Os insetos sugadores hemípteros (percevejos, barbeiros, cigarrinhas, pulgões, mosca-branca, entre outros) causam grandes prejuízos a diversos cultivos no Brasil. Um exemplo disso é o percevejo marrom-da-soja, cujos adultos e ninfas sugam as vagens da soja, danificando os grãos. Esses danos são irreversíveis quando há alta densidade populacional. Ao atacar as vagens, o percevejo afeta diretamente a produtividade e a qualidade final do produto.Outro exemplo é a mosca-branca que provoca danos tanto diretos quanto indiretos. Os danos diretos incluem a sucção da seiva, a injeção de toxinas e a indução de distúrbios fisiológicos. Já os danos indiretos ocorrem pela excreção de uma substância açucarada que favorece o crescimento de fungos saprofíticos nas folhas, além de transmitir mais de 300 espécies de vírus. Essa espécie de inseto é altamente adaptável, com mais de 600 plantas hospedeiras, e tem causado danos significativos em mais de 40 cultivos no Brasil.Para manejar essas pragas, a pulverização com inseticidas químicos tem sido a estratégia mais comum. No entanto, o controle baseado exclusivamente em inseticidas não tem sido eficiente. Para evitar o agravamento dessa situação, é necessário implementar táticas seletivas de controle. Nesse contexto, o uso de produtos biológicos surge como uma ferramenta importante, oferecendo uma alternativa às limitadas estratégias de controle disponíveis.As cepas de fungos estudadas neste projeto já demonstraram ser promissoras no controle de pragas. A cepa de Metarhizium anisopliae BRM 23335, por exemplo, é capaz de causar uma enfermidade contagiosa em populações de percevejos, infectando todas as fases de desenvolvimento, como ovos, ninfas e adultos. Já a cepa de Cordyceps javanica BRM 27715 também é eficiente no controle da mosca-branca.No projeto, os fungos produzidos e formulados pela Excellence serão avaliados quanto à sua virulência contra diversos insetos-praga. Serão estudadas a suscetibilidade de adultos, que tenham ou não um período de dormência espontânea, e até após esse período. Além disso, serão realizados testes misturando o fungo com doses subletais de inseticidas para o controle de ninfas e adultos do percevejo, tanto em condições controladas quanto em campo. A virulência do fungo no percevejo marrom também será avaliada pela sua capacidade de viver sistematicamente no interior das plantas de soja.Para C. javanica BRM 27715, será avaliada a eficiência do produto formulado sobre ninfas da mosca-branca no campo, bem como a sua eficácia de controle através da capacidade de habitar o interior de plantas de soja em ensaios realizados em ambiente controlado. A virulência desses bioinseticidas contra outras pragas, como tripes, bicudo-do-algodoeiro e cigarrinha-do-milho, também será estudada, o que pode levar a novos alvos para o uso desses fungos.Para o registro dos produtos, os experimentos de campo de eficiência agronômica dos inseticidas formulados a base de fungos serão conduzidos pela Excellence, seguindo as normas do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).Como resultados do projeto, espera-se desenvolver dois produtos biológicos: um para o controle do percevejo marrom-da-soja, e outro para o controle de mosca-branca. Esses produtos serão alternativas promissoras para reduzir o uso de inseticidas químicos no controle dessas pragas, o que traz benefícios ecológicos, econômicos e sociais, além de diminuir os resíduos nos alimentos.