A demanda global por trigo é crescente, mas as ocorrências de doenças causam grande impacto na produtividade. A FAO estima que a produção de trigo para atender a demanda da população deverá aumentar em 60% até 2050. As ferrugens do trigo são um dos principais entraves ao aumento da produção e, nos últimos anos, inúmeras epidemias têm ocorrido devido à superação de genes de resistência específica à raça. Há três patógenos causadores de ferrugem do trigo: ferrugem linear (Puccinia striiformis), da folha (P. triticina) e do colmo (P. graminis). No Reino Unido, a ferrugem linear é a mais prevalecente, ocorrendo anualmente, sendo que a ferrugem da folha está limitada a regiões mais quentes, destacando-se no Sudoeste da Inglaterra. No entanto, nos últimos anos, foi observada a ocorrência epidêmica desta doença em locais tão distantes quanto o norte e a fronteira com a Escócia. No Brasil, a ferrugem da folha é a principal doença foliar do trigo e a resistência de planta adulta (RPA) à ferrugem da folha é a principal estratégia no combate a esta doença. A resistência de planta adulta (RPA) é eficaz ao longo de grandes períodos de tempo em grandes áreas cultivadas e sob alta pressão de inóculo. Dentre os genótipos conhecidos com essa resistência, a antiga cultivar brasileira Toropi se destaca em relação à resistência de planta adulta à ferrugem da folha. Ensaios de campo no Quênia também sugerem que a RPA de Toropi também é efetiva contra a ferrugem linear e a ferrugem do colmo da raça Ug99. Análises moleculares recentes indicam que Toropi não contém genes de RPA já conhecidos, como Lr34, Lr46, Lr67 ou Lr68. Portanto, todas as evidências indicam que Toropi é uma fonte de novos genes de resistência durável do tipo RPA à ferrugem da folha. A parceria entre a Embrapa e o NIAB foi firmada em 2012 com o objetivo de identificar os genes responsáveis pela RPA à ferrugem da folha de Toropi e compreender o modo de ação desta resistência aparentemente única. Até agora, dois genes recessivos, trp-1 e trp-2, foram identificados em Toropi, que juntos explicam 71,5% da variação fenotípica da resistência à ferrugem da folha desta cultivar. Este projeto busca desvendar a genética da resistência à ferrugem da folha de Toropi, melhorando significativamente a resolução genética dos genes trp-1 e trp-2 e identificando genes de resistência adicionais provavelmente presentes nesta variedade. Além disso, o desenvolvimento de marcadores de DNA diagnósticos para a presença dos alelos de resistência trará alto impacto aos programas de melhoramento pois constituirão ferramentas poderosas na piramidação destes genes em genótipos superiores. Outro grande impacto desta proposta será o estabelecimento das bases científicas para que, futuramente, os genes de Toropi sejam isolados e clonados.