A aprovação do novo Código Florestal brasileiro estabeleceu um cenário de aumento de demanda por sementes e mudas florestais nativas para recuperação de áreas desflorestadas. Entretanto, ainda há uma lacuna no que diz respeito à disponibilização desses insumos e de tecnologias que otimizem a recuperação de biomas ameaçados. O uso indiscriminado de sementes e mudas sem qualidade genética nos reflorestamentos pode, a longo prazo, acarretar na substituição de florestas naturais por plantios pobres, o que aumenta o risco da perda de recursos genéticos valorosos.
A intenção deste projeto foi desenvolver ações para estimular a produção de sementes, com qualidade genética, de leguminosas arbóreas nativas para atendimento a projetos de restauração ambiental da Mata Atlântica.
Muitas espécies, em função da associação que apresentam com bactérias fixadoras de nitrogênio, são capazes de crescer em solos ácidos de baixa fertilidade, acelerando o processo de sucessão. Foram utilizadas neste projeto espécies de leguminosas arbóreas nativas da Mata Atlântica que cumprem diferentes funções ecológicas em projetos de restauração e com pelo menos uma das seguintes características: ameaça de extinção, valor econômico, potencial para restauração ambiental e dificuldade de obtenção de sementes.
Foi feito o mapeamento de populações naturais e a coleta de sementes em remanescentes florestais da Mata Atlântica e em unidades de conservação da região Sudeste, em área de ocorrência natural das espécies selecionadas. Todas as árvores matrizes foram registradas em um sistema de informação geográfica, a ser desenvolvido para ser usado por produtores de sementes, técnicos e pesquisadores da área florestal.
Além disso, estimulou-se a implantação de pomares de sementes multiespecíficos em três regiões bioclimáticas da Mata Atlântica, com manejo para produção futura de sementes com alta qualidade genética, abrindo caminhos para certificação de sementes de espécies florestais. Paralelamente, foram desenvolvidos protocolos de produção de mudas, reprodução vegetativa e seleção de inoculantes para essas espécies, com o objetivo de potencializar o seu uso em projetos de recuperação de áreas degradadas.