20/02/24 |   Produção vegetal  Transferência de Tecnologia  Manejo Integrado de Pragas

Manejo Integrado de Pragas traz sustentabilidade para a lavoura de soja

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Foto: Sandra Brito

Sandra Brito - Sinval Lopes, William Lima, Ivênio Oliveira, Magno Rocha, Adair Silva, Alzair Farias e Heberth Passos na Fazenda Água Boa

Sinval Lopes, William Lima, Ivênio Oliveira, Magno Rocha, Adair Silva, Alzair Farias e Heberth Passos na Fazenda Água Boa

O III Encontro Técnico para o Manejo Sustentável da Cultura da Soja foi realizado no dia 16 de fevereiro, na Fazenda Água Boa, em Três Marias-MG. A iniciativa integra as atividades do projeto de cooperação técnica entre a Embrapa Milho e Sorgo e a Prefeitura Municipal da cidade, intitulado "Agricultura Tecnificada em Ecossistema de Inovação como Suporte ao Desenvolvimento Territorial na Região de Três Marias-MG".

As atividades abordaram o conceito do Manejo Integrado de Pragas (MIP), com foco na identificação das pragas, no monitoramento e na tomada de decisão para a escolha das opções de controle. Além disso, foi abordado o papel dos insetos benéficos para o controle biológico das pragas e dos polinizadores, os quais são essenciais para o bom desenvolvimento da lavoura.

As palestras foram ministradas pelo pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Ivênio Rubens de Oliveira e por Ronnie Carlos Pereira, consultor técnico da empresa Lallemand.

Oliveira apresentou uma visão prática do MIP para realçar a importância de um manejo que engloba várias estratégias de controle, com uma base sólida de conhecimento dos problemas fitossanitários da cultura da soja. “Você não pode controlar adequadamente aquilo que não conhece. A primeira etapa é despertar o interesse das pessoas envolvidas sobre a problemática do controle. Ou seja, discutir como lidar com essa questão de maneira sustentável para gerar lucro”, disse.

“O MIP não deixa de fora nenhuma estratégia de controle. Mas busca integrá-las de modo racional para que sejam alcançados resultados satisfatórios, que incluem também os cuidados com a saúde e com o meio ambiente”, pontuou Oliveira.

“Não existe, também, o objetivo de comparar o que é o cultivo sob a luz do MIP com o cultivo convencional para mensurar qual produz mais. Existe sim a finalidade de entender qual deles tem o melhor custo benefício, porque ambos atingem produtividades parecidas. Porém, com o MIP, o produtor gasta menos e assim sobra mais dinheiro para ele no final”.

 

Preservação dos insetos benéficos e polinizadores

Ronnie Pereira, engenheiro-agrônomo da Lallemand, falou sobre a preservação de insetos benéficos e polinizadores com a utilização de produtos biológicos no MIP.

“Há muitos estudos avaliando a relação dos microrganismos com os insetos não alvo, afim de otimizar o controle das pragas. Sabemos que, em muitos casos, ocorre a sinergia dos dois tipos no campo. A vantagem é que as pragas que escaparem da ação dos bioinseticidas à base de microrganismos poderão ser controladas pelos insetos benéficos, considerados inimigos naturais”.

Pereira salientou que o produto biológico é seletivo aos inimigos naturais, pois não usa moléculas químicas. “É importante utilizá-lo de forma correta, ou seja, adotando o posicionamento adequado, que envolve observar o horário da aplicação, as condições meteorológicas e a dosagem”, disse.

A Lallemand tem dois bioinseticidas desenvolvidos em parceria público-privada com a Embrapa: o Crystal e o Lalguard Java.

O Crystal é um bioinseticida à base de Bacillus thurigiensis, para controle da lagarta-do-cartucho, da lagarta-falsa-medideira, da lagarta-das-folhas e da lagarta Helicoverpa armigera. O Lalguard Java é um bioinseticida à base do fungo Cordyceps javanica, para controle da mosca-branca.

 

Parceria e sustentabilidade

Sinval Lopes, coordenador do projeto, considera que, quando se inicia um plantio de qualquer cultura em uma propriedade, pode-se compará-lo com a instalação de uma biofábrica, local em que se multiplicam macro e microrganismos. “Em qualquer cultura implantada teremos um ambiente perfeito para a multiplicação de insetos. Mas é a metodologia de controle adotada que vai determinar se na cultura instalada pelo produtor vão se multiplicar os insetos benéficos, que são os inimigos naturais das pragas, ou desenvolver a resistência das pragas às medidas de controle”, disse.

Segundo Lopes, a probabilidade de sucesso, com sustentabilidade, do sistema produtivo de grãos está relacionada com o manejo que envolve o monitoramento de pragas, os protocolos de aplicação, o posicionamento e a escolha adequada de produtos seletivos.

“Além do mais, em um estudo realizado pela Embrapa Soja com produtores que adotaram o MIP, foi mencionado que houve uma redução de 50% nas aplicações de inseticidas, o que equivale a duas sacas de soja por hectare. Essa foi a razão da escolha do tema para o 3º Encontro Técnico”.

O encontro reuniu mais de 60 participantes, entre produtores rurais, técnicos, parceiros de negócios e estudantes, que foram recebidos pelo proprietário da fazenda, Alzair Teodoro de Farias, e pelos parceiros do projeto. Farias disse que desde o início o projeto buscou implantar práticas sustentáveis com o uso de tecnologias para o desenvolvimento da cultura da soja. “Hoje abordamos um dos problemas que enfrentamos, que é o controle de pragas. Estamos de portas abertas para compartilhar informações”, disse.

O prefeito de Três Marias, Adair Divino da Silva e outras autoridades municipais e estaduais da região também se fizeram presentes e participaram das atividades.  “Os resultados do projeto já podem ser observados na região”, ressaltou o prefeito.

O técnico extensionista Magno Rocha, da Emater de Três Marias, salientou que o projeto busca divulgar novos conhecimentos e tecnologias para o cultivo da soja. “Este é o terceiro encontro que realizamos, e nosso foco é a sustentabilidade do agronegócio”, disse Rocha.

O gerente de carteira rural do Sicoob Aracoop, Charles Elias da Silva, enfatizou que sua empresa, como cooperativa da região, busca estar presente no dia a dia dos produtores rurais para dar apoio técnico e social e contribuir para a aquisição de recursos de custeio ou financiamento. “Eventos técnicos que trazem mais conhecimento são essenciais, e fazemos questão de participar”, disse Silva.

“Para nós é uma grande satisfação fazer parte de um projeto como esse, pois um dos pilares da Jecal Agro é garantir que os produtores rurais sejam os protagonistas de um futuro mais próspero para nossa região. A agricultura é uma excelente oportunidade para o município, disse o consultor técnico da empresa Heberth Passos.

Sandra Brito (MTb 06230/MG)
Embrapa Milho e Sorgo

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