Anemia Infecciosa Equina no Pantanal brasileiro: estudos da variabilidade genética do vírus e produção de antígenos quiméricos recombinantes para diagnóstico da infecção
Anemia Infecciosa Equina no Pantanal brasileiro: estudos da variabilidade genética do vírus e produção de antígenos quiméricos recombinantes para diagnóstico da infecção
A anemia infecciosa equina (AIE) é uma doença causada por um vírus do gênero Retrovirus e família Lentivirus, o Vírusda Anemia Infecciosa Equina (EIAV, de Equine Infectious Anemia Virus). A doença é cosmopolita e acomete apenasequídeos. Quando infectado, o equídeo permanecerá portador pelo resto de sua vida, constituindo-se a fonte de infecção para a disseminação da doença. Para o diagnóstico, os órgãos oficiais no Brasil seguem recomendações da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), adotando a imunodifusão em gel de ágar (IDGA) com o antígeno p26 e ostestes de imunoadsorção enzimática (ELISA, de enzyme linked immunosorbent assay) como testes sorológicos. Técnicas moleculares, como as reações em cadeia da polimerase (PCR, de polimerase chain reaction) - cujo alvo são o genoma viral, embora sensíveis e confirmatórias quando positivas, não são adotadas pela OIE nos programas de controle da doença. No Brasil, o programa de controle da AIE é baseado no IDGA com p26 e as ações envolvem sacrifício do animal soropositivo e medidas de saneamento da propriedade. Em áreas endêmicas, como o Pantanal, os animais podem ser mantidos vivos no plantel, porém não podem transitar. Estudos recentes realizados por este grupo, em equídeos do Pantanal brasileiro, demonstram disparidade entre resultados do IDGA com p26, ELISA utilizando a gp90 recombinante e PCRs. Alguns animais apresentam resultados discrepantes entre os testes sorológicos, enquanto outros, embora sorologicamente negativos, são positivos em testes moleculares. A hipótese deste projeto é que a utilização, por décadas, do mesmo teste sorológico para o diagnóstico da AIE (IDGA com o antígeno p26), aliada à elevada taxa de mutação dos retrovírus, propiciou a seleção de novas estirpes de vírus de AIE, cuja infecção não está sendo diagnosticada pelo teste oficial, o que põe em risco o programa nacional de controle da enfermidade. Diante do exposto, o objetivo desta pesquisa é padronizar testes sorológicos mais sensíveis e específicos para o diagnóstico da AIE no Pantanal brasileiro, utilizando para isto antígenos quiméricos recombinantes produzidos a partir de estudos davariabilidade genética do agente viral nesta região. Na estratégia de gestão, serão utilizadas amostras já coletadas em projeto anterior e implementados planos de trabalho envolvendo a Embrapa Pantanal, como instituição líder, e parceiros da UNESP de Botucatu, FIOCRUZ e UFMT. Os principais resultados deste projeto de pesquisa são: (a) a padronizaçãode PCRs, utilizando primers desenhados a partir de estirpes regionais, para detecção dos genes codificantes das proteínas p26 e gp90 do vírus da AIE do Pantanal brasileiro; (b) a determinação da variabilidade das regiões codificantesdestas proteínas e sua relação com os diferentes perfis sorológicos dos animais infectados, esclarecendo a epidemiologia molecular e o desempenho de provas diagnósticas do agente nesta região; (c) a identificação de epítopose modelagem molecular in silico dos antígenos p26 e gp90 mutantes, o que permitirá determinar perfis de flexibilidadediferentes, possíveis responsáveis por resultados falso-negativos em testes diagnósticos; (d)a produção de proteínas p26 e gp90 recombinantes quiméricas, desenhadas e validadas com ferramentas virtuais de montagem e análisesbioquímicas, produzidas em sistemas heterólogos para utilização em novos testes diagnósticos; e (e) a padronização deELISAs com proteínas quiméricas recombinantes p26 e gp90 do vírus da AIE. Pretende-se que os novos testes sorológicos, com os antígenos quiméricos recombinantes, sejam capazes de detectar todos os equídeos positivos,independentemente da variedade antigênica infectante. Além disso, pelos diversos aspectos análogos, a AIE é tida como modelo experimental para a AIDS. Estudos de genética molecular podem resolver não apenas as dificuldades para odiagnóstico da AIE, mas também prover conhecimentos para a descoberta de vacinas eficazes para ambas asretroviroses.
Situação: concluído Data de Início: Tue Jan 01 00:00:00 GMT-03:00 2019 Data de Finalização: Sat Aug 31 00:00:00 GMT-03:00 2024
Unidade Lider: Embrapa Pantanal
Líder de projeto: Marcia Furlan Nogueira Tavares de Lima
Contato: marcia.furlan@embrapa.br