05/06/24 |   Florestas e silvicultura  Mudanças climáticas  Recursos naturais  Gestão ambiental e territorial

Bacia do Córrego Marinheiro, na Embrapa Milho e Sorgo, recebe projeto de reflorestamento

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Foto: Guilherme Viana

Guilherme Viana - Robson Guimarães e Paulo Ribeiro, da Embrapa Milho e Sorgo

Robson Guimarães e Paulo Ribeiro, da Embrapa Milho e Sorgo

No Dia Mundial do Meio Ambiente, conheça ações sustentáveis desenvolvidas pela Embrapa e empresas parceiras

 

A Embrapa Milho e Sorgo, em seus quase dois mil hectares de área entre os municípios mineiros de Sete Lagoas e Prudente de Morais, mantém recursos naturais preservados em Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e em Áreas de Preservação Permanente (APPs), com grande diversidade de fauna, flora, canais de água e lagoas naturais, além de cavidades naturais subterrâneas. Parte da Bacia do Córrego Marinheiro, inserida na Sub-bacia do Ribeirão Jequitibá, por sua vez pertencente à Bacia Hidrográfica do Rio da Velhas, está dentro da Fazenda Experimental da Embrapa Milho e Sorgo. Em 12 hectares da Área de Proteção Ambiental do Marinheiro teve início, em março de 2024, um projeto de recuperação da flora, com plantio, manutenção e monitoramento de 26.800 mudas de espécies nativas do Cerrado.

A iniciativa é resultado de um Acordo de Cooperação Técnica firmado entre a Embrapa Milho e Sorgo e a Usina Solar Inconfidentes V, em compensação à instalação, por parte dessa empresa, de duas usinas fotovoltaicas para geração de energia. De acordo com o pesquisador Paulo Eduardo de Aquino Ribeiro, presidente do Comitê Local de Sustentabilidade, da Embrapa Milho e Sorgo, e gestor administrativo do acordo, “trata-se de uma grande oportunidade de recuperação de áreas da Embrapa que vão contribuir significativamente para a recarga do lençol freático nas proximidades do córrego do Marinheiro, o que, em médio prazo, levará à maior disponibilidade hídrica naquele corpo d’água”. Outra vantagem, continua Ribeiro, “é a redução significativa de produção de biomassa de capim – que contribui para queimadas no período seco – nas áreas de plantio de mudas nativas”.

A parte da bacia do Marinheiro que vem sendo reflorestada na Embrapa Milho e Sorgo está recebendo espécies denominadas como “pioneiras” (árvores que possuem rápido crescimento e são resistentes à luminosidade), “secundárias” (dependentes das primárias, que condicionam o ambiente para sua instalação) e espécies “clímax” (necessitam de sombreamento para seu desenvolvimento e possuem crescimento lento). Entre outras espécies menos conhecidas do domínio público em geral, vêm sendo plantadas mudas de pata-de-vaca, embaúba, pequi, murici, jacarandá-do-cerrado, vinhático, angico, cagaita, jacarandá, sucupira, cedro, araticum, jatobá, jequitibá, sapucaia, pau-d’óleo e jenipapo. Segundo o técnico Robson Guimarães da Silva, coordenador técnico do acordo por parte da Embrapa Milho e Sorgo, o plantio das mudas restantes deverá ter continuidade com o início do próximo período chuvoso, no final de 2024.

Entre os critérios de seleção das mudas para o plantio, de acordo com projeto apresentado pela Usina Solar Inconfidentes, foram elencados aspectos como atrativos para a fauna, em especial, aves e mamíferos frugívoros, que desempenham o papel de dispersores de sementes e acrescentam mais plantas às áreas de recomposição; e que possuam comportamento silvicultural conhecido e facilidade de produção e obtenção de mudas.

Para executar a implantação do projeto, a Usina conta com a consultoria da Terrenus Agroflorestal, que é responsável pelo preparo do solo e plantio das mudas; pela implantação de práticas conservacionistas, como o combate a formigas cortadeiras; replantio (se necessário); adubação de cobertura; roçada; coroamentos; controle de cipós; controle das queimas e da erosão. À Embrapa Milho e Sorgo, cabe o acompanhamento da execução desses aspectos e o monitoramento das atividades.

 

Em busca de mais ações sustentáveis

Para Lúcio Nei Bento, chefe-adjunto de Administração da Embrapa Milho e Sorgo, o Acordo de Cooperação Técnica é de extrema importância, “pois, além do esforço coletivo para recuperação da flora com ações de plantio de milhares de mudas de plantas nativas na área da Unidade, em específico no entorno da APA do Marinheiro, o acordo estabelece um robusto plano de trabalho, que garante o correto manejo do plantio nos próximos dois anos”, enfatiza.

Segundo ele, a experiência positiva da Unidade em adotar práticas sustentáveis motivou a equipe a realizar novos diálogos em busca de novas parcerias com empresas que adotam esses mesmos preceitos. “A Administração entende que a cooperação formal fortalece a interseção entre os eixos sustentáveis, valorizando as premissas discutidas diariamente pela instituição de pesquisa e colocando a Unidade em destaque”, enfatiza.

 

Curiosidades

De acordo com a dissertação apresentada em 2018, ao Programa de Pós-Graduação em Geografia da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), pelo mestre em Geografia Jonas Rodrigo do Amaral, coorientado pelo pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo João Herbert Moreira Viana, a bacia do Córrego do Marinheiro encontra-se na depressão do Rio São Francisco e apresenta relevo marcado pela presença de colinas suaves côncavo-convexas, com variação altimétrica na faixa de 700 m a 800 m.

“Quanto à cobertura vegetal nativa da área, há grande predominância do Cerrado, especialmente os subtipos Campos e Cerrado Típico. Outros tipos vegetacionais que podem ser encontrados na área são as matas de galeria e ciliar com características de Floresta Estacional Semidecidual e Mata Seca (Floresta Decídua) sob afloramento de calcário”, cita.

Segundo o relatório apresentado pela Terrenus Agroflorestal à Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Sete Lagoas, a Bacia do Rio das Velhas possui diversidade de fauna muito grande, inclusive com espécies ameaçadas de extinção, como o tamanduá-bandeira, o cachorro-do-mato, o lobo-guará, a onça-parda ou suçuarana, o gato-do-mato, a jaguatirica, a onça-pintada, a lontra e o veado-campeiro.

 

Manejo ambiental da Fazenda Experimental

Em toda a área da Fazenda Experimental da Embrapa Milho e Sorgo são observadas e aplicadas práticas conservacionistas de solo e água, tais como plantio direto, construção de barraginhas e de terraços para eliminação de enxurradas, entre outras. As Áreas de Proteção Permanente (APPs), previstas em lei, foram delimitadas, e foram eliminadas quaisquer atividades experimentais antes realizadas nelas.

Como parte do processo de licenciamento ambiental da Unidade, foi elaborado e iniciada a implantação, em 2015, do Projeto Técnico de Recomposição da Flora (PTRF) nas APPs, no qual se destaca o plantio e a manutenção nessas áreas de mudas de espécies nativas adaptadas à região. A reserva legal foi devidamente delimitada, dimensionada e averbada nos órgãos competentes, constituindo cerca de 50% da área total da fazenda.

 

Guilherme Viana (MTb 06566/MG)
Embrapa Milho e Sorgo

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