Um dos maiores problemas da cultura do feijão-comum (Phaseolus vulgaris L.) é a alta incidência de doenças virais transmitidas pela mosca branca (Bemisia tabaci). Essas doenças causam grandes prejuízos à produção e à remuneração dos produtores, não só pela queda na produtividade, mas também pela redução do valor comercial dos grãos devido aos danos causados.Atualmente, o manejo dessas viroses é baseado em três pilares principais: uso de linhagens resistentes, manejo cultural e uso de agrotóxicos para controlar a mosca branca, muitas vezes de forma preventiva, sem a prática do Manejo Integrado de Pragas (MIP). Contudo, o uso intensivo de agrotóxicos pode causar sérios danos ambientais, como a contaminação de mananciais e do solo, além de efeitos letais na fauna e riscos à saúde humana.Este projeto propõe soluções alinhadas a dois portfólios da Embrapa: Sanidade Vegetal e Manejo Racional de Agrotóxicos. O objetivo é enfrentar os desafios de inovação no manejo das moscas brancas e das viroses associadas no feijoeiro, além de reduzir o uso de agrotóxicos para controlar essa praga.Na primeira fase, serão desenvolvidas estratégias com base no uso de linhagens resistentes a múltiplas viroses e na compreensão da interação entre os vírus e seu vetor. Também será realizado um levantamento da ocorrência desses vírus nas principais regiões produtoras, com o objetivo de desenvolver um modelo matemático que associe a presença dos vírus a variáveis ambientais. Essas atividades contarão com a colaboração de produtores rurais associados a instituições parceiras. Além disso, será atendida a exigência da CTNBio de monitorar a cultivar de feijão transgênico resistente ao mosaico dourado após sua liberação comercial.Na segunda fase, será desenvolvido um protótipo de armadilha automatizada e sustentável, utilizando ondas sonoras e/ou eletromagnéticas para interromper o ciclo de desenvolvimento do inseto. Essa armadilha facilitará o monitoramento da população de moscas brancas, promovendo a adoção do MIP e contribuindo para o controle do inseto, reduzindo o uso de agrotóxicos.As ferramentas e estratégias desenvolvidas serão reunidas para criar uma recomendação ampla de manejo das viroses. Também será realizado um estudo socioeconômico sobre o nível de adoção do MIP nas principais regiões produtoras de feijão e os motivos para a não adoção, fundamentando as estratégias para o manejo racional de agrotóxicos.Algumas atividades propostas são a continuação de projetos da Embrapa em execução ou já encerrados, com diversos resultados preliminares em diferentes estágios de maturação. O projeto será desenvolvido em cooperação técnico-científica entre a Embrapa, Universidade Estadual de Feira de Santana, Fundação ABC e Associação de Técnicos na Área Agronômica do GTEC Brasil Central (GTEC).As soluções propostas também se alinham a iniciativas globais das quais o Brasil é signatário, como as soluções baseadas em ecossistemas naturais da Convenção da ONU de Preservação da Biodiversidade (CBD) e as ações para reduzir o uso de pesticidas de base fóssil, que aumentam a pegada de carbono na produção de grãos. Essas tecnologias promovem menor emissão de gases de efeito estufa e maior conservação da biodiversidade.