Palestra discute caminhos para a sociobioeconomia inclusiva
Palestra discute caminhos para a sociobioeconomia inclusiva
“Mudanças políticas necessárias para apoiar sociobioeconomias inclusivas e sistemas agropecuários sustentáveis” foi o tema da palestra ministrada pela pesquisadora Rachael Garrett, na última quinta-feira (11), na Federação das Indústrias do Acre (Fieac). A iniciativa foi promovida pela Embrapa Acre e faz parte das ações do Acordo de Cooperação Técnica Internacional entre a Embrapa, Universidade ETH Zurich e Universidade de Cambridge.
Durante o evento, a pesquisadora e professora da Universidade de Cambridge apresentou informações que indicam a necessidade de fortalecimento das ações governamentais para apoiar organizações sociais e promover o cooperativismo e a capacidade de gestão das associações e cooperativas, visando potencializar modelos produtivos envolvendo a bioeconomia da sociobiodiversidade, junto às populações extrativistas e produtores familiares em assentamentos rurais da Amazônia.
De acordo com Garret, embora o interesse pela sociobioeconomia seja crescente, ainda faltam pesquisas e financiamentos visando ampliar os conhecimentos sobre o potencial da biodiversidade em áreas de floresta. “Existem muitas atividades e investimentos na agricultura, mas muito pouco apoio financeiro para atividades produtivas sustentáveis em áreas de floresta, principalmente para comunidades tradicionais, indígenas e pequenos produtores que vivem distantes dos centros urbanos”, enfatiza.
Como exemplos de políticas públicas do governo federal, que contribuem para o fortalecimento da sociobioeconomias, foram citados o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e a Política de Garantia de Preços Mínimos para os Produtos da Sociobiodiversidade (PGPM-Bio). “São iniciativas que fazem uma ligação entre a produção sustentável a partir da biodiversidade com melhorias na alimentação de segmentos da população urbana”, explica Garret.
A pesquisadora também destacou a empresa de calçados Veja e a Cooperativa Central de Comercialização Extrativista no Acre (Cooperacre) como modelos de negócio que buscam conciliar o comércio justo, inclusão produtiva e melhoria da renda dos produtores com a valorização dos recursos naturais regionais, por meio de uso e beneficiamento sustentável de produtos florestais, além de valorizar saberes de populações tradicionais.
Segundo o pesquisador da Embrapa Acre, Judson Valentim, o principal interesse dos estudos desenvolvidos nesta parceria internacional é detectar os desafios e as oportunidades para a promoção da sociobioeconomia inclusiva na Amazônia. “Esse modelo de desenvolvimento é a principal opção para valorização da floresta em pé, geração de renda e promoção do bem-estar das populações que vivem na floresta, como as populações indígenas e extrativistas”, ressalta.
Parceria
A Embrapa e as Universidades de Cambridge e ETH Zurich desenvolvem pesquisas em parceria em estados da Amazônia Legal como Mato Grosso, Acre, Pará e Rondônia, a fim de dialogar com os produtores, empresas e cadeia de insumos para identificar as dificuldades existentes e as ações políticas necessárias para promover a adoção, em larga escala, de tecnologias que permitam o desenvolvimento da região e a intensificação sustentável dos sistemas de produção.
Segundo Valentim, os resultados desse esforço coletivo poderão subsidiar tomadores de decisões, tanto em nível estadual como na esfera federal, bem como o setor privado, quanto à adequação de políticas públicas que possibilitem superar problemas tecnológicos e não tecnológicos que dificultam a produção.
Entre esses desafios estão a necessidade de acelerar a regularização fundiária para que os pequenos produtores possam ter acesso ao crédito rural, melhorar a infraestrutura de transporte, eletrificação rural e acesso a internet no meio rural e de promover o cooperativismo e a capacitação das organizações sociais para aumentar a governança e o acesso aos mercados. “É essencial ter políticas adequadas para apoiar esses grupos e segmentos sociais, para possibilitar melhoria na renda e qualidade de vida e, ao mesmo tempo, manter a floresta em pé”, conclui.
Pâmela Celina (MTb 606/AC)
Embrapa Acre
Mauricilia Silva (MTb 429/AC)
Embrapa Acre
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