Embrapa inicia capacitação de mulheres em boas práticas na produção pecuária para estimular autonomia e ampliar o acesso a tecnologias
Embrapa inicia capacitação de mulheres em boas práticas na produção pecuária para estimular autonomia e ampliar o acesso a tecnologias
Foto: Claudia De Mori
Mulheres participam de atividade no campo durante primeiro dia do curso "Só para elas"
Curso também está em consonância com o papel da Ciência no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, relacionada à igualdade de gênero
Muitas mulheres assumem a gestão de propriedades rurais por meio de sucessão familiar ou em situações delicadas. Foi o que aconteceu com a pecuarista Dora Bileco, de Campo Grande (MS). Mãe de três filhos pequenos, Mayara, João Vitor e Eliseu, ela assumiu a propriedade após ficar viúva. A fatalidade a levou a encarar as dificuldades do dia a dia na fazenda. Segundo Dora, a capacitação e a determinação foram importantes para a reestruturação da propriedade, que era comandada pelo marido. Atualmente, a fazenda é exemplo de pecuária intensiva e de tecnologia.
Capacitações de mulheres para atividades pecuárias podem contribuir para a inclusão nos negócios de uma forma mais leve. No Brasil, segundo o Censo Agropecuário de 2017, há 1,7 milhão de mulheres na gestão ou co-direção de propriedades rurais.
A pesquisadora Claudia De Mori, da Embrapa Pecuária Sudeste, considerando a demanda de conhecimento técnico das mulheres em pecuária, e a analista da área de Transferência de Tecnologia do centro de pesquisa, Lívia de Castro, desenvolveram um curso pensado só para elas - pecuaristas de corte e de leite.
O curso teve início nesta quarta-feira, 07 de agosto, na Embrapa de São Carlos (SP), e vai até o final de setembro com eventos presenciais e on-line. Durante estes dois meses, especialistas de diversas áreas da Embrapa vão abordar planejamento, manejos, estratégias de produção, pastagens, bem-estar animal, melhoramento genético, etc.
As mulheres têm múltiplas funções e responsabilidades na produção pecuária, na propriedade e na família. De acordo com Claudia, alguns aspectos culturais e sociais fizeram com que a contribuição econômica das mulheres na produção agropecuária fosse ignorada e tratada como complementar. A produtora ou técnica ainda é vista com desconfiança nesse setor e isso exige um esforço muito maior para provar seu conhecimento e valor. Mesmo assim, elas têm transformado realidades e entorno. “Pelos dados do último Censo, quase 20% das propriedades com atividade pecuária estão sob gestão feminina. Então, nada mais natural do que criar espaços destinados para a capacitação delas, atendendo às suas necessidades seja de conteúdo ou na adequação de dia, horário ou formato”, afirma a pesquisadora.
Para a técnica da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Ana Paula Roque, de Itapetininga (SP), o cenário está mudando. Em 25 anos de trabalho, como técnica, Ana Paula tem visto o aumento significativo das mulheres em profissões, antes tidas como masculinas, e também nas fazendas, nas empresas e na direção das famílias. "A tendência é ocuparmos cada vez mais espaço. Estamos tendo a oportunidade de mostrar a nossa capacidade profissional,” fala.
O programa completo foi estruturado em parceria com um grupo de mulheres após uma visita técnica à Embrapa Pecuária Sudeste. Tanto as necessidades, quanto o conteúdo e formato, foram articulados em conjunto. “Esta iniciativa abre portas para a formação de uma rede de compartilhamento de informações técnicas e de experiências que com certeza dará muitos outros frutos e a Embrapa, estar envolvida nisso, é muito importante”, ressalta Claudia.
A capacitação continuada realizada pela Embrapa também tem o propósito de contribuir com o enfrentamento das desigualdades de gênero no meio rural. A mudança desse cenário requer, além de políticas públicas de acesso a recursos e serviços, treinamentos técnicos desenvolvidos para mulheres. Também, está em consonância com o papel da Ciência no alcance da meta 5, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, relacionada à igualdade de gênero, e que a Embrapa apoia. “A questão da capacitação de mulheres como forma de alcançar sua autonomia e ampliar o uso de tecnologias está incluída nos ODS das Nações Unidas e a Embrapa, com todo seu conhecimento, profissionais e estrutura, atende a esse chamado e organiza esse curso focado no público feminino”, destacou Claudia De Mori.
Gisele Rosso (MTE 2931)
Embrapa Pecuária Sudeste
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