O projeto tem como objetivo ampliar a oferta de materiais genéticos de grãos adequados aos sistemas agroecológicos, orgânicos ou em transição, uma vez que há poucas variedades desenvolvidas, adaptadas ou recomendadas para esses sistemas. Essa disponibilidade reduzida é um dos principais fatores limitantes para os agricultores que desejam converter seus sistemas de produção do modelo convencional para aqueles de base ecológica e mesmo para os que já manejam suas propriedades agroecologicamente.O foco é disponibilizar variedades de milho, feijão e soja desenvolvidas e/ou adaptadas para esses agrossistemas, obtidas e/ou avaliadas a partir de estratégias participativas de melhoramento, seleção e produção, aprimorando e validando sistemas baseados em policultivos, rotações e consórcios.O fundamento que norteia o projeto é que melhoramento dos cultivos, dentro de um enfoque agroecológico, deve se dar simultaneamente à melhoria dos sistemas onde estão inseridos. Assim, as ações serão conduzidas principalmente em polos de irradiação implantados nas comunidades ou propriedades de agricultores e nas áreas experimentais da Embrapa Cerrados e Arroz e Feijão. Uma das soluções propostas é o desenvolvimento e/ou adaptação e indicação de cultivares de milho, feijão e soja adaptadas para os sistemas de produção agroecológicos, destinadas aos principais usos dos agricultores, com características desejáveis de ciclo, grãos, tolerância a pragas e doenças entre outros atributos específicos para cada espécie, definidos participativamente com os agricultores. Os materiais serão avaliados e caracterizados em condições controladas para a capacidade de associação e benefício com microrganismos promotores de crescimento, fixadores de nitrogênio ou promotores de benefícios nutricionais, fundamentais para a aquisição de nutrientes nesses ambientes. A avaliação e a seleção dos materiais serão feitas em ensaios, unidades demonstrativas e células de seleção agroecológicas, locais baseados em consórcios e rotações com espécies sinérgicas. Nas unidades, serão avaliados os materiais e os mais promissores seguirão para os ciclos de seleção nas células, onde será feito o melhoramento de milho e feijão em sistema de rotação e consórcio. Essa estratégia possibilita a seleção de diferentes variedades de espécies distintas em um mesmo ano agrícola. Outra solução é o aprimoramento de sistemas de produção agroecológicos baseados em policultivos, rotações e consórcios. Os melhores materiais serão inseridos em corredores agroecológicos, para a produção de sementes e alimentos. O funcionamento desse sistema já foi parcialmente elucidado e a estrutura ajustada em dois locais no projeto anterior (Agrobio II) – Catalão e Silvânia (GO). A estratégia será difundida para pelo menos mais dois polos de irradiação, sendo que a complexidade e a diversificação de espécies poderão ser ajustadas dependendo das condições locais. Nesses espaços, serão determinadas as produtividades dos cultivos, qualidade do solo, incidência de pragas, doenças e invasoras e aspectos socioeconômicos e ambientais, priorizando análises participativas de avaliação do desempenho. Com uso de materiais genéticos apropriados, selecionados e avaliados participativamente, em condições locais e em ambientes agroecológicos, a exploração da diversidade intra e interespecífica, da otimização de consórcios e rotações e da aplicação dos fundamentos do manejo ecológico dos ambientes, pretende-se que os agrossistemas evoluam para agroecossistemas produtivos e equilibrados, com bom desempenho econômico e ambiental.