Diva Gonçalves (MTb 0148/AC)
Embrapa Acre

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Mais informações sobre o tema
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