Manejo e Utilização da Taboca Gigante (Guadua sp.) como Alternativa de Ecodesenvolvimento na Reserva Extrativista Chico Mendes

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"Este projeto tem como objetivo principal promover a construção do conhecimento em conjunto com a comunidade extrativista, por meio de pesquisa-ação para adaptar e gerar tecnologias e inovações para o uso sustentável das florestas com bambu, e diversificar as atividades produtivas na Reserva Extrativista Chico Mendes com a inserção do bambu nos sistemas de produção das unidades produtivas. No sudoeste da Amazônia, na fronteira entre Brasil, Peru e Bolívia, ocorrem florestas dominadas por bambus arborescentes, as quais abrangem cerca de 18 milhões de hectares, com a presença de espécies de bambus lenhosos, cujos colmos podem atingir mais de 30 metros de altura e 20 centímetros de diâmetro, compondo os chamados tabocais amazônicos. Grande parte desta floresta com bambu se localiza no Acre, com expressiva ocorrência na Reserva Extrativista Chico Mendes, mas ainda com pouca ou nenhuma utilização, devido ao desconhecimento e à falta de tradição no uso desta matéria-prima, ofuscada pela preferência da madeira, outrora abundante. A elevação dos índices de desmatamento na Amazônia, devido à expansão da fronteira agrícola, é uma preocupação constante de diversos setores organizados da sociedade. Esta pressão sobre as florestas também é devida ao crescimento da demanda por madeiras e outros subprodutos, colocando em evidência a necessidade da busca de materiais alternativos para o suprimento deste recurso, cada vez mais indisponível e com custos elevados. Entre estes materiais, o bambu se destaca devido a suas qualidades e alta versatilidade de uso, sendo denominado ""madeira do futuro"" ou ""madeira ecológica"", podendo ser a solução para muitos segmentos da economia brasileira, com aplicação nos setores de celulose e papel, construção civil, movelaria, artesanato, laminação, carvão vegetal, entre outros. A cultura do Bambu é uma realidade em várias regiões do mundo, com destaque para o continente asiático e as experiências bem sucedidas na Colômbia e Equador. No Brasil, já são conhecidas algumas iniciativas da utilização do bambu de cunho tecnológico e de criação de negócios, no entanto, há que se investir em programas de pesquisa e desenvolvimento capazes de gerar conhecimentos científicos que garantam a sustentabilidade, inovação tecnológica e visibilidade do seu uso, de modo a potencializar os benefícios socioeconômicos de seu aproveitamento. Nesse contexto, insere-se esse projeto de pesquisa, executado em parceria com diversas instituições, tais como Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa e Governo do Acre, por meio da Fundação de Tecnologia do Acre. Optou-se por atuar na Reserva Extrativista Chico Mendes porque entende-se que as Reservas Extrativistas (Resex) foram criadas como alternativas de desenvolvimento sustentável, preconizando a preservação do meio ambiente e promovendo a inclusão das populações tradicionais, garantindo-lhes o acesso à terra. A Reserva Extrativista Chico Mendes foi pioneira em assegurar os direitos dos seringueiros, mas o desmatamento persiste e tende a se agravar, com tendência à expansão da pecuária por falta de alternativas de produção viáveis. Estudos sobre as atividades produtivas na Reserva mostraram que a produção destinada ao mercado proporciona rendimentos líquidos baixos, sendo uma indicação de que o sistema necessita de modernização. A viabilização socioeconômica da Resex Chico Mendes depende da diversificação das atividades produtivas, baseadas nos recursos disponíveis em suas florestas, atualmente limitados à castanha, eventualmente à borracha e a alguns poucos produtos não madeireiros, além dos roçados de subsistência e da preocupante expansão da atividade pecuária, preferida devido à facilidade de manejo e elevada liquidez. O manejo e utilização dos bambus nativos do gênero Guadua, abundantes na região, é uma excelente alternativa para a diversificação das atividades produtivas, pois se trata de uma matéria-prima cuja demanda tende a aumentar e de exploração reconhecidamente sustentável. Como resultado da execução desta proposta espera-se incorporar uma nova cultura na Resex, baseada no manejo sustentado de Guadua sp. e contribuir para melhorar os indicadores socioeconômicos da população local, por meio de sua utilização na construção de moradias e em outras obras rurais, com um custo bastante reduzido, bem como pela inserção de produtos derivados do bambu no mercado."

Ecossistema: Amazônico

Situação: concluído Data de Início: Sat Sep 01 00:00:00 GMT-03:00 2012 Data de Finalização: Mon Aug 31 00:00:00 GMT-03:00 2015

Unidade Lider: Embrapa Acre

Líder de projeto: Elias Melo de Miranda

Contato: elias.miranda@embrapa.br