A mosca branca ( Bemisia tabaci) é considerada uma das dez pragas mais invasivas de todo o mundo. Inseto generalista, alimenta-se de uma grande gama de plantas hospedeiras, entre elas, o algodoeiro, feijoeiro comum, soja e tomateiro. Por esta razão, em países de clima tropical, este inseto pode ser encontrado em áreas de cultivo durante todo o ano. O inseto constitui uma séria ameaça à segurança alimentar, principalmente para os países em desenvolvimento.
Além dos danos diretos causados pela alimentação na planta, a mosca branca é responsável pela transmissão de diversas viroses, sendo este considerado o principal dano associado ao inseto em cultivos agrícolas. O principal método de controle deste inseto e das viroses transmitidas por ele tem sido a aplicação de inseticidas. Entretanto, o uso intensivo das mesmas moléculas e, muitas vezes, não associado a outras técnicas de manejo, tem rapidamente reduzido a vida útil dos inseticidas e selecionado genótipos de mosca branca resistentes à maioria dos princípios ativos disponíveis no mercado, limitando, assim, a eficiência do controle químico.

Uma estratégia mais sustentável para o manejo de viroses transmitidas por insetos é o desenvolvimento de cultivares resistentes ou tolerantes ao inseto vetor. Um único adulto de mosca branca é capaz de carregar e transmitir diferentes espécies de vírus, o que torna o melhoramento de plantas para conferir resistência ao vetor uma ferramenta mais eficiente e de longo prazo para o manejo de viroses da cultura, em comparação com a resistência de plantas a um ou mais vírus transmitidos pela mosca branca. Este projeto tem por objetivo obter plantas geneticamente modificadas (GM) resistentes à mosca branca pelo silenciamento de genes vitais para o desenvolvimento do inseto ou para reduzir sua habilidade de transmitir vírus, mediado pelo mecanismo do RNA interferente (RNAi). Serão transformadas diferentes espécies de plantas hospedeiras do inseto, como algodoeiro, feijoeiro comum, soja e tomateiro, utilizando diferentes estratégias de resistência à praga e às viroses por ela transmitidas. Assim, espera-se obter benefícios para o ambiente, como o controle de insetos com resistência a inseticida.