Os alimentos concentrados apresentam papel importante na produção de leite, tanto sob o aspecto nutricional como econômico, sobretudo para animais em produção. O comportamento dos preços do milho e farelo de soja, por exemplo, têm peso relevante na formação dos custos de produção de leite e consequentemente na rentabilidade da atividade leiteira. A conjuntura agrícola atual tem mostrado uma elevação nos preços desses farelos. A produção de leite em Minas Gerais configura-se como uma das atividades mais importantes para a economia do estado, o qual é tradicionalmente o maior produtor brasileiro. Além disso, esta atividade é fundamental na subsistência de inúmeras famílias que vivem exclusivamente dessa renda. Todavia, os modelos de sistemas de produção de leite (MSPL) são díspares no Brasil em geral e em Minas Gerais, em particular. Assim, o incremento de custos é sentido de diferentes formas e em variadas intensidades, sendo relevante dimensionar o efeito sobre os produtores de leite no Estado. Esse projeto objetivou caracterizar os diferentes modelos de sistemas de produção de leite em Minas Gerais e identificar aqueles mais prejudicados por alterações no valor do concentrado. Especificamente, o objetivo deste projeto incluiu esforços para: (A) Identificar os MSPL em cinco mesorregiões do estado de Minas Gerais ainda desconhecidos, (B) Levantar a participação do alimento concentrado nos custos totais de todos os MSPL conhecidos para o Estado, (C) Analisar comparativamente esses MSPL e identificar quais alimentos concentrados têm maior influência sobre os custos, (D) Caracterizar a abrangência dos MSPL mais prejudicados em termos de produtores e produção de leite, e (E) Realizar workshops e elaborar artigos de divulgação e científicos visando orientar os formuladores de políticas públicas e produtores sobre os resultados do trabalho. Para o desenvolvimento desta pesquisa foram realizados levantamentos em cinco mesorregiões de Minas Gerais (Triângulo Mineiro, Sul de Minas, Zona da Mata, Campo das Vertentes e Norte de Minas), responsáveis por 56,8% da produção do estado e por 57,3% do número de produtores de leite. Em cada mesorregião foram identificados três sistemas de produção (baixo, médio e alto padrão tecnológico). Cerca de 84% do produtores destas mesorregiões fazem uso de ração a base de milho e soja. O peso do concentrado no custo total da atividade leiteira variou de 8,4% a 49,5%. Milho e soja responderam por 15% do custo total em fazendas de baixa tecnologia, 11,7% em fazendas de média tecnologia e 13,6% no caso de alta tecnologia. Quando analisado a composição do alimento concentrado, verificou-se uma relação inversa entre o peso do milho e da soja no concentrado e o padrão tecnológico adotado. Em outras palavras, as propriedades de maior nível tecnológico possuem mais opções de ingredientes como substitutos de milho e soja. É importante buscar alternativas para a formulação da dieta dos animais em momentos de preços mais altos para milho e soja.