Fungos capazes de colonizar diversas pragas são essenciais para o controle biológico de pragas
Fungos capazes de colonizar diversas pragas são essenciais para o controle biológico de pragas
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Perfil dos biopesticidas fúngicos comerciais registrados no Brasil até março de 2024 para o controle de pragas de artrópodes, incluindo insetos e ácaros. Agrofit, 2024
Entender os mecanismos da formação de propágulos é essencial para o avanço de tecnologia de produção em larga escala desses fungos
A fermentação líquida submersa permite o controle preciso de fatores nutricionais e ambientais
Fornece uma plataforma robusta e econômica para a produção de micopesticidas
A fermentação líquida submersa emerge como uma tecnologia de destaque no desenvolvimento de fungos entomopatogênicos para biocontrole de pragas. Esse método oferece vantagens significativas em termos de controle e eficiência na produção de biomassa fúngica. Em comparação com a fermentação em substrato sólido, que pode enfrentar desafios como alto custo e risco de contaminação, a fermentação líquida submersa oferece uma alternativa mais econômica e segura, além de ter uma abordagem avançada e eficiente para a produção de fungos entomopatogênicos, com potencial significativo para transformar o mercado de biopesticidas e oferecer soluções sustentáveis no controle de pragas.
De acordo com o analista Gabriel Mascarin, da Embrapa Meio Ambiente, a fermentação líquida submersa proporciona um controle preciso das condições ambientais durante o cultivo dos fungos, como temperatura, pH e oxigênio. Isso resulta em propágulos mais estáveis e de alta qualidade. Mascarin também explica que este método permite a produção em larga escala de biomassa fúngica, facilitando a colheita, separação, concentração, formulação e secagem. Essa escalabilidade é essencial para atender à crescente demanda por biopesticidas.
A fermentação líquida submersa é mais eficiente em termos de tempo e recursos comparada à fermentação em substrato sólido. Ela possibilita a criação de diferentes tipos de propágulos para finalidades específicas no controle de pragas.
Além disso, o controle mais rigoroso das condições de cultivo resulta em produtos finais com maior pureza e atividade biológica, essenciais para a eficácia dos micopesticidas.
Outro ponto enfatizado pelos cientistas é a versatilidade na aplicação. “A tecnologia permite a produção de diversos tipos de propágulos, como blastosporos, conídios submersos, microescleródios e micélio, adaptados para diferentes necessidades e condições de aplicação no campo”, explica Patrícia Golo, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
O desenvolvimento contínuo e a integração de novas ferramentas biotecnológicas, como engenharia genética e novas técnicas de formulação, prometem otimizar ainda mais a eficácia e a estabilidade dos biopesticidas.
Mercado em expansão
O mercado de biopesticidas no Brasil está em rápida expansão, impulsionado por políticas públicas como o Programa Nacional de Bioinsumos, que tem promovido o crescimento do setor desde 2019. O Brasil, com sua vasta diversidade ecológica, se posiciona como um dos maiores mercados globais para biopesticidas, com fungos entomopatogênicos como Beauveria bassiana e Metarhizium anisopliae liderando a produção. No entanto, a adoção de tecnologias como a fermentação líquida submersa enfrenta desafios, incluindo a necessidade de investimentos em pesquisa e desenvolvimento.
O impacto econômico das pragas artrópodes é significativo, causando perdas anuais de bilhões de dólares em culturas agrícolas e produção animal. Esses danos não afetam apenas a economia agrícola, mas também a segurança alimentar global. Como resposta, o uso de microrganismos entomopatogênicos como biocontroladores de pragas é uma estratégia sustentável, embora sua eficácia dependa de fatores como as condições ambientais e a qualidade dos propágulos.
Apesar do progresso, há necessidade de mais pesquisas para otimizar a produção e compreender melhor a virulência e tolerância dos conídios submersos. Desenvolver condições de cultivo e formulações específicas que maximizem sua eficiência como biopesticidas pode abrir novas frentes no controle biológico de pragas, oferecendo uma alternativa sustentável e eficaz aos pesticidas químicos tradicionais.
Mascarin acredita que empresas de biopesticidas precisam explorar mais as tecnologias de fermentação líquida submersa para fungos benéficos, além de tecnologias de formulação, para garantir uma produção massal de alto rendimento, mais eficiente e com elevada qualidade de propágulos fúngicos viáveis e ativos, com custo de produção competitivo frente à tradicional fermentação em substrato sólido.
“Para superar os desafios práticos, é essencial uma abordagem integrada e multidisciplinar, envolvendo colaboração entre a academia e o setor privado. Essa sinergia pode acelerar o desenvolvimento de soluções inovadoras, garantindo que os micopesticidas cumpram seu potencial na proteção de culturas e no controle sustentável de pragas, diz Mascarin.
Participam também da equipe do estudo Cárita Ribeiro-Silva, Elen Muniz, Artur de Oliveira Franco, Éverton Kort Kamp Fernandes da Universidade Federal de Goiás e Nilce Naomi Kobori, pesquisador independente. O trabalho completo está aqui.
Cristina Tordin (MTb 28.499/SP)
Embrapa Meio Ambiente
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