Ozonização como estratégia não poluente para redução de fungos e micotoxinas em milho

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Foto: SILVA, Renata

A presença de micotoxinas é um problema recorrente nos complexos agroindustriais de milho no Brasil, que apresentam capacidade instalada de cerca de 2 milhões de toneladas/ano. Micotoxinas são metabólitos tóxicos produzidos por fungos, que infectam os grãos durante seu crescimento no campo e/ou na etapa de armazenamento. As micotoxinas tem uma distribuição mundial e representam um grave problema de segurança na produção e distribuição de alimentos. Sua ocorrência é controlada pelas agências reguladoras locais e, num contexto mundial, pelo CODEX Alimentarius. Segundo o Sistema de Alerta Rápido para Alimentação Humana e Animal (RASFF) da União Europeia, as micotoxinas integram a categoria de perigo com o maior número de notificações em alimentos. Os produtos agrícolas brasileiros vêm enfrentando barreiras técnicas no exterior por apresentarem micotoxinas acima dos limites máximos estabelecidos. As estratégias de mitigação das micotoxinas são baseadas na prevenção pré-colheita, com uso de boas práticas agrícolas e cultivo de variedades resistentes. Na pós-colheita, o uso de tratamentos físicos, químicos ou biológicos na tentativa de sua remoção e/ou destruição tem resultado, na maioria dos casos, na inviabilização do alimento para consumo. Ao contrário destes métodos, a tecnologia desenvolvida consiste no tratamento para descontaminação de fungos e de micotoxinas em grãos de milho utilizando ozônio gasoso, e em grãos de trigo usando água saturada com ozônio. A aplicação de ozônio (O3) aumenta a segurança destes cereais para o agronegócio nacional, pois promove a redução ou eliminação dos efeitos tóxicos das micotoxinas. Foram avaliados os efeitos de diferentes condições de ozonização gasosa e aquosa na: i) redução de deoxinivalenol (DON) e aflatoxinas no trigo e no milho; ii) redução nos níveis de fungos filamentosos potencialmente produtores destes metabólitos; iii) alteração da composição físico-química e da qualidade tecnológica da farinha obtida após a ozonização do grão; e iv) alteração nas características sensoriais dos alimentos elaborados a partir das farinhas ozonizadas. Para o milho, a ozonização gasosa apresentou reduções de até 57% nos níveis de aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2) e redução de cerca de 3,0 ciclos log UFC/g na contagem de fungos totais. Para o trigo, a ozonização gasosa reduziu a contagem de fungos totais em cerca 3,0 ciclos log UFC/g de grãos e a contaminação por DON e aflatoxinas totais em até 64,3% e 48,0%, respectivamente. Os resultados demonstraram que o processo desenvolvido reduz a contaminação microbiana e por micotoxinas, sendo uma alternativa aos métodos de fumigação por longos períodos e injeção de gás seco ou úmido em uma ou mais etapas do processamento. A ozonização não afetou a qualidade química, tecnológica e sensorial dos grãos de milho e de trigo e seus derivados, com a vantagem de ser de implantação imediata por parte do setor produtivo em linha industrial. Consequentemente, atende a busca incessante por alimentos seguros, que é uma questão central em todas as cadeias produtivas. Os beneficiários diretos do uso desta tecnologia serão: i) os produtores rurais, que ficarão livres do deságio sobre cotações de cereais abaixo dos padrões de qualidade; ii) o setor produtivo, que terá reduzido os custos de descarte pós-colheita ou diluição de lotes e poderá atender aos limites estabelecidos pela legislação vigente; iii) os nichos de mercado, pois o ozônio pode ser usado na produção de milho e trigo orgânicos; iv) o consumidor, que não terá risco de consumir produtos contaminados; v) o meio ambiente, por ser uma tecnologia limpa e que não deixa resíduo no alimento e vem suprir de forma consciente e sustentável as necessidades da sociedade atual. Os testes também foram realizados em trigo, com obtenção de resultados similares.

Situação: concluído Data de Início: Mon Jun 01 00:00:00 GMT-03:00 2015 Data de Finalização: Fri May 31 00:00:00 GMT-03:00 2019

Unidade Lider: Embrapa Agroindústria de Alimentos

Líder de projeto: Izabela Miranda de Castro

Contato: izabela.castro@embrapa.br

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