26/08/24 |   Mudanças climáticas  Agricultura de Baixo Carbono

Embrapa apresenta proposta de nova metodologia para medir a emissão de gases de efeito estufa pela pecuária

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Foto: Gabriel Aquere

Gabriel Aquere -

Em uma nota técnica produzida pela Embrapa Pecuária Sul e pela Secretaria de Meio Ambiente do Rio Grande do Sul (Sema), está sendo proposta nova metodologia para quantificar a emissão de gases de efeito estufa pelo rebanho de bovinos de corte do estado. O documento será lançado durante a Expointer deste ano e demonstra que a estimativa da emissão de GEEs pelos bovinos pode ser cerca de 30% menor daquela feita pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

De acordo com a pesquisadora da Embrapa Pecuária Sul Cristina Genro, o IPCC é o organismo responsável pela regulamentação dos inventários globais de gases de efeito estufa, e estabelece as diretrizes metodológicas a serem seguidas pelos países que são signatários do acordo global para a mitigação desses gases. A pesquisadora explica que o IPCC utiliza três possibilidades para a medição da emissão desses gases por bovinos, sendo que todas são embasadas por informações qualificadas e ratificadas pela ciência.

Na nota técnica, essas formas de abordagem são apresentadas e é feita uma análise simulada das emissões de metano provenientes do rebanho de bovinos de corte do estado em 2022, calculadas através de duas metodologias distintas, ambas do IPCC. Chamado de “tier 1”, a metodologia utilizada no Brasil é direcionada para países que ainda não possuem fatores de emissão. “Essa forma de avaliar estabelece para bovinos de corte uma emissão de 56 kg de metano (CH4) por cabeça por ano, considerando como referência um animal de 430 kg de peso corporal, sem levar em consideração o sistema de produção, a categoria do animal, a digestibilidade e a finalidade da produção, por exemplo”, destaca Cristina Genro.

Já outra abordagem proposta pelo IPCC e chamada de “tier 3”, leva em consideração a medição das emissões em condições experimentais, em que o volume de gás emitido pelos animais é mensurado em diferentes condições de produção. Segundo Cristina Genro, já existem pesquisas realizadas e publicadas que podem servir de base para a utilização dessa metodologia e, com isso, termos uma estimativa mais próxima da realidade da bovinocultura do Rio Grande do Sul.

A simulação, apresentada na nota técnica, mostra que o uso dos valores gerados pela pesquisa significa uma redução de 30,1% na estimativa da emissão do rebanho de bovinos de corte do estado, quando comparado com os dados oficiais utilizados pelo país em 2022. Cristina Genro destaca que esses resultados da pesquisa já estão disponíveis para serem utilizados nos inventários de emissões e remoções de gases de efeito estufa do estado.

Para a coordenadora da Assessoria do Clima da Sema, Daniela Mueller de Lara, a publicação da nota técnica traz novos subsídios para aperfeiçoar a metodologia para medição da emissão de gases de efeito estufa pela pecuária. “Vamos avaliar a utilização dessa metodologia para a medição das emissões dos GEEs pelo rebanho bovino do Rio Grande do Sul. A ideia é dar continuidade a esse trabalho, convidando diferentes atores da sociedade para essa discussão”, ressaltou Daniela.

Mitigação – O documento também apresenta informações sobre algumas ferramentas potenciais que podem contribuir para a mitigação das emissões de metano pela pecuária. A análise de resultados de diferentes pesquisas mostram que é possível mitigar metano proveniente da fermentação entérica com contínuo aumento de produtividade e atendendo a demanda pelo produto cárneo, apenas melhorando a eficiência do sistema de produção de bovinos de corte. As principais estratégias apresentadas são o manejo adequado do pasto, melhoramento genético animal, manipulação da fermentação ruminal (uso de maior nível de proteína e concentrados) e melhoramento da dieta animal (alimentação em nível adequado durante toda a vida do animal).

 

Fernando Goss (1065 MTb-SC)
Embrapa Pecuária Sul

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