A cana-de-açúcar é uma das alternativas mais econômicas para alimentação volumosa no período de entressafra, que, se corrigida pode representar uma solução de alimentação para animais que apresentam produções medianas, mesmo existindo problemas de dificuldade de colheita diária e manejo da rebrota, necessidade de mão de obra extra ou maquinário especializado, necessidade de colheita de toda a cana dentro do mesmo ciclo, além de riscos de incêndio nos canaviais, que podem ser corrigidos. Um caminho de correção é a ensilagem e aditivação. Assim, objetivou-se avaliar o perfil fermentativo de silagem de cana-de-açúcar aditivada com casca de soja, inoculante bacteriano Lactobacillus buchneri e ureia, e o consumo e desempenho de vacas lactantes (quantidade e composição do leite produzido). Foram comparadas oito misturas, utilizando a cana-de-açúcar IAC86-2480. Como aditivos foram utilizados: Lactobacillus buchneri (cepa NCIMB 40788), ureia - 0,5% da matéria original e 10 ou 20% casca de soja na matéria original. No primeiro experimento, foram utilizados mini silos, com os seguintes tratamentos: (1) cana-de-açúcar sem aditivos; (2) cana-de-açúcar + inoculante, (3) cana-de-açúcar + 0,5% ureia, (4) cana-de-açúcar + 0,5% ureia + inoculante, (5) cana-de-açúcar + 0,5% ureia + 10% casca de soja, (6) cana-de-açúcar + 0,5% ureia + 20% de casca de soja, (7) cana-de-açúcar + inoculante + 0,5% ureia + 10% casca de soja, e (8) cana-de-açúcar + inoculante + 0,5% ureia + 20% casca de soja. Foram estudados nove períodos de abertura dos silos experimentais (respectivamente, 1, 2, 3, 7, 15, 30, 60, 120 e 180 dias pós-fechamento). Foram avaliadas as perdas totais, gasosas e por efluentes, além das porcentagens de matéria seca, proteína bruta, fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido. Não foram detectados efeitos do inoculante ou ureia sobre as características da silagem, como pH, teor de matéria seca e perdas por efluentes ou gases. Ureia e inoculante aumentaram o teor de ácido lático e reduziram o teor de etanol das silagens. A adição de casca de soja melhorou a composição da silagem com redução nas perdas, mas não afetou os teores de etanol ou ácido lático da silagem. No segundo experimento, foram utilizadas quatro vacas para avaliação da produção de leite e sua composição. Essas foram alimentadas com os seguintes tratamentos: (1) silagem de cana-de-açúcar sem aditivos, (2) silagem de cana-de-açúcar + inoculante, (3) silagem de cana-de-açúcar + inoculante + 10% de casca de soja, e (4) silagem de cana-de-açúcar + inoculante + 20% de casca de soja. O inoculante bacteriano afetou negativamente o consumo de matéria seca, de FDN e proteína bruta, enquanto a adição de casca de soja aumentou o consumo de matéria seca, de FDN e a produção de leite. A adição de casca de soja proporcionou ganho de peso, com o nível de 20% superando o nível de 10%. Enquanto a inclusão de casca de soja proporcionou ganho de peso, a silagem de cana-de-açúcar sem aditivos e a silagem de cana-de-açúcar + inoculante causaram perdas de peso. Recomenda-se a adição de casca de soja a massa a ser ensilada de cana-de-açúcar em níveis entre 10 a 20%.