Com quantas mãos se faz um futuro? Na manhã chuvosa do dia 7 de junho de 2024, empregados da Embrapa Alimentos e Territórios se reuniram numa ação socioambiental de plantio de cerca de 150 árvores de espécies nativas na área onde está sendo construída a nova sede da Unidade, no bairro Saúde, em Maceió (AL). O local, batizado de Bosque Saúde, recebeu mudas de caju, cajá, umbu-cajá, araçá, araçá-boi, jenipapo, juçara, maçaranduba, ingá, cambuí, manga, imbú e amescla. 

João Flávio Veloso, chefe-geral da Embrapa Alimentos e Territórios, explicou que o plantio das mudas faz parte de um termo de compensação ambiental assinado junto à prefeitura de Maceió, já que foi necessário retirar cerca de 40 pequenas árvores que estavam nas ruínas antes do início das obras de reforma e construção da nova unidade. Segundo ele, serão plantadas um total de 233 árvores.

“O bosque vai ter uma conexão com a estrutura da sede, de forma que os empregados possam vir para cá na hora do almoço para momentos de relaxamento e uso coletivo. Estamos ampliando a área de proteção ambiental em 50m de largura e agora vamos cuidar dessas árvores”, disse Veloso. 

Ricardo Elesbão, chefe de Pesquisa e Desenvolvimento, especialista em fruticultura tropical, disse que as mudas escolhidas para o plantio são espécies que vão se adaptar bem à região. “Há algumas plantas que precisam um pouco mais de água, como a juçara e o ingá, que é de beira de rio, e algumas mirtáceas como o araçá, o cambuí e o jenipapo, que são de uma zona intermediária em que chove mais”, afirmou. 

As mudas foram adquiridas da Cooperativa Aroeira, de agricultores familiares de Piaçabuçu (AL), e são árvores nativas do bioma Mata Atlântica, predominante no local onde está sendo construída a sede da Embrapa Alimentos e Territórios. 

“O dia de hoje foi um marco de integração dos empregados e também do início das obras no bairro da Saúde. As pessoas que vieram começam a se sentir parte e agora vai sair a nossa nova sede”, disse o chefe administrativo Fábio Silva. Ele, que plantou cajú, símbolo de sua cidade natal, Aracajú. “Minha referência de infância é praia e muito cajueiro”, lembrou. 

Placas com o nome dos empregados

Cada árvore plantada ganhou uma placa de acrílico com o nome do empregado que a plantou, e também de colegas que fizeram e ainda fazem parte da história da Unidade mas não puderam estar presentes. A analista Mara Petrocchi levou a família para participar da ação. “A gente está construindo o nosso futuro, da nossa empresa, dos nossos familiares, de todo o povo alagoano, é isso que estamos fazendo. Rearborizar uma área é um presente para o futuro”, disse a mãe do pequeno Miguel, de sete anos. 

Priscila Bassinello, pesquisadora, plantou cajá e umbu-cajá. Segundo ela, as espécies a escolheram, e ela adora essas frutas. “É uma satisfação participar desse momento. A gente deixa a nossa marca para que isso frutifique no futuro, não só com bons resultados de projetos, mas com essa área verde que trará sombra e frutas saborosas para a gente. Que tanto essas árvores que plantamos hoje quanto a nossa Unidade tenham vida longa”, desejou.

O técnico agrícola Oguimar foi o responsável tanto por buscar as mudas das plantas como por ensinar ao grupo noções de plantio, como a maneira correta de posicionar a muda na cova, a quantidade de adubo a ser misturada à terra do local e o modo de cuidar de cada espécie. “Estamos deixando uma marca para sempre e acho que isso deveria ser uma prática disseminada por todas as unidades da Embrapa, porque é importante tanto para os habitantes locais quanto para a valorização das habilidades dos empregados”, afirmou. 

A analista Lígia Sardinha, que acaba de chegar de Brasília para fazer parte da equipe da Embrapa Alimentos e Territórios, fez questão de participar da ação coletiva de plantio de árvores. Ela lembrou do ditado que diz que devemos ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro. “Essa já é a terceira árvore que planto, e vim porque eu gostaria de fazer parte desse momento histórico da Unidade na qual estou sendo muito bem recebida e da qual faço parte agora. Considero a minha dissertação de mestrado um livro e o filho, o universo está cuidando”. A analista, que plantou um cajueiro, disse que já se imagina colhendo os frutos das árvores que plantou para degustar no final de semana. 

Obras já começaram

As obras de construção da sede da Embrapa Alimentos e Territórios tiveram início em janeiro de 2024 numa área de 16,6 hectares doada pelo Governo de Alagoas. A primeira fase de execução dos serviços de engenharia, para requalificação da antiga Companhia de Fiação e Tecelagem Norte de Alagoas, conhecida como a Fábrica da Saúde, vai até dezembro de 2025.

O analista Alessandro Kremer, engenheiro responsável pela obra, disse que a área escolhida para o Bosque Saúde era um descampado que historicamente possuía vegetação nativa. Além do bosque, também existe um projeto de paisagismo junto aos edifícios que estão sendo construídos. “Os noventa trabalhadores da obra também vão plantar árvores e deixar suas marcas no futuro da nossa Unidade”, afirma Kremer. Segundo ele, a inauguração de todo o complexo que envolve a sede da Embrapa Alimentos e Territórios está prevista para o primeiro semestre de 2026.