Um projeto Tipo 3, de inovação aberta, com foco na produção de abelhas com e sem ferrão, será elaborado pela Embrapa Meio-Norte em parceria com a Associação de Apicultores de Campo Maior (APICAM), que tem hoje 123 sócios e quer melhorar a atividade tecnicamente. A proposta da ação foi definida em uma reunião entre pesquisadores e dirigentes da entidade, no último final de semana, no município de Campo Maior, a 82 quilômetros ao norte de Teresina. Hoje, segundo a pesquisadora Fábia Pereira, esses apicultores têm muitas “demandas tecnológicas em relação ao melhor modelo de caixa a ser usado na região; à alimentação que pode ser fornecida a essas abelhas no período da entressafra; e à capacidade de suporte da região”. A partir dessas demandas, de acordo com a cientista, será avaliada a quantidade de colmeias que os produtores poderão colocar no meliponário. “Com isso, vamos observar se as espécies poderão conviver em harmonia na flora apícola da região”. Os sócios da APICAM têm conhecimentos primários de apicultura e demonstraram interesse em aprofundar nas técnicas de reflorestamento e uso de espécies nativas. Eles, segundo Fábia Pereira, "têm também carência de conhecer as espécies de abelhas sem ferrão da região". E uma das ações do projeto será o mapeamento das espécies de abelhas encontradas hoje na região, para que sejam identificadas. A pesquisadora Maria Teresa Rêgo explicou alguns pontos significativos da reunião com os pequenos apicultores. Segundo ela, "alguns já têm uma quantidade significativa de colmeias, mas outros estão começando agora, com poucas colmeias", o que faz a participação da Embrapa ter grande relevância nessa ação. Ela comentou que muitos produtores da região fizeram cursos da Embrapa, na plataforma e-Campo, e relataram que “foi muito produtivo estudar esses materiais disponibilizados gratuitamente”. A pesquisadora disse também que os apicultores gostam de buscar conhecer características tanto das abelhas que existem na região quanto das que podem ser criadas no mesmo ambiente, “assim como saber mais sobre as plantas que elas podem polinizar”. Resgate de abelhas A pesquisadora destaca que há uma necessidade de aprimorar as atividades apícolas e melíponas da região, pois "eles relatam uma grande quantidade de áreas desmatadas e têm vontade de resgatar as abelhas dessas áreas, porque eles percebem que muito é perdido. Ou seja: muitas colônias são perdidas em áreas desmatadas por conta da ação de cerâmicas e outras atividades econômicas existentes na região”. O pesquisador Bruno Souza, que também participou do encontro com os associados, disse que o processamento dos produtos dessas abelhas sem ferrão e a parte de manejo do meliponário são preocupações da Embrapa na elaboração do projeto. Ele explica que serão vistos meios de auxílio "na questão de mudanças climáticas para manutenção dessas abelhas". Ele disse que o próximo passo agora será a construção do plano de trabalho do projeto, em conjunto com os apicultores, pois este é um dos pré-requisitos da Inovação Social, mostrando que "o problema que surgir deve ser resolvido com a participação do beneficiário como co-desenvolvedor da solução junto com a Embrapa, de forma a reduzir situações de vulnerabilidades identificadas". Souza ratificou que foram realizados trabalhos com a abelha Apis mellifera, pela Embrapa, mas que é uma temática que foge ao Projeto Tipo 3, porém está alinhada aos projetos da Embrapa Meio-Norte, voltado para o melhoramento genético das abelhas com ferrão, na região Meio-Norte, por meio da seleção de populações locais e multiplicação de material genético por meio das rainhas.