Agricultores familiares e pesquisadores buscam formas de produzir com menor custo frutas mais saudáveis
Agricultores familiares e pesquisadores buscam formas de produzir com menor custo frutas mais saudáveis
Reunião apresentou controle biológico desta importante praga do figo roxo
Encontro em 15 e abril na Associação Agrícola de Valinhos reuniu cerca de 70 agricultores do Circuito das Frutas, em especial os de Valinhos, para discutir como produzir frutas mais saudáveis e com menor custo, além de mostrar ao agricultor familiar que é possível produzir utilizando menos insumos e com controle biológico da mosca das frutas, praga que afeta a produção de figo roxo e outras fruteiras na região. O evento também teve o objetivo de fortalecer a agricultura periurbana pressionada pela urbanização e articular um projeto que incentive a transição agroecológica com foco no aumento da biodiversidade nas propriedades. Foi realizado como parte do Projeto AgriVal em parceria com a Associação Agrícola e com a Prefeitura Municipal de Valinhos.
O pesquisador da Embrapa Meio Ambiente Ivan Alvarez provocou os presentes sobre os 3 principais problemas atuais da agricultura valinhense – mão-de-obra, pragas e mudanças climáticas. “A falta de mão-de-obra e o seu alto custo se deve ao urbanismo crescente, pela cidade estar em uma região do estado onde o custo da terra é alto, destacou Alvarez. “É preciso aumentar a produção de água, a partir do aumento da necessidade da irrigação como adaptação às mudanças climáticas, disse o pesquisador.
Outro ponto destacado foi a salinidade do solo por excesso de adubo que afeta o balanço de nutrientes. Alvarez também falou sobre a participação de maneira mais coletiva em compras e vendas pela associação para diminuir custos. “Valinhos ainda é a cidade do figo, mas será difícil continuar a ser com poucos agricultores produzindo”.
A pesquisadora da Embrapa Semiárido Beatriz Paranhos falou sobre as exigências do mercado, sem resíduos tóxicos, preservação do meio ambiente, dos polinizadores e com segurança para os operadores do campo.
“Nem todo inseto é praga, por isso é importante o monitoramento do pomar para estimar a população e se não houver necessidade, não é preciso usar produtos químicos para não desiquilibrar o ecossistema e matar insetos que trabalham para o produtor”, alertou Beatriz. As aplicações precisam ser na hora certa.
Beatriz falou sobre armadilhas luminosas, como exemplo, para se usar ferramentas naturais com o que temos no campo, manter o pomar limpo de frutos infectados, não deixar apodrecendo no chão, não usar restos de podas de matéria orgânica infectada, além de preservar os inimigos naturais no campo, usar herbicidas menos tóxicos.
A pesquisadora mostrou fotos de predadores naturais para não serem confundidos com as pragas, pois são insetos importantes para o controle biológico.
Para o presidente da Associação de Agricultores de Valinhos, Pedro Pellegrini, a reunião foi muito importante, uma vez que o tema abordado é um assunto que vem preocupando os produtores. “Acredito que demos início para que possamos buscar projetos e parcerias com a Embrapa e juntos consigamos trazer soluções eficazes para uma produção sustentável e que nosso setor agrícola possa continuar prosperando”, destacou.
Erika Yonemura, produtora de goiaba, explica que o agricultor até sabe o que precisa ser feito. “Fórmulas mágicas não existem, e acredito que é disso que a maioria vem atrás. Mas todo modo de auxílio é super válido”, acredita.
Francisco Fabiano, proprietário da Campal Frutas, empresa produtora e exportadora de frutas de Valinhos, com produção de figo, goiaba, carambola, atemoia e pêssego, explica que os produtores estão com dificuldades com a mosca das frutas, e a reunião trouxe algumas dicas inclusive para diferenciar qual mosca é de qual fruta, algumas coisas que achávamos que era mito e a pesquisadora do Semiarido esclareceu o que funciona. “Agora é importante seguir com esse projeto, unir os produtores, ter mais encontros como esse e cada um fazer a sua parte para ser bom para todo mundo”, acredita Fabiano.
Na parte da manhã, o grupo visitou propriedades com alta incidência de mosca das frutas. No encerramento do dia, houve roda de conversa buscando encontrar uma solução mais viável para a fruticultura periurbana.
Na quarta-feira, 17 de abril, na Embrapa Meio Ambiente houve articulação para um projeto que envolva controle biológico e aumento da biodiversidade na agricultura familiar focando nos serviços ecossistêmicos.
Circuito das Frutas
O Circuito das Frutas do estado de São Paulo, formado pelos municípios de Atibaia, Indaiatuba, Itupeva, Itatiba, Jundiaí, Jarinu, Louveira, Morungaba, Valinhos e Vinhedo, é um polo de produção agrícola familiar. A produção do Circuito das Frutas destina-se desde o comércio local até à exportação, com destaque para as culturas da uva, goiaba, morango, figo, caqui, pêssego e acerola. Nesse contexto, Valinhos se destaca pela produção de figo e goiaba. A busca por uma produção sustentável e que fortaleça a agricultura periurbana passa pela minimização do uso de insumos e a uma transição para uma agricultura de baixo carbono e valorização dos serviços ecossistêmicos.
A Embrapa Meio Ambiente desenvolve pesquisas com a agricultura periurbana para encontrar meios, junto ao agricultor, para promover a sustentabilidade econômica, social e ambiental da propriedade rural, fortalecendo a competitividade e o sentimento de pertencimento à terra dos agricultores familiares, explica Alvarez. E de como conviver com as pressões que a agricultura periurbana sofre. Por isso, trabalha com quatro linhas nesse sentido: incentivo ao jovem rural, proposta de crédito específico para o agricultor familiar periurbano, pagamento por serviços ecossistêmicos da agricultura e minimização de uso de insumos.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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