Elos da cadeia produtiva do algodão orgânico e agroecológico da Paraíba realizam intercâmbio de experiências
Elos da cadeia produtiva do algodão orgânico e agroecológico da Paraíba realizam intercâmbio de experiências
A Embrapa Algodão, com apoio da Fundação Agrisus, recebeu nesta terça-feira (3) cerca de 140 agricultores, técnicos e representantes de instituições envolvidas na produção de algodão orgânico e agroecológico da Paraíba para seminário de intercâmbio de experiências da safra 2023/2024. O evento teve como objetivo promover a troca de informações a respeito do plantio, produção e comercialização da pluma produzida nos sistemas orgânico e agroecológico no estado.
Estiveram presentes agricultores das diversas regiões produtoras de algodão da Paraíba, entre eles, Salgado de São Félix, Ingá, Itabaiana, Catolé do Rocha, Solânea, Areia, Remígio, Itatuba e Campina Grande, além de representantes de instituições e entidades ligadas à produção agroecológica como a Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), Instituto Casaca de Couro, Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Familiar (AS-PTA), Rede Borborema de Agroecologia, Associação Agroecológica de Certificação Participativa do Cariri Paraibano (ACEPAC), Diaconia, Textile Exchange e Veja.
Entre os benefícios do cultivo, os produtores destacaram, além da renda extra ao final da safra, o maior empoderamento e protagonismo dos agricultores frente a desafios como as mudanças climáticas e uma maior consciência sobre a importância da conservação do solo para garantir a sustentabilidade do cultivo para as próximas gerações.
A jovem agricultora do município de Remígio, Suzana Aguiar, secretária da Rede Borborema de Agroecologia, primeiro Sistema Participativo de Garantia (SPG) credenciado pelo Ministério da Agricultura e Pecuária na Paraíba, destacou a importância da certificação para o acesso a mercados com preço justo. “É importante destacar que não apenas o algodão recebe a certificação, mas tudo que é produzido no roçado pode receber o selo orgânico a ser vendido como um produto diferenciado da nossa agricultura”, explicou.
Como desafios da produção, Suzana apontou a busca de novos mercados tanto para o algodão, tendo em vista o aumento do número de produtores, como também para as culturas consorciadas com o algodão. “Atualmente, esses produtos são destinados ao PAA (Programa de Aquisição de Alimentos, mas precisamos acessar novos mercados”, afirmou.
Outros desafios pontuados pelos agricultores foram a estiagem, a manutenção dos sistemas participativos de garantia, a mecanização do cultivo e o beneficiamento da pluma para agregar mais valor ao produto.
Uma das instituições presentes, o Instituto Casaca de Couro, que acompanha mais de 500 famílias agricultoras nos estados da Paraíba e Rio Grande do Norte desde o plantio até o beneficiamento, estima uma produção de mais de 150 mil quilos de algodão em rama entre as famílias cadastradas nesta safra.
Algodão regenerativo conquista consumidores
O agrônomo Sílvio Moraes, representante da Textile Exchange, organização global sem fins lucrativos que busca tornar a indústria têxtil mais sustentável, destacou a importância do encontro para atualização e organização da cadeia produtiva do chamado “algodão regenerativo” para conquista do mercado internacional que cresce a cada ano.
“O mercado para fibras preferenciais, como é o caso do algodão orgânico, cresce cada vez mais por causa da questão climática. Nós temos que não só nos adaptar, mas também reverter o aumento das emissões de CO2 e o algodão orgânico, na forma que é produzido aqui no Semiárido, é o melhor que a gente tem no planeta porque é cultivado sem o uso intensivo de insumos, o que a gente de chama de algodão regenerativo. Uma fibra que tem a capacidade de ser não só menos poluente, mas também trazer benefícios para a fauna, para a biodiversidade e para as pessoas. E o pessoal lá fora quer isso”, declarou.
Segundo ele, entre os desafios para chegar a esse mercado está a organização dos agricultores e a adoção de tecnologias para aumentar a produtividade. “Ainda não temos uma organização para atingir o mercado externo. Todo o algodão produzido aqui vai para o mercado interno, mas tem potencial de crescimento para atingir o mercado internacional. Precisamos de um pouco mais de tecnologia para aumentar a produtividade e fechar essa cadeia, beneficiar o produto para atingir novos mercados. Porque o mercado existe e só aumenta”, acrescentou.
Conforme o relatório da Textile Exchange a produção global de algodão orgânico em 2023 foi de 770 mil toneladas de fibra. Nesse período, o Brasil produziu 143 toneladas de fibra certificada, incluindo os sistemas participativos de garantia.
Edna Santos (MTB/CE 1700)
Embrapa Algodão
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