Painel discute a apicultura em Mato Grosso do Sul
Painel discute a apicultura em Mato Grosso do Sul
Na manhã de sexta-feira (22), aconteceu o painel "Apicultura em Mato Grosso do Sul", realizado no Estande da Embrapa, na Showtec, em Maracaju (MS). Três palestras foram realizadas durante a atividade matutina. O pesquisador da Embrapa Pantanal, Vanderlei dos Reis, proferiu a primeira palestra e apresentou as oportunidades e os desafios para a atividade no Estado do MS. Gustavo Nadeu Bijos, do Senar/MS, falou sobre o desenvolvimento da apicultura em áreas agrícolas. Márcio Alexandre D. Menegazzo, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), falou, por sua vez, sobre indicação geográfica e marcas: valorização da origem, qualidade e tradição.
"Em Mato Grosso do Sul, existem apicultores profissionais que vivem exclusivamente da atividade. É um exemplo de que nós temos um potencial de produção muito grande, embora ela ainda seja pequena – hoje, existem cerca de 700 apicultores num Estado cuja população em 2015, foi estimada, pelo IBGE, em mais de 2.650.000 pessoas", afirma Vanderlei.
Segundo dados reunidos pelo pesquisador, os apicultores sul-mato-grossenses possuem cerca de 21 mil colmeias. Mais de 500 desses trabalhadores estão cadastrados na Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal (Iagro). De acordo com informações do IBGE, em 2014 o MS produziu cerca de 830 toneladas de mel. O Brasil, em 2013, produziu mais de 35 mil toneladas.
Para que o Estado tenha uma fatia maior dessa produção, Vanderlei sugere investir em profissionalização. "Ter cursos de qualificação e capacitação é fundamental, assim como a integração com cursos de formação em todos os níveis", afirma. O pesquisador diz ainda que o pagamento por serviços ambientais e a apicultura migratória são alternativas para estimular a atividade no MS.
"O que eu vislumbro para o futuro é que apicultores de outras regiões, onde está havendo, por exemplo, problemas com o envenenamento de abelhas, queiram vir para Mato Grosso do Sul - principalmente com o advento da Identificação Geográfica (IG) do Mel do Pantanal ou pela presença de grandes áreas com eucaliptos ou nabo forrageiro", conta.
Segundo Vanderlei, o pagamento por serviços ambientais também pode ser um atrativo para o produtor. "No nosso país, a polinização é usada em duas culturas: o melão, no nordeste, e as macieiras no Sul do Brasil, que hoje têm em torno de 40.000 colmeias disponíveis exclusivamente para a polinização. Os apicultores recebem em torno de R$ 40, R$ 50 por colméia. Então, o montante é apreciável".
Com uma flora diversificada e áreas com grau de preservação elevado – ainda que careça de uma infraestrutura e logística melhor desenvolvidas para o transporte e acesso às propriedades rurais – Vanderlei afirma que MS é um Estado muito promissor para a apicultura. "Mesmo tendo uma população pequena, a produção atual de produtos apícolas não é suficiente para atender à demanda estadual. Ou seja, tem bastante mercado para a atividade".
Polinização - Gustavo, do Senar/MS, destacou a importância das abelhas para a polinização como auxiliar na produção de frutas e grãos no mundo e no país e citou alguns exemplos: melão no Nordeste, alfafa no interior de São Paulo (utilizada para alimentação de bovinos), maçã no Sul, entre outros. Segundo ele, a polinização também contribui com um aumento de 5 a 25% na produtividade da soja, e de 5 a 15% na produção de citrus. Ele destacou o café, que obteve um aumento de produtividade de 39% com a polinização das abelhas. "Temos ainda exemplos bem sucedidos de polinização de morangos em estufa, com apis mellifera (abelhas sem ferrão)", exemplificou.
Ele falou da campanha "Sem abelhas, Sem alimento", que reúne inumeras informações que pretendem contribuir com a proteção às abelhas na América Latina. Confira algumas informações no vídeo, que explica a importância das abelhas para a manutenção da vida na natureza. Clique aqui. O site do programa também foi enfatizado por Gustavo, como uma fonte de informação com dicas no caso de intoxicação apícola, entre outros dados interessantes para os apicultores e interessados no assunto.
Certificação – Com o objetivo de proporcionar a valorização da origem, a qualidade e a tradição de alguns produtos, Márcio Alexandre D. Menegazzo, do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA), falou sobre indicação geográfica e marcas. Ele explicou que no Mato Grosso do Sul, desde o ano passado, dois produtos obtiviram a Certificação de Indicação de Procedência: Mel do Pantanal, desde março e a Linguiça de Maracajú, desde novembro de 2015.
"Produtos com Selo de certificação geográfica passam a obter um novo conceito, inclusive com reconhecido em nível internacional, que proporcionam agregação de valor, promoção comercial, garantia de autenticidade, promoção do desenvolvimento regional, além da preservação da biodiversidade, do conhecimento tradicional e dos recursos naturais", disse Márcio.
Em sua palestra, Márcio explicou ainda os passos necessários para obter o certificado de Indicação de Procedência e Indicação de Origem: 1º passo: Organização dos produtores da região em uma associação. 2° passo: Levantamento histórico-cultural. 3º passo: Construção de um regulamento técnico (objetivando garantir a qualidade e a padronização dos alimentos produzidos). 4º passo: Criação de um conselho regulador (que vai ficalizar se as normativas regulamentares estão sendo cumpridas). 5º passo: Encaminhar a solicitação de reconhecimento ao INPI.
Ele apresentou ainda alguns exemplos bem sucedidos de produtos que possuem certificação geográfica tanto em outros países quanto em alguns Estados brasileiros, como, por exemplo, o Vale dos Vinhedos, na Serra Gaúcha. Quanto a Mato Grosso do Sul, ele destacou alguns produtos que apresentam sigularidades que possibilitam a obtenção da Certificação, tais como: Café do Vale do Ivinhema, Farinha de Anastácio, Bezerro de Camapuã, Queijo Brum Paraíso das Águas, Erva Mate da Fronteira, Melância de Eldorado, Furnas do Dionízio, Assentamento Itamarati, entre outros exemplos.
Showtec 2016 - A Showtec aconteceu em Maracaju (MS), entre os dias 20 e 22 de janeiro. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, participa desta 20ª edição com a presença de cinco Unidades - Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Gado de Corte (Campo Grande, MS), Pantanal (Corumbá, MS), Solos (Rio de Janeiro, RJ) e Soja (Londrina,PR). A Showtec é uma realização da Fundação MS, com apoio da Famasul.
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