Pactuações e compromissos institucionais são destaques no Seminário das Mulheres Rurais
Pactuações e compromissos institucionais são destaques no Seminário das Mulheres Rurais
Foto: Maria Clara Guaraldo
Encerramento do seminário é marcado por compromissos firmados entre ministérios, Embrapa e movimentos sociais
A Embrapa e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) realizaram, na segunda-feira (27), o primeiro Seminário de Contribuições para a Agenda de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação Social para Mulheres Rurais. O evento, coordenado pela Diretoria de Negócios da Embrapa, reuniu mulheres indígenas, quilombolas, do campo, das águas e das florestas, agricultoras familiares, sindicalistas, gestoras de ministérios e de organismos internacionais. Uma abertura cultural deu o tom do evento, com a participação das mulheres da Casa Moringa, um coletivo de brincadeiras e teatro popular (foto)
Pela Embrapa estiveram presentes pesquisadoras, analistas, técnicas, além de toda a Diretoria-Executiva. O evento reuniu mais de 200 participantes, entre os presentes e os que acompanharam a transmissão simultânea. A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, e a diretora de Negócios, Ana Euler, integraram a mesa de abertura junto com Lilian Rahal, secretária de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), Patrícia Vasconcelos, secretária de Agricultura Familiar e Agroecologia do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Maria da Conceição Dantas Moura, subsecretária de Mulheres Rurais do MDA.
O objetivo do encontro foi promover alinhamentos e conexões entre ministérios, Embrapa, extensão rural e os diversos segmentos de mulheres com foco nas políticas públicas e os diversos programas desenvolvidos pelo governo federal. O evento foi coordenado pela Diretoria de Negócios (DE-NE), em colaboração com a Diretoria de Pesquisa e Inovação (DE-PI) e Superintendência de Estratégia e Inteligência (Suest).
A presidente Silvia, em sua fala às participantes, ressaltou o compromisso da Embrapa na produção de alimentos saudáveis e nutritivos e ressaltou o papel da pesquisa e inovação na promoção de sistemas alimentares sustentáveis. Destacou, ainda, que as mulheres já trazem naturalmente consigo o compromisso com a sustentabilidade ambiental.
Maria da Conceição Dantas Moura falou sobre a importante presença das mulheres rurais nos mais diversos empreendimentos, mas que seguem pouco valorizadas, com o seu trabalho invisibilizado, com dificuldades para a titulação da terra, acesso à infraestrutura e mecanização em suas propriedades rurais. “Quando vamos elaborar a ciência, os saberes das mulheres ficam de fora”, destacou, referindo-se às experiências das mulheres em suas unidades de produção com os quintais produtivos, tecnologias de aproveitamento da água, agroecologia.
Lilian Rahal lembrou o quanto o país perdeu ao retornar para o mapa da fome nos últimos anos. “Estamos na luta para sair novamente deste mapa e a Embrapa tem papel fundamental”, disse. E acrescentou: “a fome é feminina, está presente nos lares chefiados por mulheres negras com filhos pequenos ou até 18 anos”. Por isso, outro desafio é a produção, a distribuição e o acesso aos alimentos pelo povo brasileiro. E a Embrapa, segundo ela, tem o histórico de apoiar o governo nas políticas públicas com esta finalidade, como fez entre os anos de 2011 e 2015, com o Plano Brasil Sem Miséria.
Patrícia Vasconcelos ressaltou a importância do acesso ao crédito para as mulheres rurais e enfatizou que o governo vem trabalhando em importantes programas como a produção de alimentos agroecológicos por meio da Chamada Pública Ater Mulheres 2023. “Precisamos do apoio da pesquisa para a adaptação de máquinas e equipamentos para uso das mulheres do campo, das águas e das florestas”, enfatizou.
A diretora Ana Euler, uma das coordenadoras do evento, que acompanhou os debates durante todo o dia, finalizou o encontro ressaltando a importância de pactuações e do compromisso institucional com as políticas públicas para as mulheres. “Precisamos colocar as mulheres no centro da agenda, fortalecendo as conexões entre as redes existentes para trabalharmos soluções concretas nos mais diversos territórios. Este é o início de uma longa jornada”, afirmou.
Entre as reivindicações das mulheres rurais ao término do evento estão: a transformação das experiências “Cadernetas Agroecológicas”, “Cozinhas Coletivas” e “Casa de Sementes” em políticas públicas. O fortalecimento das políticas públicas já existentes como o PAA, Pnae e Cisternas, com investimento de mais recursos e maior alcance das comunidades. Mais pesquisa e assistência técnica para as mulheres indígenas, quilombolas, do campo, das águas e das florestas e a salvaguarda da biodiversidade e a valorização dos sistemas agrícolas dos povos indígenas e povos e comunidades tradicionais.
A diretora Ana Euler convida as lideranças indígenas, quilombolas e da agricultura familiar para discutirem conjuntamente os encaminhamentos do seminário
Roda de debates e apresentação de propostas
Lideranças quilombolas, indígenas e da agricultura familiar participaram da primeira mesa redonda. Elas apresentaram suas experiências e desafios. “Estamos presentes em 24 estados e em todos os biomas brasileiros. Nossa reivindicação para a Embrapa é que atenda as comunidades de acordo com as características dos biomas onde estamos”, afirmou Sandra Maria da Silva Andrade, da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq). Ela destacou, ainda, a necessidade de políticas públicas de assistência técnica para a produção agroecológica, a defesa dos recursos genéticos das áreas quilombolas e o zoneamento da sociobiodiversidade. “Já tenho 60 anos e tenho pressa que as políticas cheguem novamente aos nossos territórios”
Na mesma direção, Lucineia Miranda de Freitas, representante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) ressaltou a necessidade de valorização da experiência das mulheres rurais com as cadernetas agroecológicas. “Há uma coletividade nesses processos, onde se registra modos de produção, a troca de sementes crioulas, mas também situações de violência no campo, questões relacionadas à saúde da mulher, entre outros importantes registros”, exemplificou. Ela finalizou destacando as dificuldades das mulheres para o acesso ao crédito e a necessidade de ampliação das políticas públicas.
Como representante da Articulação Nacional de Mulheres Indígenas (Anmiga), Clarice Arbella declarou que a defesa dos territórios brasileiros passa pelas mulheres indígenas. Entre os desafios colocados enfatizou as dificuldades de acesso à assistência técnica, ao crédito rural e à prestação de contas. Destacou a importância da cadeia produtiva do artesanato para a emancipação das mulheres indígenas, e do reconhecimento do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro como forma de valorização e conservação das práticas tradicionais associadas a agrobiodiversidade.
Elisabeth Cardoso, assessora de Participação Social do MDA, presente à mesa redonda “Estratégias de atuação institucional que promovem a inclusão socioprodutiva e equidade de gênero” reforçou a importância das cadernetas agroecológicas para as mulheres rurais inclusive como instrumento comprobatório para a aposentadoria rural. Isabel Silva, da Anater, ressaltou que as cadernetas estarão presentes na 2ª Chamada de Ater que está sendo construída.
Também participaram da mesa redonda sobre Estratégicas de Atuação Institucional representantes da FAO, ONU Mulheres e do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Camile Sahab do MDS destacou a retomada da construção de cisternas no Semiárido e a ampliação do programa para a região Norte do país.
De acordo Livia Paiva representante da ONU Mulher, no ritmo de políticas atuais serão necessários 300 anos para o alcance global da meta de igualdade de oportunidades entre homens e mulheres no mundo (ODS 5).
Na mesa sobre Capacitação profissional para mulheres rurais participaram representantes do Sebrae, Subsecretaria de Mulheres do MDA, Anater e do Sinpaf. Para Mirane Costa, Diretora da Mulher do Sinpaf Nacional e presidente da Seção Sindical da Sede, a Embrapa deve considerar mais a participação do Sindicato no desenvolvimento das pesquisas para as mulheres. “Somos o elo entre a instituição e os movimentos sociais. O Sinpaf é um instrumento de transformação social, temos a capacidade de estabelecer conexões entre as diversas redes”, afirmou.
Acesse o Flickr da Embrapa e confira as fotos do evento - https://www.flickr.com/photos/embrapa/albums/72177720313001294
Maria Clara Guaraldo (MTb 5027/MG)
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