A indústria nacional de pescados em conserva faturou R$ 2,27 bilhões em 2009, segundo dados do Departamento Econômico da Associação Brasileira da Indústria de Alimentação. O faturamento de sardinha representa 2/3 do total das conservas. O faturamento de toda a proteína animal (carnes e derivados, suínos e pescados) somou R$ 60,8 bilhões; ou seja, os pescados representam cerca de 3,7% de todo esse valor, o que demonstra a importância e a respeitabilidade do setor de conservas de pescados para a indústria da alimentação. Outro fato pertinente é que a situação dos cardumes de sardinha no Brasil é de sobrepesca, ou seja, não é sustentável, uma vez que não representa estabilidade dos estoques com o período de defeso (época em que não se pode pescar) durando cinco meses por ano. Existe uma incerteza oriunda da captura de espécies de origem marinha passíveis de serem enlatadas, o que é um risco iminente para a indústria. Além disso, o abastecimento do mercado nacional por conservas de pescado importadas não traz benefícios socioeconômicos ao país. Neste contexto, buscam-se alternativas na aquicultura. No Tocantins, a piscicultura vem crescendo, graças a novas técnicas de cultivo, como é do caso do matrinxã ( Brycon cephalus). Espécies como esta têm grande potencial para substituir a sardinha-verdadeira ( Sardinella brasiliensis) em conservas enlatadas, por terem a carne muito apreciada pelos seus consumidores, rápido crescimento e formato adequado ao enlatamento. Mas existe a dificuldade de expansão do mercado para outras regiões por conta do baixo preço pago pelo consumidor final, do alto custo de transporte e do alto preço do gelo. Devido à aptidão agrícola do Tocantins, a solução seria o estado produzir as espécies que servirão de matéria-prima para as indústrias localizadas nas regiões Sul e Sudeste do país, trabalhando de forma integrada, a exemplo de parcerias já consolidadas nos setores de avicultura e suinocultura. Desta forma, o enlatamento dessas espécies agrega valor ao produto, aumentando a renda de aquicultores e a perspectiva de sucesso do setor aquícola. O presente projeto objetiva apresentar, para a indústria conserveira de pescados, a espécie matrinxã como alternativa ao uso da sardinha-verdadeira, ressaltando aspectos econômicos da produção em cativeiro e tecnologias de processamento.