Pesquisador da Embrapa é premiado pela Associação Brasileira de Polímeros
Pesquisador da Embrapa é premiado pela Associação Brasileira de Polímeros
Foto: Imagem cedida pela ABPol - Mauro Valdir Von Scharten
Desde 19994 na Embrapa Instrumentação, Mattoso foi reconhecido pelo trabalho com materiais poliméricos
O pesquisador da Embrapa Instrumentação (São Carlos – SP), Luiz Henrique Capparelli Mattoso, foi escolhido pela Diretoria da Associação Brasileira de Polímeros para receber o Prêmio ABPol Profa. Eloisa Mano 2023, dedicado a pesquisadores brasileiros que contribuem de forma marcante para o desenvolvimento, no Brasil, da ciência dos materiais poliméricos.
A entrega foi realizada durante a sessão de abertura do 17º Congresso Brasileiro de Polímeros, na noite de domingo (29), em Joinville (SC). Além da premiação - que é entregue a um único pesquisador a cada dois anos - Mattoso faz uma conferência plenária durante o evento, que vai até o dia 2 de novembro.
35 anos de história
A Associação Brasileira de Polímeros foi criada em setembro de 1988, na forma de sociedade civil, de âmbito nacional, sem fins lucrativos, para atuar junto às empresas e instituições de ensino e pesquisa. Tem por finalidade viabilizar a geração de competência para o desenvolvimento na área dos materiais poliméricos.
“O prêmio é um reconhecimento mais que merecido por toda a contribuição do pesquisador Luiz Mattoso à Ciência e Tecnologia de polímeros ao longo de sua carreira, bem como na formação de pessoas nessa área”, comenta Daniel Souza Corrêa, chefe adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento da Embrapa Instrumentação.
Borracha natural
O próprio Mattoso elenca algumas contribuições, mas sempre faz questão de ressaltar que os resultados não são individuais, mas mérito do trabalho em equipe. Uma delas está ligada ao desenvolvimento e recomendação de novos clones de borracha para o Estado de São Paulo, com base nas propriedades tecnológicas.
“A borracha natural é um dos polímeros de fonte renovável e representa 40% de toda a aplicação desse produto”, detalha Mattoso, cujo interesse pela área de polímeros começou ainda na graduação em Ciência e Engenharia de Materiais, na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), na década de 80, quando viu que era um tema com grandes desafios e oportunidades científicas e tecnológicas.
Valor agregado
Desde o ingresso na Embrapa Instrumentação, no final de 1994, onde foi pioneiro nas pesquisas e desenvolvimento de novos materiais poliméricos e nanotecnologia, o pesquisador acrescenta outras contribuições importantes na exploração de novos usos e agregração de valor a produtos e subprodutos agropecuários.
Mattoso destaca o látex de borracha natural, amido, pectina, fibras vegetais, celulose, lignina, colágeno, queratina, caseína, fibroína, e vários outros polissacarídeos, proteínas e macromoléculas para aplicações de polímeros de fontes renováveis, plásticos biodegradáveis para embalagens, tubetes e outros, filmes e recobrimentos comestíveis, além de aplicações em sensores, biossensores, transistores e outros dispositivos eletrônicos
Com uma trajetória premiada, que também inclui 12 patentes, 35 capítulos de livros e 430 trabalhos publicados em revistas especializadas indexadas com mais de 30 mil citações e fator H86., Luiz Mattoso integrou ainda a equipe do programa Labex (Laboratório da Embrapa no Exterior), nos Estados Unidos, quando interagiu com Alan MacDiarmid, Prêmio Nobel de Química de 2000.
Potencial e sustentabilidade
Depois da experiência de alguns anos na gestão, o cientista não deixa de olhar para o futuro, e destacar o potencial das aplicações dos polímeros nas áreas agrícolas, de meio ambiente e eletrônica – atendendo às tendências de sustentabilidade – tais como biorrefinarias, química verde, circularidade, sensores vestíveis, descartáveis e recicláveis, além de dispositivos eletrônicos verdes para celulares, e outros tipos de materiais de fontes renováveis para instrumentação para as mais variadas áreas do conhecimento.
Com cerca de 80 alunos formados e mais de 40 pós-doutoramentos feitos na parceria entre a Embrapa e as universidades na área de polímeros, Mattoso sente-se recompensado com a atuação desses profissionais como professores universitários espalhados por todo o País, incluindo a atuação de vários deles em startups e empresas, com o desenvolvimento e avanço do conhecimento de novos materiais, usando produtos, subprodutos e resíduos de origem agropecuária.
“A premiação da ABPol é motivo de honra e alegria, mas ela é de toda a equipe da Embrapa Instrumentação, é um reconhecimento da comunidade científica por todas essas contribuições ao longo das últimas décadas, e que vão ao encontro da tendência mundial de materiais e polímeros cada vez mais sustentáveis”, finaliza o pesquisador.
Edilson Fragalle (MTB 21.837/SP)
Embrapa Instrumentação
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