11/04/24 |   Estudos socioeconômicos e ambientais

Embrapa participa de audiência sobre trabalho escravo na Câmara de Aracaju

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Foto: Saulo Coelho

Saulo Coelho - Audiência foi promovida pela vereadora Sônia Meire

Audiência foi promovida pela vereadora Sônia Meire

A Embrapa Tabuleiros Costeiros participou, na tarde de quarta (10), como instituição convidada, da Audiência Pública na Câmara Municipal de Aracaju para debater o combate ao trabalho escravo contemporâneo. 

A chefe-geral interina Tereza Cristina de Oliveira e a analista de Inovação Raquel Fernandes participam do encontro, que aconteceu por iniciativa da vereadora Sônia Meire (PSOL), e reuniu instituições de ensino e pesquisa e de fiscalização e controle, além de entidades da sociedade civil.

Organizada pela professora de direito da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Shirley Silveira, a audiência teve à mesa diretora, além da Silveira e Meire, a dirigente do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Estado de Sergipe, Quitéria Santos, o auditor fiscal do Ministério do Trabalho, Thiago Laporte e Kalil Ralin, da Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae).

Em sua fala durante a participação popular na audiência, Tereza destacou a importância e o papel das instituições públicas de pesquisa, ciência e tecnologia, como a Embrapa, na construção de políticas públicas e tecnologias sociais que promovam condições e relações de trabalho cada vez mais dignas e humanas no campo brasileiro. 

“O trabalho escravo contemporâneo é um tema que permeia todas as áreas, e está muito presente no ambiente rural brasileiro. Diante dessa realidade, é muito importante que as organizações atuem em redes de cooperação para que o impacto de suas ações seja efetivo e ajude a mudar esse cenário”, defendeu a dirigente da Embrapa.

“Uma parte importante da missão da pesquisa agropecuária pública é conhecer e compreender a realidade do campo e os tipos de agricultura e modelos de desenvolvimento que se pretende para o país, e isso passa pela qualidade de vida e condições de trabalho dignas para agricultores e agricultoras, com segurança alimentar e perspectivas de melhora na sua renda”, complementou. 

A professora Shirley Silveira apresentou a temática trazendo os estudos sobre o trabalho escravo em Sergipe, também destacando o que o município de Aracaju pode fazer em relação ao assunto. “A escravidão contemporânea é um trabalho forçado, ou por dívidas, mas também uma jornada exaustiva e um trabalho degradante. Hoje, no Brasil, o trabalho escravo é não respeitar a mínima dignidade do trabalho e do trabalhador. É ser tratado como não humano. A justiça vai julgar o crime, mas o município pode legislar, até porque quem está na ponta se relacionando com as pessoas escravizadas é o município. Então, ele tem um papel de prevenção importantíssima, como também pode ser um veículo de denúncias”, destacou a professora Shirley. 

A dirigente do Sindicato das Trabalhadoras Domésticas do Estado de Sergipe, Quitéria Santos, falou sobre as trabalhadoras domésticas e seus regimes de exaustão. “Uma trabalhadora foi convidada para um evento e ela disse que não podia porque estava sem aguentar levantar até para pegar um copo e beber uma água, porque fez uma faxina no dia anterior e estava toda quebrada. Isso não é escravidão? Continua sendo escravidão. E, às vezes, ela tem que levar comida, como boia fria. É esse tipo de coisa que ainda que estamos passando”, disse Quitéria Santos.

O que o Ministério do Trabalho vem fazendo para combater o trabalho escravo foi apresentado pelo auditor fiscal Thiago Laporte. “Quando falamos em números nacionais, até janeiro tivemos mais de 61 mil trabalhadores resgatados pela inspeção do trabalho. Em Sergipe, foram resgatados14 trabalhadores, mas fiscalizamos 18 estabelecimentos. A gente faz fiscalizações, mas nem sempre há resgate. De fato, houve um atraso no nosso estado na detecção do trabalho escravo. O Ministério do Trabalho tem uma ‘lista suja’, que não traz punição, mas expõe os empregadores que reduziram trabalhadores à condição análoga de escravo, com inserção recorde de mais de 240 empregadores”, disse o auditor fiscal. 

O estado de Sergipe voltou a possuir uma Comissão Estadual para Erradicação do Trabalho Escravo desde 2023 e o representante Kalil Ralin destacou que ela tem objetivo de construir políticas públicas junto com outros órgãos. “A Comissão visa promover o atendimento sistematizado e especializado das vítimas do trabalho escravo. É importante a implantação do fluxo estadual, que está faltando no nosso estado. E a Coetrae tem um papel principal principalmente após o resgate”, disse Kalil Ralin. 

A vereadora Sonia Meire destacou que o espaço do trabalho doméstico retoma o espaço colonial. “São muitos crimes que são estabelecidos. Além da violência e do cárcere privado, é muita violência, muito crime em um lugar só. Esse processo de negação do direito humano levanta um quadro muito difícil no nosso país. E o trabalho doméstico traz a complexidade de todas as relações do trabalho escravo”. Sonia Meire também disse que é muito importante ouvir os especialistas e as pessoas, mas, para além das escutas, é necessário avançar para intervir na realidade. “Às pessoas são negadas até a água em seus locais de trabalho, é uma degradação completa e a total ausência de política pública. O trabalho escravo traz no seu conteúdo principal a forma da desumanização do processo de degradação no sentindo humano”, finalizou a vereadora.

*Com informações de Manuella Miranda - Assessoria Parlamentar da vereadora Sônia Meire

Saulo Coelho (mTb/SE 1065)
Embrapa Tabuleiros Costeiros

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