Instituições discutem estratégias para melhorias na cadeia produtiva da borracha no AM
Instituições discutem estratégias para melhorias na cadeia produtiva da borracha no AM
Extrativistas seringueiros, representantes de segmentos industriais que utilizam borracha como insumo, representantes do governo, pesquisadores e membros da sociedade civil discutiram ações e estratégias para melhor organização da cadeia produtiva da borracha, valorização do produto com geração de renda e melhoria de qualidade de vida para os seringueiros. As discussões ocorreram no 1° Workshop do Adensamento da Cadeia da Borracha, evento realizado na quarta-feira, 15 de maio, sob coordenação da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti).
Participaram representantes de instituições como Embrapa Amazônia Ocidental, Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Estado do Amazonas (Idam), Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), Agência de Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (ADS), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Banco da Amazônia, Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), entre outros.
O secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico da Sedecti, Gustavo Igrejas, destacou que essa é uma iniciativa para chamar as diversas entidades envolvidas no setor buscando melhorias para essa cadeia visando interiorização do desenvolvimento e geração de renda local. O secretário citou que o Pólo Industrial de Manaus (PIM) tem grande demanda por borracha, não apenas para a produção de pneus, mas também para produtos mecânicos que utilizam borracha como insumo. O secretário citou que o PIM é um gigante de demanda para compra de insumos não se está aproveitando isso, pois empresas instalados no Amazonas importam borracha para atender sua demanda. “Então é muito importante fazer um adensamento, fazer uma organização dessa cadeia produtiva para que essa geração de emprego e renda aconteça aqui”, comentou.
O adensamento da cadeia produtiva já vem sendo feito pelas empresas fabricantes de motocicletas e bicicletas instaladas no Polo Industrial de Manaus, segundo informou a Abraciclo, entidade representante brasileira das empresas do segmento de duas rodas instaladas no PIM. Segundo o Relações Institucionais da Abraciclo, Anderson Chaves, o segmento envolve 15 empresas associadas no PIM e o setor é muito favorável que esse adensamento ocorra também com o fornecimento de borracha, sobretudo para redução de custos com logística, além de associar o conceito de redução de emissões de gases de efeito estufa, entre outros fatores.
O chefe-geral da Embrapa Amazônia Ocidental, Everton Cordeiro, foi um dos palestrantes apresentando o tema Adensamento da Cadeia da Borracha. Apresentou tecnologias desenvolvidas pela Embrapa para cultivo da seringueira, como a seringueira tricomposta que viabiliza o cultivo em áreas de ocorrência do fungo Microcyclus ulei, causador do mal-das-folhas, um dos principais problemas enfrentados para o cultivo de seringueira em regiões quentes e úmidas da América do Sul. Com a tecnologia de cultivo de seringueira tricomposta, obtida a partir da combinação de enxertias, as seringueiras conseguem resistência ao fungo e maior produtividade, e o cultivo permite ter árvores de seringueira aproveitando áreas alteradas e mais próximas das comunidades facilitando o trabalho dos seringueiros. Pesquisas feitas na Embrapa incluem alternativas para que os produtores possam obter produção e renda antes de iniciar a produção de látex, incluindo o cultivo de espécies alimentares nas entrelinhas das seringueiras, com culturas anuais como milho e o feijão-caupi, por exemplo. Além das tecnologias para cultivo, o pesquisador também destacou a importância de boas práticas para obter melhores resultados do extrativismo e conservar as árvores de seringueira nativas na floresta.
Em outro painel no evento foram abordadas ações para revitalizar o extrativismo e obter melhor valorização da borracha nativa amazônica. Uma iniciativa desenvolvida pelo Memorial Chico Mendes junto com 11 associações e cooperativas do Estado do Amazonas, que atua em seis municípios do estado e inclui parcerias com o governo do Estado, empresas privadas e organizações ambientais da sociedade civil. O analista do Memorial Chico Mendes, Jhansen Siqueira, explica que a proposta dessa iniciativa é revitalizar o extrativismo de produção da borracha com maior valorização do seringueiro e melhor qualidade na borracha. “Hoje nós batemos muito na tecla da qualidade desse produto e do manejo correto também das boas práticas no seringal, então a gente trabalha desde o processo de capacitação do seringueiro, cadastro, rastreabilidade da borracha e fomento também para as políticas públicas, tanto estaduais quanto municipais”, informou. “Então é uma iniciativa que fomenta a geração de renda no estado, fomenta a manutenção da floresta por meio da conservação dos seringais e manutenção dos serviços ambientais da floresta e que a gente espera agregar um número maior de associações envolvidas, de municípios e sensibilizar o poder público para um maior apoio para essa iniciativa” disse Siqueira.
Outra ação nesse sentido, foi apresentada por Sebastião Pereira, gerente de cadeia produtiva da empresa Veja, que produz tênis com sola de borracha nativa obtida do extrativismo da Amazônia, com maior valorização do preço a partir da adoção de critérios relacionados à sustentabilidade, boas práticas, organização de associações e cooperativas etc. “A gente quer que se veja além do produto borracha , o trabalho do seringueiro e os serviços de preservação por trás desse produto”, comentou. A matéria-prima é comprada do Amazonas, Acre, Rondônia, Pará e Mato Grosso.
Um dos gargalos destacados por diversos setores presentes como um desafio para o adensamento da cadeia é a logística para beneficiamento da borracha, que em alguns casos, é enviada a matéria prima para ser beneficiada no estado da Bahia e volta para o Amazonas. Entretanto, há uma empresa de beneficiamento instalada em Iranduba, região metropolitana de Manaus, mas ainda não conta com matéria prima em volume e escala. O diretor industrial da Ruberon, Rodrigo Nunes, informou que a empresa conta com estrutura com capacidade de processamento de 600 toneladas ao mês, mas atualmente ainda não conta com matéria-prima disponível para deixar a fábrica ativa. “Hoje o nosso desafio está na matéria-prima realmente, para fazer o beneficiamento da borracha, e eu espero que com o workshop se consiga montar um grupo de trabalho muito forte e que ajude a desenvolver o trabalho junto com os extrativistas e consiga trazer essa matéria-prima para dentro da região da Amazônia, para essa região do centro, para o beneficiamento e a gente tirar esse gargalo logístico da operação”, informou.
No evento também se apresentou as ações do Governo do Estado, como o projeto prioritário da cadeia produtiva da borracha que envolve 14 municípios produtores, procedimentos para adesão na subvenção estadual do preço da borracha, ações realizadas junto às unidades de conservação e propostas de políticas públicas para o setor, entre outros assuntos.
Síglia Souza (MTb 66/AM)
Embrapa Amazônia Ocidental
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