Obtenção de cultivares de Brachiaria ruziziensis para sistemas de integração lavoura-pecuária
Obtenção de cultivares de Brachiaria ruziziensis para sistemas de integração lavoura-pecuária
O pasto, como fonte alimentar exclusiva, é responsável por quase 90% da carne bovina consumida no Brasil e pela maior parte dos cerca de 35 bilhões de litros de leite produzidos anualmente no país. Estima-se hoje que, no Brasil, as gramíneas do gênero Brachiaria sejam cultivadas em aproximadamente 84 milhões de hectares No Brasil, as espécies de braquiária mais cultivadas são B. decumbens, B. brizantha, B. humidicola e B. ruziziensis. Com o incremento da integração entre agricultura, pecuária e floresta, a demanda por sementes de B. ruziziensis têm aumentado. É a única espécie totalmente sexual e diplóide de braquiária cultivada no Brasil, possibilitando a realização de cruzamentos e geração de variabilidade para posterior trabalho de melhoramento genético. Este projeto teve por objetivo geral a obtenção de cultivares melhoradas de Brachiaria ruziziensis que apresentem elevada produção de matéria seca e qualidade da forragem, para uso na integração lavoura-pecuária (alimentação animal e como palhada). Os esforços foram direcionados na avaliação do potencial forrageiro e estimativa de parâmetros genéticos de clones de B. ruziziensis; realização da caracterização fisiológica, morfológica e molecular do germoplasma estudado; verificação da variabilidade genética dentro da espécie para a tolerância a estresses bióticos e abióticos; e realização de intercruzamentos dentro da população trabalhada para obtenção de cultivar melhorada (em equilíbrio). A partir de sementes da população originária do primeiro ciclo de seleção recorrente intrapopulacional, foram selecionados 100 clones para serem avaliados em experimentos de campo, laboratório e casa-de-vegetação. De modo geral, os resultados evidenciaram a existência de grande variabilidade genética entre os materiais, para todas as características avaliadas. Muitos clones apresentaram produtividades de forragem superior às principais cultivares de braquiária do Brasil. Além disso, evidenciou-se a possibilidade de identificação e seleção de materiais com qualidade superior da forragem produzida, aumentando-se a qualidade da espécie, que já é considerada boa. Também para as avaliações de tolerância ou resistência aos principais estresses bióticos e abióticos, foram identificados clones com comportamento superior ou semelhante à melhor testemunha para todas as características mensuradas. Até mesmo para cigarrinhas das pastagens, principal deficiência desta espécie, foram identificados clones com sobrevivência de ninfas tão baixas quanto a cultivar Marandu, indicando ser possível a seleção de materiais resistentes ao inseto dentro de B. ruziziensis. No período do projeto foram realizados dois ciclos de intercruzamento da população melhorada obtida no primeiro ciclo de melhoramento e que foi base para as atividades deste trabalho. Assim, a população encontra-se estabilizada e será submetida a testes de valor de cultivo e uso para confirmação do seu potencial produtivo e credenciamento para lançamento como nova cultivar. Todos os objetivos do projeto foram alcançados. Em função da grande variabilidade presente dentro da espécie e do potencial demonstrado por alguns clones avaliados, conclui-se que o programa de melhoramento de Brachiaria ruziziensis deve ter continuidade e apresenta grandes possibilidades de obtenção e distribuição de cultivares melhoradas. Estas, por sua vez, permitirão incremento da produtividade de carne e leite, em função da maior qualidade da forragem desta espécie em relação às demais braquiárias. Haverá, também, benefícios para o meio ambiente em função da maior suscetibilidade da espécie aos herbicidas utilizados nos sistemas integrados, exigindo, portanto, menores dosagens de produtos químicos. Além disso, proporcionará mais alternativas de forrageiras aos produtores, reduzindo os riscos de vulnerabilidade das pastagens pelo cultivo de poucos materiais genéticos em extensas áreas.
Ecossistema: Floresta Atlântica, Região dos Cerrados
Situação: concluído Data de Início: Tue Jul 01 00:00:00 GMT-03:00 2008 Data de Finalização: Thu Dec 31 00:00:00 GMT-03:00 2009
Unidade Lider: Embrapa Gado de Leite
Líder de projeto: Fausto de Souza Sobrinho
Contato: fausto.souza@embrapa.br
Palavras-chave: genética vegetal, melhoramento genético, seleção recorrente