18/03/24 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Parceria entre Embrapa e Reflyta avança no desenvolvimento do sachê de babaçu

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Embrapa Cocais e Embrapa Agroindústria de Alimentos estão desenvolvendo o sachê de babaçu. A pesquisa é fruto de parceria com a empresa Reflyta para fomentar a cadeia de alimentos, gerar produtos e processos inovadores e trazer avanços e desenvolvimento local, visando a melhoria da qualidade de vida das quebradeiras de coco da região da Baixada Maranhense, mais especificamente no município de Palmeirândia, região cujos índices de desenvolvimento são próximos aos da África Subsaariana. Foi realizada reunião este mês para discutir os próximos passos da parceria.

O objetivo da pesquisa sobre o sachê de babaçu é combater a desnutrição aguda e severa em crianças de zero a seis anos e valorizar as comunidades tradicionais extrativistas que sobrevivem do fruto da palmeira nativa babaçu. Segundo a chefe-adjunta de P&D da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Karina Maria Olbrich Dos Santos, “quando a Embrapa Cocais nos propôs esse desafio de pesquisa, compramos a ideia. É uma satisfação estarmos trabalhando juntos. O sachê é para substituir uma refeição, é um alimento completo, com todas as vitaminas e macro e micronutrientes necessários para combater a desnutrição infantil. Por isso, deverá ser considerado um superalimento”.

O chefe de P&D da Embrapa Cocais, Joaquim Costa, disse que a ideia é que futuramente o sachê atenda adultos e idosos, e que também sejam desenvolvidos novos produtos do babaçu. “Estamos desenvolvendo o processo e o produto, a ser validado, inclusive por testes sensoriais e de prateleira, bem como serão acompanhados os resultados com o público-alvo”. 

Da Embrapa Agroindústria de Alimentos, estão envolvidas as pesquisadoras Virgínia da Matta, Renata Torrezan e Janice Lima; da Embrapa Cocais, o pesquisador José Mário Frazão, cuja trajetória de pesquisa é totalmente dedicada ao babaçu.

O CEO da Reflyta e diretor de audiovisual, Jayme Monjardim, exalta a parceria com a Embrapa. “Estamos há quatro anos nesse processo com o babaçu. A parceria com a Embrapa é fundamental e gigante. Temos muito trabalho pela frente. Esses tipos de sachês são distribuídos hoje pela ONU no mundo inteiro. Já imaginaram o Maranhão ser provedor de alimentos feitos à base de coco babaçu, exatamente igual como é o da pasta de amendoim? O Maranhão pode inclusive vender essa imagem da Floresta de Alimentos na COP 2023, valorizando o babaçu e as mulheres extrativistas do Maranhão”, declarou. A empresa Reflyta já explora as potencialidades da amêndoa do babaçu para fabricação de produtos derivados do coco babaçu, investimentos em créditos de carbono e incentivo ao cooperativismo. “Pretendemos implantar, futuramente, com o apoio da expertise da Embrapa, centro de estudos e laboratório de alimentos, para novas técnicas, novas fórmulas, aproveitando as experiências já geradas pela ciência, desenvolvendo novas tecnologias, formando pessoas para gerar riqueza e renda na região. Somos conscientes da importância de tecnologias para impulsionar o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do Maranhão e do Brasil”, diz.

Monjardim veio acompanhado da sua sócia, a maranhense Cornélia Rodrigues, filha, neta e bisneta de quebradeiras de coco, conhecida como Nelinha do Babaçu. “O conhecimento científico está mostrando que é possível realizar o nosso grande sonho, um sonho bem pensado, de agregar valor ao babaçu, às pessoas que vivem dele e desenvolvimento à região”.

Para Guilhermina Cayres, chefe de transferência de tecnologia e líder do projeto, esta é uma oportunidade para dar visibilidade ao babaçu perante outros públicos, trazendo para o Maranhão o protagonismo de valorizar a palmeira como uma espécie da sociobiodiversidade que fortalece a identidade cultural do Estado. “É preciso superar a associação do babaçu com miséria e atraso e promover a agregação de valor aos produtos e coprodutos da palmeira babaçu, símbolo de resistência, resiliência e ainda de empreendedorismo e negócios sustentáveis, por meio de pesquisa e inovação da Embrapa e de outros parceiros institucionais, em sinergia com as famílias agroextrativistas do babaçu, principalmente as quebradeiras de coco”.

Da sede da Embrapa, veio analista Joyce Marques dos Santos, gerente Geral de Negócios da Diretoria de Negócios da Embrapa, para orientar os processos posteriores de registro na Anvisa e proteção do produto. Joyce realizou na mesma semana o bate-papo “Dialogando com a DENE: pesquisa e negócios na Embrapa”. Segundo ela, o encontro foi importante para nivelar conceitos de transferência de tecnologia e inovação e trazer perspectivas da nova diretriz de negócios sobre o tema e ainda compartilhar experiências acumuladas a partir de casos das UDs, mostrando que é possível construir processo de transferência de tecnologia de forma coletiva pelos atores. “Acreditamos que há possibilidades diferentes de inserção de soluções tecnológicas no mercado de acordo com cada caso. Também foi oportunidade de tirar dúvidas, identificar demandas que para nós são novos desafios”, completou.

Riqueza do babaçu

O Maranhão é o maior produtor de babaçu do Brasil, sendo a cadeia de valor do babaçu a terceira maior força produtiva do estado. Várias matérias-primas são extraídas da palmeira, que contribui para a conservação da vegetação nativa. A cada ciclo, o babaçu forma de dois a seis cachos, cada qual contendo de 150 a 300 frutos. Ou seja, uma palmeira produz, por ano, cerca de 800 frutos. Cada planta, sem receber nenhum cuidado especial, produz, cerca de 2,5 toneladas de frutos por hectare ao ano. Se for tratada, a produção tem potencial de chegar a 7,5 toneladas por ha/ano. A planta pode ser usada ainda para fabricar peças de móveis e artesanato, alimentícios, chá medicinal, dentre outros itens.

Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
Embrapa Cocais

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