13/11/24 |   Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

Oficina debate inovação e tecnologias na cadeia do babaçu

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A Embrapa e o Ministério da Indústria e Comércio - MDIC estão coordenando um estudo sobre máquinas, ferramentas e equipamentos nas diferentes etapas produtivas do trabalho realizado por agricultoras/es familiares, povos e comunidades tradicionais em quatro cadeias produtivas da sociobiodiversidade da Amazônia Legal: açaí, babaçu, castanha e cupuaçu. A Embrapa Cocais está responsável por coletar as informações referentes à cadeia de valor do babaçu e adotou como metodologia a participação dos atores da cadeia em todo o processo do projeto.

Para tal, realizou no último dia 6, em São Luís/MA, oficina intitulada "Inovação e tecnologias de impacto social na cadeia de valor do babaçu". O evento foi direcionado prioritariamente a representantes de organizações de agricultoras/es familiares, povos e comunidades tradicionais atuantes na cadeia de valor do babaçu. Parte do evento foi viabilizada financeiramente pela Agência Alemã de Cooperação Internacional - GIZ, que vem desenvolvendo trabalhos com babaçu e quebradeiras de coco do Maranhão. Os participantes foram divididos em grupos de discussão sobre os seguintes temas: Coleta, transporte e armazenamento, Processamento (extração do mesocarpo), Processamento (quebra da amêndoa), Beneficiamento (azeite/óleo e alimentos) e Beneficiamento (artesanato, carvão e produtos de higiene)

O pesquisador Evandro Holanda, Gerente Geral de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia, representou a Diretoria de Inovação, Negócios e Transferência de Tecnologia da Embrapa no evento e enfatizou a importância de enfrentar desafios e construir juntos soluções para o desenvolvimento da cadeia de valor da biodiversidade, para inclusão social, adaptação às mudanças climáticas e bem viver. “Imprescindível escutar e atender as necessidades das comunidades. No entanto, somente a máquina não é suficiente. São necessários outros projetos que atendam às necessidades sociais dos territórios do babaçu”.

Segundo a chefe-adjunta de transferência de tecnologia da Embrapa Cocais, Guilhermina Cayres, podemos orientar e direcionar o desenvolvimento de novas tecnologias para suprir as lacunas tecnológicas identificadas. “Como Embrapa, nossa contribuição é apresentar soluções para questões tecnológicas, mas sabemos que não é suficiente. O babaçu é diferente de outras cadeias, por questões sociais e políticas, e é importante que seja assegurada, a essas comunidades, a segurança e a soberania tecnológica, para que não sejam excluídas da geração de novos ativos”.

Para o chefe-geral, Marco Bomfim, 300 mil maranhenses estão na cadeia do babaçu, espalhados pelas imensas e ricas  Matas dos Cocais do estado. “Urge desvincular a imagem do babaçu à pobreza e ao trabalho penoso e ainda garantir a sucessão na atividade, melhorando as condições do trabalho sem descaracterizar a essência. Para isso que estamos aqui reunidos, academia, setor público e quebradeiras, para chegar à melhor solução”.

O representante da GIZ, André Machado, acredita que a cadeia do babaçu enfrenta vários desafios relacionados a condições de trabalho e renda digna para suas comunidades produtoras, e a resolução desses desafios está intimamente relacionada com inovações em máquinas e equipamentos para a cadeia. “Esse evento é muito importante por reunir os atores envolvidos para debater inovações, valorizando a combinação dos conhecimentos tradicionais e tecnologias sociais das comunidades, com a inteligência de pesquisa da Embrapa”.

Estiveram presentes ao evento representantes diversos do babaçu, uníssonos na visão de que as comunidades de quebradeiras precisam estar à frente do processo, e de que se deve privilegiar abordagem territorial, inovação social e agregação de valor, comercialização e políticas públicas de apoio à cadeia.  Entre eles, o Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu - MIQCB de diversas localidades, Quilombo Pedrinhas (Anajatuba-MA), Cooperativa dos Pequenos Produtores Agroextrativistas - COPPALJ, PA Canto do Ferreira (Chapadinha-MA), Aldeia Iaratana – RO, Associação de Mulheres Trabalhadoras Rurais de Lago do Junco e Lago dos Rodrigues - AMTRF, Cooperativa de Produtores Agroextrativistas de Esperantinópolis - COOPAESP, Rede Mulheres do Maranhão, Cooperativa Agropecuária Mista de Santo Antônio do  Leverger Coopamsal - MT Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão - Assema, Projeto Pindowa, Cooperativa Mista dos Agricultores do Vinagre - COOMAVI (Itapecuru-MA), Fundação Vale, GIZ, Superintendência Federal de Agricultura do Maranhão – SFA/MDA, Mandu Inovação Social, Conab, Superintendência Federal de Desenvolvimento Agrário do Maranhão – SPDA/MDA, Instituto Sociedade, População e Natureza - ISPN, MDA, Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras do Estado do Maranhão - Fetaema, Universidade Estadual do Oeste do Paraná - Unioeste, Superintendência Federal de Agricultura - SFA, Universidade Estadual do Maranhão - UEMA, Senai, SFA/MAPA, Instituto Federal do Maranhão –IFMA, Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra - MST

Diálogos do Babaçu - Nos dias seguintes, 7 e 8 de novembro, a GIZ realizou o Diálogo do Babaçu, evento que busca estimular a cooperação e diálogo permanente de conhecimentos para articulação e construção de soluções para melhoria da cadeia do babaçu no Maranhão, com sustentabilidade social, econômica e ambiental para a cadeia. “O projeto começou em 2019 no Brasil e faz parte de projeto global de sustentabilidade das cadeias de valor de nove commodities. O diferencial deste projeto no Brasil é a atuação territorial no Maranhão, a partir da presença das famílias de quebradeiras de coco nas áreas de ocorrência de babaçuais. Nosso objetivo com o evento este ano é revisar a nossa atuação e aperfeiçoar esse trabalho até 2025, com foco na intercooperação entre organizações comunitárias para acesso às políticas públicas, serviços e aos mercados”, adiantou Westphalen Nunes, representante da GIZ no Maranhão.

A pesquisadora da Embrapa Cocais Guilhermina Cayres lançou algumas perguntas: “Babaçu deve ser pensado como cadeia ou sistema? Como inserir elementos que agregam outras atividades para provocar a emancipação social e o protagonismo das famílias?  Qual modelo de organização além de associação e cooperativa para agregar comunidades em torno dos produtos do babaçu? Qual o modelo de desenvolvimento que queremos para o babaçu? O que temos já acertado entre nós é que é preciso valorizar os produtos da sociobiodiversidade, reduzir a penosidade e a pobreza da atividade e atrair jovens para a cadeia, não somente das comunidades, mas também vindos da academia, para construir uma nova história. A Embrapa Cocais vem desenvolvendo pesquisa e novos produtos com mais valor de mercado em parceria com as quebradeiras”.

Flávia Bessa (MTb 4469/DF)
Embrapa Cocais

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