Dentre os patógenos que infectam a videira, os vírus merecem destaque, devido aos danos que causam e pela degenerescência (perda de vigor) das plantas que induzem, ao longo dos anos, resultando em redução da produção e da qualidade da uva. Isto pode até inviabilizar economicamente esta atividade. Em combinações específicas de porta-enxerto/cultivar e espécie viral, as viroses da videira podem ser latentes e, assim, podem passar despercebidas e serem propagadas sucessivamente, resultando em alta taxa de infecção em determinados materiais propagativos que são utilizados pelo produtor. Foram relatadas pelo menos 60 doenças virais infectando a videira em diferentes países vitícolas do mundo. Genes de resistência a vírus ainda não foram identificados em espécies do gênero Vitis o que impossibilita o melhoramento genético convencional da videira visando resistência a estes patógenos. Assim, para minimizar a presença de vírus, que prejudicam os vinhedos do Brasil, a principal recomendação é utilizar material propagativo livre de vírus na implantação do vinhedo. Neste sentido, a Embrapa Uva e Vinho há vários anos desenvolve um programa que compreende a limpeza clonal (eliminação de vírus) de diversas cultivares e porta-enxertos de videiras, por termoterapia e cultura de tecidos, fundamentado em indexagens e monitoramento de matrizes obtidas neste procedimento. O resultado deste trabalho tem chegado, de forma ainda restrita, ao produtor através da comercialização de material propagativo de videira com sanidade superior (onde houve remoção de importantes patógenos virais), obtido a partir deste programa. A possibilidade de implementação da técnica de RT-PCR em tempo real e hibridização com polissonda no âmbito deste programa aportaria um salto de qualidade ao mesmo e, potencialmente, auxiliaria na melhoria do status sanitário de matrizes e do material propagativo de videira obtidos neste programa e utilizados na formação de parreirais em algumas das principais regiões produtoras de uva do Brasil. Matrizes de videira, identificadas com o status de "sanidade superior", serão transferidas a Embrapa Produtos e Mercado (SNT Canoinhas-SC), afim de que estas ou materiais propagados a partir destas, sejam disponibilizados a potenciais interessados (produtores e viveristas privados).