Nos sistemas intensivos de produção de leite o planejamento da suplementação volumosa é fundamental para o sucesso da atividade. No Brasil a principal forma de conservação de forragem é o processo de ensilagem, no qual o milho é a principal cultura utilizada, por apresentar elevada “ensilabilidade” e pelo valor nutritivo da silagem. No entanto, a oscilação dos preços de insumos (fertilizantes, defensivos, sementes etc.) tem resultado no aumento do custo de produção da cultura, sendo apontado pelos produtores como um problema para a viabilidade econômica dos sistemas de produção. Soma-se ao fator econômico o risco decorrente de veranicos cada vez mais frequentes e mais longos, que concorrem para prejuízos significativos à cultura do milho e, em menor escala, à cultura do sorgo, apontada como a segunda cultura mais utilizada para ensilagem. Além dessas duas culturas, a cana de açúcar ( Saccharum officinarum L.) também é amplamente utilizada na alimentação dos rebanhos, principalmente na estação seca, seja nas formas fresca ou ensilada, tendo como principais fatores limitantes os baixos teores de proteína e a baixa digestibilidade da fibra. Com o objetivo de reduzir os custo de produção e evitar perdas decorrentes das variações climáticas, o uso de capins tropicais, principalmente as gramíneas do gênero Brachiaria, Panicum e Pennisetum, tem sido preconizado como alternativa para suplementação volumosa. Dentre estes, o capim-elefante ( Pennisetum purpureum Schum.) apresenta excelente potencial para ensilagem, pela elevada produção de biomassa e bom valor nutritivo. No entanto, os capins tropicais caracterizam-se pelos baixos teores de matéria seca (MS) e de carboidratos solúveis, o que pode comprometer a fermentação e aumentar as perdas por efluentes. O capim-elefante cv. BRS Capiaçu, recém-lançado pela Embrapa, parece ter boas características de “ensilabilidade”. Esta cultivar caracteriza-se principalmente pela elevada produção de matéria seca, o que contribui significativamente para a redução nos custos de produção. Além disso, apresenta boa resistência ao estresse hídrico (veranicos), bom valor nutritivo, e característica de rebrota que pode favorecer o processo de ensilagem, haja vista que pode ser cortado a 50 cm do solo, com ausência da brotação de perfilhos aéreos, com ocorrência exclusiva de perfilhos basais, o que pode permitir a ensilagem de material de melhor valor nutritivo e com maior teor de matéria seca. Este estudo tem foco nos seguintes aspectos: estudar as características agronômicas e produtivas da cultivar BRS Capiaçu e definir a melhor combinação idade de corte/altura de resíduo para a produção de biomassa para ensilagem; avaliar o perfil de fermentação e o valor nutritivo da silagem da cultivar BRS Capiaçu; avaliar o efeito da inclusão da silagem de BRS Capiaçu nas dietas sobre o desempenho de vacas em lactação, com base no consumo de nutrientes, na produção e composição do leite, nas variações de peso corporal, no gasto energético, e nos parâmetros metabólicos sanguíneos; e estudar a viabilidade econômica do uso da silagem de capim-elefante BRS Capiaçu como substituta das silagens tradicionalmente utilizadas na alimentação de vacas em lactação. Como resultados, espera-se: definir o manejo de corte ideal, para a obtenção da melhor relação produção de biomassa:teor de matéria seca: valor nutritivo para a ensilagem; definir o melhor nível de inclusão da silagem da BRS Capiaçu na dieta, como substituto da silagem de milho para vacas em lactação; e avaliar a viabilidade econômica da utilização de silagem de capim-elefante BRS Capiaçu na dieta vacas em lactação. As informações geradas contribuirão para complementar o pacote tecnológico, com ajustes no manejo de corte para ensilagem e na inclusão da silagem nas dietas, com foco na redução do custo de produção e aumentando a competitividade dos sistemas de produção de leite.