24/10/23 |   Comunicação

Feira de saberes no Baixo São Francisco chega a sua terceira edição

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Foto: Raquel Fernandes

Raquel Fernandes - Analista de TI Cynthia demonstra funcionamento de aparelho de GPS a estudantes de Pacatuba, SE

Analista de TI Cynthia demonstra funcionamento de aparelho de GPS a estudantes de Pacatuba, SE

A arte é uma das expressões utilizadas para transmissão de saberes, culturas e conhecimentos. Foi por meio do jogo de capoeira que alunas e alunos da Escola Municipal Doutor João Machado Rollemberg Mendonça demonstraram suas criatividades artísticas. 

O gingado tradicional da capoeira foi embalado pelos instrumentos de percussão e pelas palmas da plateia, logo após a realização da terceira edição da Feira Saberes, Culturas e Ciências no Baixo São Francisco, no dia 18 de outubro, em Pacatuba, SE.

Assim como nas duas primeiras edições, realizadas em maio e junho em escolas do mesmo município, os temas selecionados para compor as estações temáticas privilegiaram os cotidianos das alunas e alunos, a maioria pertencentes a famílias de pescadores e agricultores familiares. 

“Quem aqui é filho de pescador?” Com esta pergunta, Érica Santos, pesquisadora e bolsista com formação em engenharia de pesca, iniciava os diálogos com os alunos e professoras na estação “Meu peixe visto de perto”. “Você também é filha de pescador?”, perguntavam os alunos admirados quando Érica erguia seu braço junto com eles. 

Mulher, pesquisadora, preta, filha de pescadora, Érica conta que na escola onde estudou os pesquisadores que chegavam para falar de ciência eram muito diferentes dela. “Eu imaginava que aquilo não era para mim, que era coisa para rico”. 

Por isso, ela costuma criar vínculos entre a sua trajetória acadêmica e a dos alunos que atende em escolas públicas para que se inspirem e se sintam motivados a seguir carreira científica. 

“Tia, eu quero ser cientista igual você”, disse uma aluna durante a atividade em grupo. Com Érica, os alunos tiveram a oportunidade de dialogar sobre ecossistemas aquáticos, adaptações evolutivas e as interconexões de todas as formas de vida. “Se os peixes não enxergam como eles se locomovem na água?”, foi uma das perguntas que estimulou os alunos a interagir entre si e com a pesquisadora.

A compostagem e a vermicompostagem foram as tecnologias utilizadas para favorecer a aprendizagem na estação “Agricultura familiar e meio ambiente”. A técnica em química Kênia Teixeira utilizou minhocas, adubo orgânico e folhas para despertar a curiosidade das crianças e jovens sobre processos biológicos de decomposição, degradação e reciclagem de matéria orgânica como alternativas sustentáveis para a transformação de resíduos agropecuários e domésticos em bioinsumos agrícolas. 

“Os saberes da taboa”, planta aquática nativa que ocorre nas lagoas do município de Pacatuba, região conhecida como “pantanal sergipano”, estavam representados nos cestos, vasos, esteiras e bandejas trançadas manualmente por mulheres artesãs dos povoados Tigre e Nossa Senhora Santana. A técnica Liliane Dantas, entre um trançado e outro, dialogou com os alunos sobre a importância da conservação dos recursos genéticos nativos para proteção dos modos de vida das comunidades e economia locais. 

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis (ODS) foram apresentados aos alunos e professoras na estação “Cantinho da Diversidade”. De maneira lúdica, a analista de transferência de tecnologia Raquel Fernandes utilizou cubos coloridos com as imagens dos 17 ODS, livros infanto-juvenis com personagens negras e imagens de personalidades negras e nordestinas para, de maneira lúdica, conversar com os alunos sobre os 5 pilares da Agenda 2030 (pessoas, planeta, prosperidade, paz e parcerias). “O que cada um de nós precisa fazer para que todas as pessoas vivam em paz?” Perguntas como esta estimularam o diálogo coletivo entre os alunos. Ao final da estação, os cubos eram utilizados pelos alunos para fazerem uma divertida batucada. 

Por trás das rotas digitais

A Oficina Por trás das rotas digitais foi uma novidade nesta edição da feira. Nas edições anteriores, as tecnologias de geoprocessamento foram apresentadas dentro do ambiente escolar, por meio de imagens de satélites de cada localidade. Pelas imagens, os alunos localizaram a escola, suas casas, rios e outros pontos de referência de sua vizinhança. 

Nesta edição, a analista em ciência da computação Cynthia Oliveira e o pesquisador em geoprocessamento e sensoriamento Fábio Torresan apresentaram as relações entre satélites, plataformas digitais e GPS que possibilitam o uso de sites e aplicativos de localização geográfica, bastante utilizados nos dias atuais. 

“Dá para colocar o bonequinho e passear pela cidade”, disse um dos alunos sobre uma das funcionalidades dos sites de geolocalização. Os alunos também aprenderam sobre o uso do GPS associado a sistemas de informações geográficas (SIG) pela agricultura de precisão. 

Em seguida, Cynthia e Fábio, juntamente com as professoras de cada turma, conduziram os jovens dos 6º e 7º anos em uma caminhada da escola até a praça matriz da cidade, com o auxílio de um aparelho de GPS. “Eles ficaram encantados em ver pela primeira um aparelho de GPS”. De acordo com Cynthia, era uma euforia quando o GPS sinalizava que haviam chegado ao destino programado pela equipe.

Feira Saberes, Culturas e Ciências e a Oficina Por trás das rotas digitais foram idealizadas no âmbito do projeto ‘Diálogos entre conhecimentos locais e científicos para o desenvolvimento do Território do Baixo São Francisco’ (Diálogos no Baixo São Francisco), coordenado por Raquel Fernandes e financiado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), por meio do edital SBPC vai à Escola

De acordo com Raquel Fernandes, em todas as edições da Feira, a equipe contou com o apoio das equipes das escolas envolvidas. Na Escola Municipal Doutor João Machado Rollemberg Mendonça, não foi diferente. Toda a equipe de professores e colaboradores contribuiu para tornar o evento possível. “Gostaria de agradecer a diretora Luana Maria Lemos que, juntamente com sua equipe, possibilitaram o sucesso da Feira”. 

Por sua vez, a diretora Luana também agradeceu a oportunidade para a escola participar do evento e se colocou à disposição para apoiar novas iniciativas que promovam a popularização da ciência no ambiente das escolas públicas. 

Saulo Coelho, com colaboração de Raquel Fernandes (MTb/SE 1065)
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