09/08/24 |   Transferência de Tecnologia

Embrapa inicia capacitação de mulheres em boas práticas na produção pecuária para estimular autonomia e ampliar o acesso a tecnologias

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Foto: Claudia De Mori

Claudia De Mori - Mulheres participam de atividade no campo durante primeiro dia do curso

Mulheres participam de atividade no campo durante primeiro dia do curso "Só para elas"

Curso também está em consonância com o papel da Ciência no alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, relacionada à igualdade de gênero

Muitas mulheres assumem a gestão de propriedades rurais por meio de sucessão familiar ou em situações delicadas. Foi o que aconteceu com a pecuarista Dora Bileco, de Campo Grande (MS). Mãe de três filhos pequenos, Mayara, João Vitor e Eliseu, ela assumiu a propriedade após ficar viúva. A fatalidade a levou a encarar as dificuldades do dia a dia na fazenda. Segundo Dora, a capacitação e a determinação foram importantes para a reestruturação da propriedade, que era comandada pelo marido. Atualmente, a fazenda é exemplo de pecuária intensiva e de tecnologia.

Capacitações de mulheres para atividades pecuárias podem contribuir para a inclusão nos negócios de uma forma mais leve. No Brasil, segundo o Censo Agropecuário de 2017, há 1,7 milhão de mulheres na gestão ou co-direção de propriedades rurais.

A pesquisadora Claudia De Mori, da Embrapa Pecuária Sudeste, considerando a demanda de conhecimento técnico das mulheres em pecuária, e a analista da área de Transferência de Tecnologia do centro de pesquisa, Lívia de Castro, desenvolveram um curso pensado só para elas - pecuaristas de corte e de leite.  

O curso teve início nesta quarta-feira, 07 de agosto, na Embrapa de São Carlos (SP),  e vai até o final de setembro com eventos presenciais e on-line. Durante estes dois meses, especialistas de diversas áreas da Embrapa vão abordar planejamento, manejos, estratégias de produção, pastagens, bem-estar animal, melhoramento genético, etc.

As mulheres têm múltiplas funções e responsabilidades na produção pecuária, na propriedade e na família. De acordo com Claudia, alguns aspectos culturais e sociais fizeram com que a contribuição econômica das mulheres na produção agropecuária fosse ignorada e tratada como complementar. A produtora ou técnica ainda é vista com desconfiança nesse setor e isso exige um esforço muito maior para provar seu conhecimento e valor. Mesmo assim, elas têm transformado realidades e entorno. “Pelos dados do último Censo, quase 20% das propriedades com atividade pecuária estão sob gestão feminina. Então, nada mais natural do que criar espaços destinados para a capacitação delas, atendendo às suas necessidades seja de conteúdo ou na adequação de dia, horário ou formato”, afirma a pesquisadora.

Para a técnica da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), Ana Paula Roque, de Itapetininga (SP), o cenário está mudando. Em 25 anos de trabalho, como técnica, Ana Paula tem visto o aumento significativo das mulheres em profissões, antes tidas como masculinas, e também nas fazendas, nas empresas e na direção das famílias. "A tendência é ocuparmos cada vez mais espaço. Estamos tendo a oportunidade de mostrar a nossa capacidade profissional,” fala.

O programa completo foi estruturado em parceria com um grupo de mulheres após uma visita técnica à Embrapa Pecuária Sudeste. Tanto as necessidades, quanto o conteúdo e formato, foram articulados em conjunto. “Esta iniciativa abre portas para a formação de uma rede de compartilhamento de informações técnicas e de experiências que com certeza dará muitos outros frutos e a Embrapa, estar envolvida nisso, é muito importante”, ressalta Claudia.

A capacitação continuada realizada pela Embrapa também tem o propósito de contribuir com o enfrentamento das desigualdades de gênero no meio rural. A mudança desse cenário requer, além de políticas públicas de acesso a recursos e serviços, treinamentos técnicos desenvolvidos para mulheres. Também, está em consonância com o papel da Ciência no alcance da meta 5, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, relacionada à igualdade de gênero, e que a Embrapa apoia. “A questão da capacitação de mulheres como forma de alcançar sua autonomia e ampliar o uso de tecnologias está incluída nos ODS das Nações Unidas e a Embrapa, com todo seu conhecimento, profissionais e estrutura, atende a esse chamado e organiza esse curso focado no público feminino”, destacou Claudia De Mori.

 

Gisele Rosso (MTE 2931)
Embrapa Pecuária Sudeste

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Mais informações sobre o tema
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