Embrapa propõe manejo integrado para combater o Aedes aegypti
Embrapa propõe manejo integrado para combater o Aedes aegypti
Foto: Luís Carlos Campos Sales
Pesquisadora Rose Monnerat defende o manejo integrado contra o mosquito Aedes aegypti
A pesquisadora da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia Rose Monnerat afirmou nesta terça, 18, que é preciso "empoderar" a população no combate ao mosquito, realizando o chamado "manejo integrado", ou seja, adotando diversas estratégias para eliminar as larvas do Aedes aegypti. A exposição aconteceu em audiência pública no Senado Federal para discutir as tecnologias existentes para o combate ao mosquito Aedes aegypti, transmissor de diversas doenças entre elas a Dengue, o Zika e a Febre Chikungunya.
A apresentação foi feita em audiência conjunta da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado (CRA) e da Comissão Senado do Futuro (CSF). Rose Monnerat relatou aos senadores o sucesso de uma campanha inovadora realizada pela Embrapa entre fevereiro e junho de 2007 na cidade de São Sebastião (DF), na qual foi utilizado o bioinseticida Bt-horus, desenvolvido em 2005 pela Embrapa em parceria com a empresa Bteck Biotecnologia, no combate ao mosquito.
Na ocasião, o produto foi distribuído e aplicado gratuitamente em todas as residências de São Sebastião (cerca de 20 mil) em uma campanha que uniu a Embrapa, o governo distrital e a população local no combate ao mosquito transmissor da dengue. O resultado ficou acima do esperado: o índice de infestação, que era de 4% caiu para menos de 1%, considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde.
"A vantagem do produto é que é específico para matar a larva do mosquito. Ele tenta equilibrar uma praga que está desequilibrada, mas não é só o produto. É preciso trazer a população para perto. Fazer campanhas", disse a pesquisadora.
Na audiência, Rose apresentou a nova geração de bioinseticida contra a larva do mosquito da dengue desenvolvido recentemente pela Embrapa, chamado Inova-Bti SC. O produto está sendo produzido em parceria com o Instituto Matogrossense do Algodão (IMAmt) e encontra-se em fase de registro junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Assim com o Bt-horus, o Inova-Bti é seletivo e causa a morte apenas das larvas do mosquito, não afetando o homem, animais domésticos, inclusive peixes, aves e insetos benéficos. "A diferença entre o Bt-horus e o Inova-Bt é que o primeiro foi feito em 2005 e o segundo neste ano, ou seja, o produto atual tem os componentes de uma nova geração, mas os dois têm eficácia muito semelhante", explicou Rose.
Ambos também não afetam o ambiente, por não serem cumulativos ou poluentes. São de fácil aplicação e podem ser utilizados pela própria população. "O produto contém quatro toxinas que matam a larva do mosquito de forma sinérgica. É uma ‘bomba' para matar a larva do Aedes aegypti, e somente ela", enfatizou a pesquisadora.
Sobre a capacidade de produção do bioinseticida para atender a população, Rose afirmou que o IMAmt está se preparando para fabricar o Inova-Bti em larga escala. Em relação ao Bt-horus, o produto não foi fabricado em larga escala porque não havia demanda. "Até hoje a produção ainda é bastante baixa", afirmou.
Esforço coordenado – Em complemento à fala da pesquisadora Rose Monnerat, o Chefe-geral da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, José Manuel Cabral, afirmou que as ferramentas contra o mosquito transmissor da dengue existem, mas falta uma conjugação coordenada de esforços para combater a doença.
"Nós temos as ferramentas e podemos desenvolvê-las e integrá-las de forma inteligente para obter o resultado imediato no controle dos vetores. Mas o grande sucesso que foi a experiência em São Sebastião foi devido ao envolvimento da população", reforçou.
Também participaram da audiência o pesquisador da Universidade de Brasília (UnB), Bergmann Morais Ribeiro, e o Diretor-presidente do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Florindo Dalberto.
Embrapa pesquisa bioinseticidas desde a década de 80 - A Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia investe, desde a década de 1980, em pesquisas para controlar esse e outros mosquitos transmissores de doenças a partir do desenvolvimento de inseticidas biológicos capazes de combater os insetos-alvo, sem fazer mal à saúde humana, de animais e ao meio ambiente.
Os bioinseticidas são formulados a partir de bactérias denominadas entomopatogênicas, o que significa que são patogênicas (nocivas) apenas contra os insetos, sendo totalmente inofensivas aos outros organismos - plantas, animais e seres humanos.
As bactérias utilizadas no desenvolvimento dos produtos biológicos são oriundas do Banco de Bactérias Entomopatogênicas mantido pela Embrapa em Brasília, DF. O Banco conta com uma coleção de 2.600 estirpes de bactérias tóxicas a diferentes insetos.
As pesquisas são desenvolvidas no Laboratório de Bactérias Entomopatogênicas (LBE), coordenado pela pesquisadora Rose Monnerat e acreditado pelo INMETRO (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia) para a realização de ensaios biológicos. Para disponibilização desses produtos no mercado, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia firma desde 2002 parcerias com empresas privadas.
Irene Santana (MTb 11.354/DF)
Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
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