As áreas de terras baixas do Rio Grande do Sul abrangem cerca de 4 milhões de hectares aptos àagricultura e apresentam grande importância econômica e social. Os sistemas de produção ali presentes,representados predominantemente pelo binômio arroz irrigado/pecuária extensiva, respondem por cercade 70% da produção nacional de arroz e por fração significativa da produção de bovinos e ovinos. Apesarde a cultura do arroz irrigado ter experimentado níveis crescentes de produtividade nas últimas décadas, asustentabilidade dos sistemas produtivos desenvolvidos em terras baixas ainda se encontracomprometida.A recente introdução da soja em rotação ao arroz trouxe ganhos ao setor produtivo, porém, a maior partedas áreas ainda apresenta fragilidades, seja quanto à eficiência global do uso da terra, ou por fatorestécnicos, econômicos e/ou ambientais. Sob este último aspecto, as terras baixas do RS são alvo decrescente preocupação; esse complexo agroecossistema tem sua principal atividade produtiva, aagropecuária, fortemente associada à emissão de gases de efeito estufa (GEE), contribuindo para oaquecimento global e as mudanças climáticas.Entre os GEE, o metano é considerado crítico, sendo as terras baixas mal drenadas e, especialmente, alavoura de arroz, duas das principais fontes antropogênicas desse gás. Reconhecendo a importância dasterras baixas do RS para a economia e segurança alimentar nacional, a presente proposta visadesenvolver e aperfeiçoar práticas de manejo (solo, água e culturas) e promover o uso de sistemasdiversificados de produção em terras baixas, visando a redução nas emissões de GEE e o aumento nosestoques de carbono do solo, como estratégias para atenuar as mudanças do clima. Nesse sentido, oprojeto contempla a identificação, caracterização e indicação de genótipos de arroz irrigado que associemelevado desempenho agronômico ao menor potencial de emissão de GEE, bem como o estabelecimentode sistemas diversificados de produção em terras baixas, privilegiando as fases de cultivos de sequeiro,contribuindo para o aumento da produtividade e sustentabilidade do sistema produtivo e para um balançode carbono mais favorável.Além da atuação no âmbito agronômico, a proposta também inclui uma importante linha de ação, queenvolve refinamento metodológico, por meio da calibração e determinação do grau de incerteza do métododa câmara estática manual, a partir da comparação das emissões de GEE obtidas por esse método e omicrometeorológico.Com as ações programadas, há a expectativa de melhorar a qualidade das estimativas de emissõesoriundas de pesquisas já realizadas e futuras. Os dados gerados possibilitarão a parametrização demodelos de simulação de emissões de gases de efeito estufa, permitindo extrapolações paraambientes/sistemas de produção com características similares às daqueles utilizados nos estudosprogramados.